quinta-feira, 2 de maio

Você precisa nascer de novo para pertencer à igreja

Se você está confuso com o conceito de nascimento espiritual, você não é o primeiro. Na verdade, o nascimento espiritual espantou um dos primeiros seguidores de Jesus e levou a uma das conversas mais conhecidas do Novo Testamento. O nome do seguidor era Nicodemos, e você pode ler sobre ele em João 3. Ele pertencia aos fariseus, um grupo de judeus especialmente zelosos que muitas vezes entraram em conflito com Jesus por causa da interpretação da lei. Nicodemos, então, não se sentiu confortável em se aproximar de Jesus à luz do dia, por medo de ser visto com o inimigo. Mas ele não podia negar o que vira em Jesus. Era óbvio que Jesus não teria sido capaz de realizar milagres, como transformar água em vinho no casamento de Caná, a menos que viesse de Deus. No entanto, Nicodemos sequer chegou a fazer uma pergunta quando Jesus lançou esta bomba sobre ele: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” ( Jo 3.3).

Como assim? Nicodemos fez a pergunta óbvia em seguida: Como isso é possível? Depois de sair de sua mãe, você não pode voltar a entrar. Jesus não esclareceu muito em sua resposta: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” ( Jo 3.5).

Essa é a chave para nossas perguntas neste capítulo: Quem pode visitar o prédio de uma igreja para um culto de adoração? A resposta é: qualquer um! Mas quem pode pertencer à família espiritual chamada igreja? Somente aqueles que entraram no reino de Deus. Apenas aqueles que nasceram da água e do Espírito, de acordo com Jesus; isto é, apenas aqueles que nasceram de novo e foram batizados. Como isso acontece? Jesus explicou ao confuso Nicodemos: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” ( Jo 3.16).

Nicodemos esperava que só fosse possível entrar no reino de Deus observando a lei de Deus e suas extensas estipulações sobre trabalho e descanso, comida pura e impura e os vários sacrifícios de animais. Jesus resumiu a lei de uma forma revolucionária e simples: creia em mim, e eu darei a minha vida por você.

Jesus prossegue explicando que sua eventual morte na cruz, que parecia ser sua derrota, era na verdade o plano de Deus para satisfazer a justiça e perdoar o pecado. E ele provou isso em sua ressurreição dos mortos. Todos os que depositam sua fé em Jesus irão segui-lo após a morte para o céu. Quando este mundo acabar, seus corpos ressuscitarão, e eles desfrutarão da eternidade conforme Jesus governa no reino de Deus. Todos os que creem em Jesus serão salvos do julgamento de Deus sobre o pecado. Mas aqueles que o negam sofrerão o castigo eterno pela desobediência ( Jo 3.36).

Mais tarde, o apóstolo Paulo diz desta forma: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Rm 10.9).

Na primeira vez que nascemos, herdamos o pecado de nossos pais, que vem desde a rebelião original de Adão e Eva (Gn 3). É por isso que devemos nascer de novo, para não morrermos sem esperança. Precisamos ser salvos das consequências do pecado, que são a morte eterna e a separação de Deus, nosso Criador. Mas assim como não pedimos para nascer da primeira vez, somente nosso Criador pode nos fazer nascer de novo. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3).

Portanto, a fé para crer em Jesus é um dom de Deus (Ef 2.8). E é um dom que Deus tem o prazer de dar a quem o pede. Ele vem para todos que se arrependem ou abandonam seus pecados e depositam toda sua fé em nada e em ninguém senão Jesus Cristo. Quando os apóstolos viram esse dom de arrependimento concedido aos gentios e não apenas aos judeus, eles glorificaram a Deus (At 11.18). Seguir a Deus significa abandonar todos os outros. Quando nascemos de novo, pertencemos inteiramente a ele. Redescobrir a igreja é perceber ou lembrar por que, antes de mais nada, nos reunimos. Nós nos reunimos para adorar a Deus — Pai, Filho e Espírito Santo —, que nos salvou do pecado e da morte. É isso que cantamos. É isso que ensinamos. É isso que observamos no batismo e na ceia do Senhor.

Sem conversão, sem nascer de novo, não há igreja para redescobrir. Se Jesus não morreu por nossos pecados nem ressuscitou no terceiro dia, não há mais esperança a ser encontrada dentro da igreja do que fora dela.

Artigo adaptado do livro Igreja É Essencial, de Collin Hansen e Jonathan Leeman, publicado pela Editora Fiel.


Autor: Collin Hansen

Editor associado da revista Christianity Today, Collin Hansen atua como diretor editorial do The Gospel Coalition e é autor de “Young, Restless, Reformed: A Journalist’s Journey with the New Calvinists” é co-autor com John Woodbridge de “A God-Sized Vision: Revival Stories That Stretch and Stir”.

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A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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