quinta-feira, 12 de dezembro
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O poder pastoral da doutrina da conversão

Uma doutrina apropriada da conversão lhe dará poder pastoral.

Ilustração pessoal

Permitam-me começar com uma ilustração. Certa vez confessei um desejo errado para um amigo meu e expliquei, frustrantemente, que minha teologia sabia que este desejo estava errado, mas parte de mim estava tentado o justificar porque eu senti um “emaranhado dentro da fábrica da minha própria pessoa” e “parte da fiação da minha própria alma”. Aquelas foram as palavras que usei para explicar o quanto eu possuía aquele desejo em mim.

Meu amigo, de forma doce, simplesmente citoua Efésios 4 para mim: “vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano”. E ele enfatizou “seu velho homem” dessa forma: “Sim, é verdade que tais desejos podem estar emaranhados ou enrolados em minha pessoa. Seu velho homem é corrupto. O que você esperava, Jonathan? Aqueles desejos, em certo sentido, são o que sou”.

Bem, mas haviam boas novas logo à frente. Meu amigo terminou a passagem: “mas ‘vos renoveis no espírito do vosso entendimento… e vos revistais do novo homem criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade’”. Espere um pouco, eu tenho um novo homem, não é mesmo? Há um velho eu, mas também há um novo eu. E esse novo eu está sendo criado… esperem, entendam isso… de acordo com a semelhança de Deus.

Em resumo, meu amigo lembrou-me da minha conversão com poucas palavras escolhidas das Escrituras. E onde meu humor estava melancólico naquele dia, cheio pela frustração de esperar algo que não poderia ter, seu lembrete restaurou minha alegria. Deu-me esperança.

Dois lugares de poder pastoral

Vocês percebem como há poder pastoral em um entendimento apropriado da conversão, nas realidades e promessas de uma nova criação de vida?

1.Dá a habilidade de encorajar e animar seus irmãos e irmãs em Cristo que estão presos pelo pecado.

Talvez seja um vício. Talvez seja um sentimento de ódio por outro irmão ou irmã na igreja. Talvez seja um sentimento indetectável de desespero. Não importa. Em muitos desses casos, o pecado – mentiroso como é – finge ser inevitável. Ele veste a máscara de “real”, ou “autêntico”, ou “simplesmente como eu me sinto”, ou “natural”, ou mesmo “justo”. Mas uma doutrina correta da conversão expõe a mentira em toda postura como essa. “Sim, seus sentimentos podem ser naturais, mas não, você não está preso a isso, porque o cristianismo é sobrenatural. Você está livre”.

Pessoas se sentem determinadas pelos seus pecados. A doutrina cristã da conversão ajuda cristãos a saberem que eles não estão. Mesmo quando a luta é longa e a cada dois passos em frente parecem ser seguidos de um para trás (ou mais!), o poder da mudança vem do reconhecimento do que Cristo realizou em fazer uma pessoa nova.

2. Dá a habilidade de assegurar cristãos do seu novo e diferente tipo de vida

O cristianismo dá a vida do Filho, o qual estamos sendo refeitos segundo sua imagem. É uma vida de santidade, amor e unidade com o povo de Deus. É uma vida de sofrimento, mas também de conhecer a esperança e o poder da ressurreição em meio tal sofrimento.

E há essa coisa maravilhosa. Tais seguranças pertencem não somente ao chamados imperativos do Novo Testamento: “Vão e sejam santos e unidos uns com os outros”. Elas pertencem aos indicativos: “Isso é o que você é. Há um novo eu e esse novo eu é um com os santos e é santo como o Filho.

O plano de fundo cultural

Agora, há um plano de fundo cultural para tudo isso que é digno de ser reconhecido. Nossa cultura romantizada favorece o real, o natural, o autêntico. Autodescobrimento e auto-expressão são nossos grandes atos morais. E essas atitudes têm se infiltrado nas igrejas e remodelado nossas ideias acerca de conversão, membresia e nossa nova identidade em Cristo. Todos nós estamos apenas em busca de algo, pastores dirão. Estamos todos em nossa jornada. Isso significa que você dá um passo, então dá outro e então outro.

Porém, o que está faltando da lógica dessa metáfora pastoral popular é a ideia de um rompimento decisivo com o passado – um resgate do domínio das trevas, uma morte e ressurreição. Uma jornada de descobrimento é um tipo de coisa vastamente diferente de um sepultamento e ressurreição, um antigo eu e um novo eu.

Reconhecidamente, jornadas nos mudam. Evoluímos através das jornadas. E verdade seja dita, crescimento espiritual podem parecer menos com casulos e borboletas e mais como um mapa de progresso espiritual. Meu ponto não é dizer que tal linguagem não tem pontos de conectividade espiritual, mas não devemos esquecer que o novo testamento ensina sobre o poder do eschaton adentrando na história agora. A nova criação é agora. Isso é conversão.

Frente a frente com o alcoólico

Então aqui está você, frente a frente com o alcoólico, a vítima de infidelidade conjugal, o diácono com mal temperamento que está causando divisão na igreja, o casal de jovens que não suporta cantar hinos. Qual sua tarefa? É lembrá-los que eles são cristãos.

Talvez você os ajude a voltar ao batismo, como Paulo faz em Romanos 6. Eles foram sepultados e ressuscitados – uau! Eles realmente querem continuar pecando, ou procurar por liberdade, ou procurar por poder para perdoar, ou continuar insistindo em seu próprio caminho, do mesmo jeito que o mundo faz? Como eles podem? Eles morreram para o pecado e foram ressuscitados em novidade de vida com Cristo.

Sua tarefa pastoral, de uma forma ou de outra, é encontrar palavras e fazer perguntas que capacitem o santo-ainda-pecador a entender o que significa ser… agora entenda isso… um cristão nascido de novo.

Ponto de partida: pregue, ensine, cante, louve a Deus em oração e aconselhe uma doutrina apropriada da conversão. Há um poder subestimado aí. Quanto mais seu povo entender isso, mais poder pastoral você terá para os pastorear. Não somente isso, eles possuirão tal poder de persuadir e equipar uns aos outros.

 

Tradução: Matheus Fernandes
Revisão: Yago Martins


Autor: Jonathan Leeman

Jonathan Leeman é graduado em Jornalismo, possui mestrado em Divindade pelo Southern Baptist Seminary (EUA) e Ph.D. em Eclesiologia. É diretor de comunicação do Ministério 9Marks.

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