segunda-feira, 23 de dezembro
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Uma tentação incomum para cristãos solteiros

Somos salvos para seguir pelo mundo — solteiros ou casados — com vistas à glória de nosso Jesus, para torná-lo conhecido como o nosso Senhor, Salvador e maior tesouro. A redenção é um resgate que salva a vida, mas também envolve uma profunda revisão de existência e propósito. A conversão é sobre comissão, e não apenas sobre salvação, porque não fomos salvos apenas para ser salvos; fomos salvos para ser enviados.

Jesus tem uma missão clara e urgente para todo cristão, inclusive solteiros

Chamamos isso de Grande Comissão, devido à sua autoridade, à sua clareza e à sua urgência. Para nós, a missão é bastante clara: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”. Nunca houve mais que isso em jogo.

No entanto, os trabalhadores são poucos. Por quê?

  • Porque tratamos a maravilhosa autoridade de Jesus Cristo como se fosse a autoridade de um professor de educação física do ensino médio ou de um segurança do corredor de um shopping.
  • Tratamos as boas-novas do evangelho, que salvam a vida e moldam os destinos como se fossem meras sugestões para uma vida mais saudável e bem-sucedida.
  • Porque pegamos a simples instrução de ensinar ao próximo aquilo que Jesus diz ee a mudamos para algo como sermos bons vizinhos, bons funcionários e, se Deus permitir, no futuro, bons cônjuges e bons pais.

Como disse David Platt: “Vivemos vidas decentes em lares decentes, com trabalhos decentes e famílias decentes, como cidadãos decentes”.[1]

Despimos o evangelho e a Bíblia de sua autoridade, de sua clareza e de sua urgência, a fim de acomodar nossos sonhos e nossas prioridades confortáveis e pequenas, e adiamos nos tornar mais sérios em relação ao cristianismo para o momento de nos casarmos e começarmos uma família.

Em vez de seguir Jesus, tentamos nos amoldamos. Delegamos a missão às pessoas que estão no ministério cristão em tempo integral e procuramos um tempo livre para realizar algum projeto de serviço em nome de Jesus.

Satanás e perigos singulares aos solteiros

Na realização dessa obra, nós temos um inimigo. Satanás, no mundo e pelo mundo à nossa volta, faz todo o possível para desviar nosso foco e evitar que cumpramos o propósito pelo qual Deus nos salvou e para o qual nos enviou, convencendo-nos a desperdiçar nossa vida com coisas insignificantes.

Você precisa saber que existem alguns perigos singulares na condição de estar solteiro — especialmente quando essa condição não é desejada.

  • Satanás ama enganar e desencorajar as pessoas solteiras na igreja, desviando nossa dedicação e nosso ministério.
  • Satanás nos convence de que não temos dons, ou de que nossos dons não podem ser usados para o ministério.
  • Satanás nos isola das pessoas que estão ao nosso redor — aqueles que nos podem encorajar e desafiar em nosso caminhar com Cristo e aqueles que necessitam de nós em suas vidas.
  • Satanás nos distrai, persuadindo-nos a nos afundar nos estudos, no trabalho ou na diversão.

Você não precisa esperar

Mas Deus tem por objetivo usar você, sua fé, seu tempo e sua condição de solteiro de forma radical agora mesmo, do jeito que você está. Você não precisa esperar para realizar o trabalho mais importante que fará em sua vida.

Paulo — um homem que não era casado e escreveu a maior parte do Novo Testamento — escreve:

E isto vos digo como concessão e não por mandamento. Quero que todos os homens sejam tais como também eu sou; no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio dom; um, na verdade, de um modo; outro, de outro. E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também eu vivo. (1Co 7.6-8)

Podemos sair da leitura de 1 Coríntios 7 com duas categorias em mente: aqueles que vão viver, servir e morrer na condição de solteiros e aqueles que devem casar. Paulo exalta a condição de solteiro, fazendo uma lista dos benefícios espirituais de não se ter um cônjuge. A vida de solteiro pode ser (relativamente) livre das ansiedades envolvidas nas relações (v. 32) e distrações mundanas (v. 33), voltada à adoração, à dedicação e ao ministério (v. 35). Assim, conclui Paulo, ignore essa cerimônia, literalmente, e aproveite “sua plena consagração ao Senhor”.

Mas eu quero casar!

A maioria de nós vai dizer: “Que bom para você, Paulo… mas eu vou casar”. Eu disse.

  • Talvez a tentação seja grande demais, e precisemos de um modo de atender a esse anseio honrando a Deus (v. 2).
  • Talvez seja abundantemente claro que precisamos de uma auxiliadora para cumprir o chamado de Deus em nossas vidas (ou está abundantemente claro para os outros que devemos agir assim).
  • Talvez queiramos ter filhos e, então, concluímos que precisamos de ajuda a esse respeito.
  • Talvez seja apenas um desejo profundo e inegável de contar com a companhia amorosa e comprometida de alguém.

Embora, aparentemente, sejam duas categorias, aprendemos depressa que, de fato, existem três:

  1. o solteiro,
  2. o casado e
  3. o que ainda não casou.

Afinal de contas, como qualquer pessoa solteira sabe, desejar casar não faz o casamento acontecer. Algumas pessoas não percebem nenhum chamado perceptível para ficar solteiras, mas ainda estão solteiras.

Esses homens e mulheres que ainda não casaram enfrentam seus próprios questionamentos singulares, desafios e tentações. Satanás mantém-se à espreita, à nossa espera, tentando nos desanimar e nos fazer sentir imaturos ou incompletos — como se fôssemos cristãos de segunda categoria.

Mas, se Jesus Cristo morreu para salvar você e enviou seu Espírito para habitar em você, não existe nada em você que pertença a uma categoria inferior. Nada no casamento é necessário para uma vida cristã frutífera e significativa. De outro modo, Paulo e Jesus teriam se dado mal.

Um oportunidade singular

Talvez a maior tentação na condição de solteiro seja presumir que o casamento vai suprir nossas carências, resolver nossas fraquezas, organizar nossas vidas e dar vazão aos nossos dons.

Longe de ser a solução, Paulo faz do casamento uma espécie de problemático Plano B para a vida e o ministério cristão. Se for preciso, case-se, mas esteja atento ao fato de que seguir Jesus não será mais fácil quando você se unir a outro(a) pecador(a) dentro de um mundo caído.

Embora o casamento possa trazer alegria, ajuda e alívio em certas áreas, multiplica, de imediato, nossas distrações, porque nos tornamos responsáveis por outra pessoa, por suas necessidades, por seus sonhos e por seu desenvolvimento. É um chamado elevado e bom, mas exige muito e nos impedirá de fazer muitas outras boas coisas.

Se Deus conduzir você ao casamento, talvez nunca mais viva um tempo como este, no qual se encontra neste exato instante. A fase da solteirice não é uma prévia do casamento. Tem o potencial de ser um período singular de dedicação completa a Cristo, um ministério sem distrações, voltado ao próximo.

Com o Espírito em você e uma agenda livre, Deus lhe proporcionou os meios para fazer diferença duradoura em seu reino. Você está todo produzido, tem todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais (Ef 1.3) e, literalmente, pode ir a todos os lugares.

Artigo adaptado do livro Ainda Não Casei: O plano de Deus para solteiros e namorados, de Marshall Segal, pela Editora Fiel.

[1] David Platt, Radical: Taking Back Your Faith from the American Dream (Colorado Springs: Multnomah, 2010), 105 [em português: Radical: Um Cristianismo Impotente (Rio de Janeiro: Luz das Nações, 2015)].


Autor: Marshall Segal

Marshall Segal é assistente executivo de John Piper, graduado no Bethlehem College & Seminary em Minneapolis.

Parceiro: Desiring God

Desiring God
Ministério de ensino de John Piper que, há mais de 30 anos, supre ao corpo de Cristo com livros, sermões, artigos.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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