quinta-feira, 21 de novembro
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Cristãos não devem assistir a um casamento homossexual

Por que um cristão poderia se recusar a assistir, ajudar ou participar de uma cerimônia de casamento entre pessoas do mesmo sexo? Para simplificar, vamos supor que esta é uma discussão entre cristãos tradicionais que creem — como a igreja sempre acreditou e como a maioria da igreja no mundo ainda acredita — que o comportamento homossexual é pecaminoso e que o casamento é uma união pactual e conjugal entre um homem e uma mulher.

Com esse comentário de esclarecimento, podemos abordar a questão diretamente: Por que um cristão poderia sentir o dever de consciência de não assistir ou participar de um casamento gay? Não é por causa de fanatismo, medo ou porque não sabemos que Jesus esteve com pecadores que nos leva a essa conclusão. É por causa do nosso desejo de ser obedientes a Cristo e por causa da natureza do evento do casamento em si.

Uma cerimônia de casamento, na tradição cristã, é antes de tudo um culto de adoração. Portanto, se a união que se celebra no culto não pode ser biblicamente sancionada como um ato de adoração, cremos que o culto dá credibilidade a uma mentira. Não podemos, em boa consciência, participar de um culto falso. Eu entendo que não soa muito agradável, mas a conclusão segue a premissa, a saber, que o “casamento” que está sendo celebrado não é de fato um casamento e não deve ser celebrado.

Além disso, há muito tempo existe um entendimento de que os presentes em uma cerimônia de casamento não são apenas observadores ocasionais, mas testemunhas que estão concedendo a sua aprovação e apoio aos votos que devem ser feitos. É por isso que a linguagem tradicional fala sobre se reunir “aqui, diante de Deus, e diante desta congregação”. É por isso que um dos modelos de casamento na Igreja Presbiteriana na América ainda tem o ministro dizendo:

Se qualquer homem pode mostrar justa causa pela qual eles não podem se casar licitamente, que o declare agora, ou então cale-se para sempre.

Muito explicitamente, o casamento não é uma festa para amigos e familiares. Não é uma mera formalidade cerimonial. É um evento divino no qual aqueles reunidos celebram e honram a “celebração do matrimônio”.

É por isso que — embora eu queira construir vínculos com uma amiga lésbica ou garantir a um membro da família que seja gay que eu me importo com ele e quero ter um relacionamento com ele — eu não participaria de uma cerimônia de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Eu não posso ajudar com o meu bolo, com minhas flores, ou com a minha presença a tornar solene aquilo que não é santo.

Ao assumir essa posição, muitas vezes eu ouvi coisas como esta em resposta:

Mas Jesus convivia com pecadores. Ele não estava preocupado em ser contaminado pelo mundo. Ele não queria afastar as pessoas do amor de Deus. Ele estava sempre abrindo as portas da misericórdia de Deus. Ele nos diria: “Se alguém lhe obriga a assar um bolo, asse dois para ele”.

Ok, vamos pensar nessas objeções. Desejo, na verdade, refletir por frases, e não apenas com frases de efeito e sentimentalismo vago.

Jesus convivia com pecadores. Verdade, mais ou menos (depende do que você entende por “convivia”). Mas Jesus cria que o casamento era entre um homem e uma mulher (Mateus 19.3-9). O exemplo de Cristo nos evangelhos nos ensina que não devemos ter medo de passar tempo com pecadores. Se um casal gay de vizinhos convida você para jantar, não os ignore.

Ele não estava preocupado em ser contaminado pelo mundo. Essa não é a questão aqui. Isso não é sobre piolhos ou germes de pecado. Nós mesmos temos muitos deles.

Ele não queria afastar as pessoas do amor de Deus. Mas Jesus fez isso o tempo todo. Ele agiu de maneiras que poderiam ser involuntariamente, e com mais frequência deliberadamente, antagônicas (Mateus 7.6, 13-27; 11.20-24; 13.10-17; 19.16-30). Jesus afastava as pessoas o tempo todo. Isso não é desculpa para que sejamos imprudentes ?e indelicados. Mas isso deveria nos fazer abandonar a noção não-bíblica que diz que se alguém se sente magoado por suas palavras ou não amado por suas ações, você consequentemente foi insensata e pecaminosamente desamoroso.

Ele estava sempre abrindo as portas da misericórdia de Deus. Amém. Continuemos pregando Cristo e pregando como Ele fez: convocando todas as pessoas a se arrependerem e crerem no evangelho (Marcos 1.15).

Se alguém lhe obriga a assar um bolo, asse dois para ele. Sem dúvida, esse é um princípio verdadeiro e belo sobre como os cristãos, quando injuriados, não devem revidar. Mas dificilmente isso pode significar que fazemos o que as pessoas exigem, não importa os nossos direitos (Atos 4.18-20; 16.35-40; 22.22-29) e não importa o que seja certo diante de Deus.

Um casamento não é um convite para jantar, uma festa de formatura ou uma comemoração pela aposentadoria. Mesmo em um ambiente completamente secular, ainda permanece um significado — e, às vezes, os convites de casamento o expressam — de que nossa presença no evento honraria o casal e seu casamento. Seria difícil, se não impossível, assistir a um casamento (muito menos ajudar ou fornecer a comida principal), sem que a sua presença comunique celebração e apoio ao que está acontecendo. E por mais doloroso que seja para nós e para aqueles que amamos, celebrar e apoiar uniões homossexuais não é algo que Deus ou sua Palavra nos permitirá fazer.

 

Tradução: Camila Rebeca Teixeira
Revisão: André Aloísio Oliveira da Silva
Original: Should I Attend a Homosexual Wedding?


Autor: Kevin DeYoung

kevin DeYoung é o pastor principal da University Reformed Church, em East Lansing (Michigan). Obteve sua graduação pelo Hope College e seu mestrado em teologia pelo Gordon-Conwell Teological Seminary. É preletor em conferências teológicas e mantém um blog na página do ministério ­ The Gospel Coalition.

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