A Igreja de Cristo Jesus é a união daqueles redimidos pelo seu sangue. Saber biblicamente sobre o que é a Igreja e qual sua missão é essencial à vida do crente, o qual deve sempre nela viver e servir. Para isso, separamos 10 versículos-chave sobre o ensino da Bíblia com comentários adaptados da nossa Bíblia de Estudo da Fé Reformada com Concordância.
Atos 2.42–47
E a perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.
Esse é o primeiro de vários resumos – “na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” – inseridos entre relatos de acontecimentos decisivos, resumos que descrevem a vida da Igreja primitiva (ver 4.32-35; 6.7; 12.24; 13.49; 19.20). Essa visão inicial das atividades às quais os crentes se dedicavam fervorosamente resume as características da vida coletiva da Igreja e os elementos essenciais e necessários ao discipulado cristão. São elementos que os apóstolos aprenderam com Jesus: o ensino a respeito de sua pessoa e sua obra (Mt 16.18, 19; Lc 24.46), a responsabilidade dos cristãos como seguidores do Senhor (Mt 5-7), a comunhão de Cristo com os discípulos (Jo 13), a Ceia do Senhor (o partir do pão; Mt 26.17-30) e sua vida de oração por e com os discípulos (Mt 6.5-13; Lc 11.1-3; Jo 17). Aqui, “comunhão” refere-se especificamente à prática de compartilhar recursos materiais com os necessitados, visto que a palavra grega koinōnia ecoa no v. 44: “Tinham tudo em comum”. O “partir do pão” poderia referir-se ao fato de eles compartilharem refeições (v. 46), mas, nesse contexto, refere-se à Ceia do Senhor (20.7; Lc 22.19; 24.30, 35).
“Todos os que creram estavam juntos” demonstra a unidade do Espírito, a qual Paulo preconiza mais tarde. tinham tudo em comum. Sobre a conexão dessa frase com “comunhão”, ver nota no v. 42. Como é esclarecido pelo v. 45, por um resumo posterior (4.32-35) e por seu contexto (4.36–5.11), a Igreja primitiva não praticava um obrigatório comunalismo de propriedade (como o que era exigido dos membros plenos da seita de Qumran). Aqueles que tinham propriedades eram livres para retê-las (ver 2.46, onde os crentes retêm suas casas) ou para vendê-las, a fim de atender às necessidades de outros (5.4; ver 1Tm 6.17-19). A graça divina que eles haviam recebido uniu de tal modo seus corações que eles compartilhavam suas coisas alegre e espontaneamente uns com outros, à medida que iam surgindo as necessidades.
Unidos no Espírito, os crentes eram sensíveis às necessidades físicas dos outros – “vendiam as suas propriedades” – e contribuíam voluntariamente (4.34; 5.4) para satisfazer essas necessidades.
Em contraste com o “partir do pão” no v. 42, o v. 46 se refere a refeições diárias comuns compartilhadas nos lares dos crentes.
A Igreja pertence ao Senhor: – “acrescentava-lhes o Senhor” – é ele quem edifica soberanamente sua Igreja (Mt 16.18; 1Co 3.9; ver At 5.14; 6.7; 11.21; 18.9, 10).
2. 1 Timóteo 3.14–15
Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade.
Havendo dado a Timóteo instruções específicas sobre oração, culto e oficiais da igreja, agora Paulo afirma sua razão para escrever a carta (ver Introdução: Data e Circunstâncias). Ele discute a natureza da igreja e oferece uma meditação poética sobre a obra de Cristo.
“Coluna e baluarte” – ambos os termos denotam o papel fundamental em apresentar e manifestar publicamente a verdade diante do mundo. A intenção de Paulo é enfatizar, em oposição aos falsos mestres, que a verdade do evangelho está na igreja de Deus e que essa verdade é apresentada ao mundo pela igreja (2Tm 2.19). Paulo não está atribuindo infalibilidade à igreja ou afirmando que a autoridade de líderes antigos da igreja seja equivalente à autoridade ou ao testemunho dos apóstolos, que agora constitui o Novo Testamento.
3. Romanos 12.4–5
Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros.
Como em 1 Coríntios 12, Paulo faz uso da analogia do corpo e de suas várias partes para ilustrar a natureza da Igreja. Ele enfatiza a unidade (v. 5) e a diversidade da Igreja (v. 6), bem como a necessidade de reconhecer os dons pessoais e usá-los diligente e adequadamente em serviço dos outros (vv. 6-8).
4. Colossenses 1.17–20
E que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.
O ponto mais importante do hino é o v. 20. A Queda da humanidade no pecado trouxe consigo a corrupção de toda a Criação, visível e invisível (Gn 3; Rm 5.12; 8.20; Ef 2.2; 6.12). Por meio da encarnação e da morte expiatória de Cristo, a justiça de Deus é satisfeita (Rm 3.21-26), a paz entre Deus e os pecadores é restaurada (2Co 5.17-21), a glorificação final da ordem criada é assegurada (Rm 8.18-21) e os seres espirituais rebeldes são subjugados (2.15, nota). E acontecerá até a paz com inimigos intratáveis, o que pode ser entendido como a pacificação do fim do tempo, quando os oponentes de Cristo serão colocados totalmente em sujeição a ele, uma sujeição que começou na cruz e na ressurreição (cf. 2.13-15).
5. Efésios 2.19–22
Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem-ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.
Esses versículos descrevem a reversão das desvantagens dos gentios mencionadas nos vv. 11, 12 (cf. 3.6). A edificação de um novo templo espiritual substitui o templo ultrapassado em Jerusalém.
Agora, o reino de Deus é internacional – “já não sois estrangeiros”. Ver nota teológica “A Igreja”, abaixo.
O fundamento da casa de Deus foi lançado de uma vez por todas pelos apóstolos e profetas do Novo Testamento (cf. Ap 21.14). A pedra angular é Cristo (1Co 3.10, 11). Em 3.4-6, Paulo mostra que o papel fundacional dos apóstolos e profetas está em receber a revelação do mistério de Cristo, não revelado antes, e a inclusão dos gentios entre o povo de Deus. O fato de os apóstolos e profetas constituírem o fundamento da Igreja é um indicador de que esses ofícios já passaram. Como o fundamento já foi lançado, não há mais necessidade de apóstolos e profetas na Igreja. Até que Cristo volte, a Igreja edificará sobre esse fundamento, não por acrescentar nova revelação, mas por chegar a um entendimento cada vez mais pleno do que os apóstolos nos deram e a uma aplicação cada vez mais fiel do ensino deles para os crentes.
A casa de Deus cresce pelo acréscimo e a integração contínuos de pessoas como “pedras que vivem” (1Pe 2.5). A casa também é um templo, porque Deus mesmo vive nesse novo edifício.
De novo, Paulo se dirige especificamente aos crentes gentios (1.13; 2.1, 2, 11, 12) para enfatizar a reversão radical que a graça de Deus tem realizado. Agora, eles não somente estão incluídos no povo de Deus, são o santuário de Deus (vv. 12-15) e obtiveram acesso ao Pai (2.18), como também estão sendo realmente usados (com judeus crentes) para edificar o lugar da “habitação de Deus no Espírito”. O apóstolo Pedro concorda: na nova aliança, a “casa espiritual” de Deus é formada por “pedras que vivem”, pessoas que o Espírito de Deus vivificou (1Pe 2.4, 5). Isso não é outra coisa senão o cumprimento inicial, na Igreja, do templo dos últimos dias.
6. 1 Pedro 2.4–5
Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.
Chegando-vos para ele. “Chegar” a Cristo inclui arrependimento e fé iniciais, mas o verbo grego subentende também uma aproximação contínua. Essa aproximação contínua é o fruto da autêntica conversão a Cristo.
Cristo é essa pedra – que vive – (1Co 10.4). A figura de “rocha” e “pedra” é comum no Antigo Testamento (Sl 118.22; Is 8.14; 28.16 — todas essas passagens são citadas nos vv. 6-8) e aplicada por Jesus a si mesmo (Mt 21.42). “Que vive” indica que o Cristo ressuscitado e vivo é a fonte e o doador de vida (Jo 1.4; 1Co 15.45). Com frequência, Jesus usava figuras extraídas do ofício da cantaria, um negócio com o qual ele era familiarizado como carpinteiro (Mc 6.3). Na antiguidade, os carpinteiros trabalhavam tanto com pedra como com madeira.
Pedras que vivem é uma expressão que enfatiza a união e a semelhança do cristão com Cristo, a “pedra que vive” (v. 4).
O pano de fundo do simbolismo – casa espiritual – é o templo do Antigo Testamento como a casa ou o lugar da habitação de Deus. A Igreja, habitada pelo Espírito Santo, é o verdadeiro templo de Deus (2Co 6.16; Ef 2.19-22; Hb 3.16). Esse versículo deixa claro que Cristo, como a ressurreta pedra “que vive”, é o fundamento do novo templo, que é o ponto de aplicação de Salmos 118.22 a Cristo, em Mateus 21.42. Isso pode ser uma antecipação da citação mais completa de Salmos 118.22 no versículo 7. Os crentes são identificados com Cristo como o verdadeiro templo quando entram em união com ele.
Todo verdadeiro crente é um sacerdote (v. 9), – sacerdócio santo – no sentido de ter o mesmo acesso imediato a Deus e em servi-lo pessoalmente.
Embora o sacrifício propiciatório de Cristo feito de uma vez por todas, na cruz, tenha cumprido o sistema de sacrifícios do Antigo Testamento, tornando-o obsoleto (Hb 8.13; 10.9, 10, 18), a conveniência de “sacrifícios” (entendidos como a resposta de gratidão de um povo redimido) permanece. Esses sacrifícios são “espirituais”, em contraste com todos os sacrifícios materiais prescritos no sistema de sacrifícios do Antigo Testamento. São também “espirituais” porque são oferecidos no poder e com a ajuda do Espírito Santo, que habita e santifica cada verdadeiro crente (cf. 1.2). Esses sacrifícios são vistos tanto na adoração cristã como no padrão de vida (Rm 12.1; Fp 4.18; Hb 13.5; Ap 8.3, 4; cf. Sl 51.16, 17). Uma vez que os crentes são parte do templo (a “casa espiritual”), é conveniente que sirvam como sacerdotes ali e que ofereçam sacrifícios, pois era isso que os sacerdotes do Antigo Testamento faziam no templo da antiga aliança. agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. O sacerdócio de todos os crentes depende do sumo sacerdócio eterno de Cristo, cujo sacrifício realizado de uma vez por todas e a intercessão contínua tornam os cristãos e seus sacrifícios de louvor agradáveis a Deus (Hb 13.15, 16).
7. 1 Coríntios 14:26
Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação.
Paulo está aplicando o ensino de 12.7, de que Deus outorga uma variedade de dons “visando a um fim proveitoso”.
8. Hebreus 10.24–25
Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.
O dever de encorajar uns aos outros (v. 24) pode encontrar expressão nas reuniões da igreja (v. 25). “Amor” completa uma tríade familiar com “fé” (v. 22) e “esperança” (v. 23). Essa tríade parece ter desempenhado papel proeminente no ensino da igreja primitiva (1Co 13.13; Cl 1.4, 5; 1Ts 1.3).
Os crentes haviam sido severamente perseguidos, o que levou alguns a não se unirem na assembleia coletiva (vv. 32-34). Congregar com outros crentes na adoração pública a Deus, no dia do Senhor, é um dever da vida cristã (cf. Ap 1.10; 1Co 16.2; At 20.7). o Dia se aproxima. O dia da manifestação de Jesus pela segunda e última vez, para trazer salvação àqueles que o aguardam (9.28; 12.26, 27).
9. Apocalipse 19.7-9
Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos. Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus.
O triunfo da noiva pura é contrastado com a destruição da Igreja falsa e corrupta (Babilônia). Note a repetição de “Aleluia!” (vv. 1, 3-6).
A imagem de casamento – as bodas do Cordeiro – expressa a intimidade, o amor e alegria entre Cristo e seu povo. E satisfaz os compromissos anteriormente expressos na Escritura (Is 54.5-8; Os 2.19, 20; Ef 5.26, 27).
Observe o contraste entre essa ceia bendita – ceia das bodas – e a ceia horrível dos vv. 17, 18.
10. 1 Coríntios 12.12–26
Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito. Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. Se o ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o olfato? Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve. Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo? O certo é que há muitos membros, mas um só corpo. Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós. Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários; e os que nos parecem menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra; também os que em nós não são decorosos revestimos de especial honra. Mas os nossos membros nobres não têm necessidade disso. Contudo, Deus coordenou o corpo, concedendo muito mais honra àquilo que menos tinha, para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam.
A descrição da igreja de Cristo como um corpo é um dos ensinos mais distintivos e significativos de Paulo (1.13, nota). De fato, o apóstolo Paulo explica que recebeu uma revelação especial concernente a esse “mistério”, que esteve oculto por muitos séculos, qual seja, o fato de o povo de Deus, composto tanto por judeus como por gentios, ser agora constituído como um único corpo, em termos iguais, em virtude da exaltação de Cristo (Ef 1.22, 23; 3.2-6). Tanto a existência como o crescimento da Igreja pressupõem essa unidade estabelecida por Cristo, por meio do Espírito (Ef 4.3-6, 11-16; Cl 2.19; 3.14, 15). 12.13 em um só Espírito, todos nós fomos batizados. A ênfase na palavra “todos” e a alusão aos sacramentos lembram a descrição semelhante dos israelitas em 10.2-4 (cf. notas). Uma das verdades significadas e seladas pelo batismo na água é o batismo do Espírito Santo, que incorpora o crente no corpo de Cristo. O batismo substitui a circuncisão como o sinal de admissão na aliança de Deus (Cl 2.11-14). De modo semelhante, participar da Ceia do Senhor significa nossa comunhão contínua com Cristo e sua Igreja (10.17; 11.29, nota). 12.14-20 Havendo estabelecido a unidade da Igreja de Cristo, Paulo apresenta sua diversidade. Alguns eruditos têm comentado que o problema mais fundamental dos coríntios não era a rejeição da unidade da Igreja, mas, em vez disso, o fracasso deles em reconhecer sua diversidade. Paulo corrige esse erro por meio de uma comparação com o corpo humano. Ele apela à soberana vontade de Deus, que “dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve” (v. 18; cf. v. 11). Se os coríntios negassem a validade de certos dons, estariam também questionando a autoridade de Deus em distribuir esses dons. Paulo enfatiza a unidade, mas não uma uniformidade que suprime as formas válidas de diversidade no serviço dos crentes para os outros. 12.22, 23 mais fracos… menos dignos. Essa comparação manifesta o problema que ocupou Paulo na maior parte da carta, ou seja, um senso de superioridade espiritual entre alguns dos coríntios e seu consequente desdém por aqueles que pareciam ser “mais fracos” e “menos dignos”. O menosprezo dos coríntios em relação a certos dons (talvez em favor do dom de línguas) é o interesse de Paulo aqui.
Nota teológica
A Igreja
Igreja se refere a todas as pessoas que pertencem ao Senhor, aquelas que foram compradas pelo sangue de Cristo. Várias outras figuras e expressões também são usadas para definir ou descrever a Igreja. A Igreja é chamada o corpo de Cristo, a família de Deus, o povo de Deus, os eleitos, a noiva de Cristo, a companhia dos redimidos, a comunhão dos santos, o novo Israel, entre outros termos.
A palavra do Novo Testamento traduzida por “Igreja” é ekklesia, que significa “os chamados para fora”. A Igreja é vista como uma assembleia ou um ajuntamento dos eleitos, aqueles que Deus chama para fora do mundo, para longe do pecado e para um estado de graça.
Como a Igreja na terra é sempre o que Agostinho chamou “um corpo misto”, é necessário estabelecer distinção entre a Igreja visível e a Igreja invisível. Na Igreja visível (constituída por aqueles que fazem uma profissão de fé, são batizados e arrolados como membros de uma igreja institucional), Jesus declarou que o joio cresceria junto do trigo. Embora a Igreja seja “santa”, nessa época ela sempre tem uma mistura não santa dentro de si. Nem todos aqueles que honram a Cristo com os lábios o honram com o coração. Visto que somente Deus pode ler o coração humano, os verdadeiros eleitos são visíveis a ele, mas não a nós. A Igreja invisível é transparente, mas completamente visível a Deus. É tarefa dos eleitos tornar visível a Igreja invisível.
A Igreja é única, santa, católica e apostólica. A Igreja é uma só. Embora fragmentados em denominações, os eleitos são unidos por um só Senhor, uma só fé e um só batismo. A Igreja é santa porque é santificada por Deus e habitada pelo Espírito Santo. A Igreja é católica (a palavra católica significa “universal”) porque sua membresia se estende por toda a terra, incluindo pessoas de todas as nações. A Igreja é apostólica porque o ensino dos apóstolos contido na Escritura Sagrada é seu fundamento e a autoridade pela qual é governada.
É dever e privilégio de todo cristão estar unido à Igreja de Cristo. É nossa solene responsabilidade não negligenciar as reuniões dos santos em adoração coletiva, receber alimento espiritual, estar sob a disciplina da Igreja e ativamente envolvidos como testemunhas na missão da Igreja.
A Igreja não é uma organização; é um organismo. É formada de partes vivas. É chamada o corpo de Cristo. Assim como o corpo humano é organizado para funcionar em unidade pela cooperação e a dependência de muitas partes, assim também a Igreja, como um corpo, manifesta unidade e diversidade. Embora governado por uma única “cabeça” — Cristo —, o corpo tem muitos membros, cada um deles dotado e capacitado a contribuir para a obra de todo o corpo.
Este artigo faz parte da série Versículos-chave.
Todas as seções de comentários adaptadas da Bíblia de Estudo da Fé Reformada com Concordância, Editora Fiel.