quinta-feira, 19 de dezembro
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Pregue a bíblia inteira

O texto abaixo foi extraído do livro Igreja em Lugares Difíceis, Mez McConnell e Mike McKinley, da Editora Fiel.

De certa maneira, o que estamos dizendo vai contra uma abordagem popular de ensino da Palavra de Deus a pessoas com pouca educação ou conteúdo bíblico. Essa abordagem busca engajar as pessoas no fluxo narrativo da Bíblia, usando as histórias nas Escrituras para engajar a imaginação do ouvinte e modificar a compreensão que da história na qual ele vive. O raciocínio é que as pessoas são naturalmente cativadas por histórias e, sendo assim, a melhor forma de explicar a mensagem da Bíblia é contando histórias curtas que formam a história completa da criação, da queda, da redenção e da consumação. Acredita-se que esse método é particularmente útil para pessoas não acostumadas a sentarem em silêncio e a ouvirem sermões didáticos com várias proposições.

Quando a abordagem é bem-feita, pode ser uma ferramenta poderosa para partilhar o evangelho e deixar clara a necessidade que as pessoas têm de colocar a fé em Cristo. Quando é malfeita (como normalmente é), edita a mensagem bíblica e acaba obscurecendo todo o evangelho e o seu poder. Mas algo que o “contar o evangelho através de histórias” é incapaz de ser (e, sinceramente, seus proponentes mais responsáveis não buscam que seja) é um substituto para a mensagem completa da Bíblia. A Palavra de Deus não é nada mais que uma história, embora não seja meramente uma história.

Deus escolheu revelar-se através de diferentes formas literárias. A Bíblia contém, sim, várias histórias, mas também apresenta leis, sermões, cartas, genealogias, poemas, provérbios, reflexões filosóficas, profecias e literatura apocalíptica. Se você deseja ministrar a comunidades carentes, precisará decidir se acha que elas precisam conhecer a Bíblia toda ou apenas as histórias. Será que as pessoas que vivem nos abrigos da minha comunidade precisam dos Salmos? Será que os filhos de imigrantes na escola local precisam do livro de Eclesiastes? Será que os detentos da prisão local precisam conhecer o conteúdo de 1 Pedro? Sabemos qual seria a resposta do apóstolo Paulo, pois ele defendeu seu ministério em Éfeso dizendo: “Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (Atos 20.26,27).

Se você é uma pessoa educada, precisa ter o cuidado de não presumir que uma pessoa iletrada é tola demais para compreender a Bíblia. Na minha experiência, a falta de educação normalmente tem menos a ver com inteligência do que com fatores do meio, uma falta genuína de oportunidades e escolhas pessoais (ruins). Mas a Bíblia não foi escrita para a faculdade de Harvard; foi escrita para as “humildes do mundo, e as desprezadas” (1 Coríntios 1.28). Enquanto devemos certamente usar de sabedoria sobre como ensinamos a Bíblia inteira (provavelmente é muito melhor começar com um Evangelho do que com o livro de Levítico), precisamos do compromisso de ensinar a mensagem completa das Escrituras (incluindo Levítico). Não podemos editar ou selecionar a Bíblia ensinando apenas as partes que nós achamos úteis para as pessoas pobres.

Pregue bem a Bíblia inteira
As pessoas promovem vários modelos de comunicação da Bíblia. Alguns advogam a ideia de engajar a congregação num diálogo ou em contar narrativas que comunicam uma ideia. Mas estou convencido de que a dieta bíblica da igreja deve ser a Palavra de Deus proclamada pelo pregador. Vivemos num mundo onde a autoridade encontra-se desacreditada e denegrida; num mundo onde o que o pecador mais precisa não é de um bate-papo amigável entre pessoas, mas de uma declaração da verdade de Deus em monólogo.

Certamente deve haver oportunidades para diálogo e perguntas e o partilhar de perspectivas na vida geral da igreja. Ainda assim, devemos reconhecer que a pregação reflete a forma como Deus normalmente fala com o seu povo. Moisés declarou a Lei de Deus aos israelitas. Os profetas do Antigo Testamento declararam: “Assim diz o Senhor”. Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo”. Pedro estava no pórtico de Salomão e confrontou seus ouvintes com as exigências de Deus. Em nenhum desses lugares você vê Deus pedindo por um diálogo com o seu povo. As pessoas são chamadas a louvar a Deus em resposta à sua Palavra e a obedecer a sua Palavra, mas não são chamados a acrescentar algo à Palavra de Deus ou a oferecer sua perspectiva pessoal acerca da sua Palavra, como se essa perspectiva tivesse alguma autoridade em si.

Quando um pregador se coloca para pregar, fala com a autoridade de Deus na medida em que expõe, explica e aplica a Bíblia fielmente. Não porque ele mesmo seja inerrante ou tenha autoridade, mas porque a Bíblia é e tem. Enquanto o pregador declara precisamente a Palavra de Deus, suas palavras são as palavras de Deus, e as pessoas deveriam fechar a boca e prestar atenção. Ele não precisa ser constrangido com aquela autoridade ou evitá-la, uma vez que esta é a forma de Deus comunicar e dar vida às pessoas. É possível que pessoas se sintam ofendidas e achem que a proclamação unilateral da Palavra de Deus é um sinal de arrogância, mas é exatamente o contrário: ouvir Deus requer humildade. O Espírito Santo falará de forma que o povo de Deus ouvirá sua voz na pregação da sua Palavra ( João 18.37).

Observe a seriedade do apóstolo Paulo quando ele comissiona Timóteo a pregar a Palavra de Deus: Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas (2 Timóteo 4.1–4).

Paulo ordena que Timóteo “pregue” à luz da volta iminente de Cristo e do destino eterno dos ouvintes de Timóteo. O imperativo grego que Paulo usa dá o sentido de um arauto proclamando a vontade de seu soberano. Não se trata de uma sugestão, mas de uma declaração do que Deus fez. Acrescente à pregação a ordem para reprovar, repreender e exortar, e você terá o retrato de uma atividade que não tem o objetivo de incluir os pensamentos e comentários dos outros.


Autor: Mez McConnell

É pastor sênior da Niddrie Community Church, Edimburgo, Escócia. É fundador do 20schemes, um ministério voltado para plantação de igrejas nos lugares mais difíceis da Escócia. Desde 1999, McConnell tem se envolvido com o ministério pastoral, tanto em plantação quanto revitalização.

Parceiro: 20schemes

20schemes
20schemes existe para edificar igrejas saudáveis centradas no evangelho para as comunidades mais pobres da Escócia.

Ministério: Ministério Fiel

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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