quinta-feira, 12 de dezembro
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A divindade de cristo

Os cristãos não podem acreditar que o Deus que criou este vasto universo realmente entrou em sua própria criação como filho de um carpinteiro em uma localidade comum do Império Romano, há quase dois mil anos atrás, podem? Certamente, os cristãos estão apenas fazendo uma declaração teológica quando falam da divindade de Cristo, certo? Eles não podem acreditar que Jesus é realmente o Deus-homem, o Criador em meio à sua própria criação, certo?

Por incrível que pareça, é exatamente essas crenças que os cristãos afirmam. Além disso, nós realmente acreditamos que esta é a única maneira consistente de ler os escritos dos seus discípulos. De fato, as próprias palavras de Jesus, quando lidas no contexto do judaísmo do primeiro século, indicam claramente que ele viu a si mesmo como tendo descido do céu como o próprio Filho de Deus. Uma dessas indicações pode ser derivada do evangelho geralmente considerado o mais antigo, o evangelho de Marcos. Quando Jesus estava em seu julgamento diante do Sinédrio Judaico, ele foi solenemente inquirido: “És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?”, sua resposta foi direta: “Eu sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu” (Mc 14.61–62). Os leitores modernos podem perder o significado das palavras de Jesus, mas seus ouvintes certamente não o fizeram. Eles sabiam que ele estava citando duas passagens bem conhecidas e significativas das Escrituras hebraicas, Salmo 110.1 e Daniel 7.13, a última apresentando uma figura divina que tem seguidores que o adoram. A resposta foi rápida: “Que mais necessidade temos de testemunhas? Ouvistes a blasfêmia; que vos parece? E todos o julgaram réu de morte” (Mc 14.63-64). Aqueles que ouviram as suas palavras sabiam o que elas queriam dizer.

Mais cedo em seu ministério, depois de realizar uma cura milagrosa, Jesus fez uma afirmação semelhante que também resultou na acusação de blasfêmia. No evangelho de João, Jesus defendeu a cura de um homem no dia de sábado, dizendo: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). Aqui Jesus apela para o fato de que Deus trabalha no sábado, sustentando o universo. Ele chamou Deus de seu próprio Pai de uma maneira única e reivindicou a mesma prerrogativa. E novamente seus ouvintes entenderam a importância de suas palavras: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (v. 18). Os judeus não estavam procurando matá-lo apenas por serem confusos ou arrogantes. Eles entenderam suas palavras como blasfêmia, cuja penalidade era a morte. Jesus não os corrigiu, mas lançou-se em uma longa discussão de sua perfeita harmonia com o Pai.

É claro que Jesus também reivindicou ter autoridade sobre a própria morte, ilustrada não apenas no fato dele haver ressuscitado um homem chamado Lázaro da morte, publicamente, diante de seus inimigos (cap. 11), mas em sua afirmação de que ele daria sua vida e a reaveria novamente (10.17-18), uma promessa que ele cumpriu ao ressuscitar dos mortos após a crucificação. É sempre sábio considerar bem as palavras de alguém que não apenas prediz a sua morte (algo que muitos homens sábios fizeram através dos séculos), mas alguém que também afirma que ele reaverá a sua vida novamente e ressuscitará da morte (somente Jesus previu e o realizou). O túmulo vazio é um testemunho silencioso da veracidade das afirmações de Jesus.

Não nos surpreende, portanto, que os seguidores originais de Jesus, os apóstolos, tenham dito frases como “nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo” (Tt 2.13; 2Pe 1.1) e “o Senhor da glória” (1Co 2.8) ao longo de suas epístolas. O apóstolo Paulo incluiu Jesus em uma versão expandida da antiga oração judaica conhecida como o Shemá, identificando-o com o Deus de Israel (1Co 8.6), assim como outros fizeram a mesma afirmação (Jo 12.41; Hb 1.10-12). A linguagem sublime que eles usaram para descrever Jesus nunca poderia ter sido usada em relação a um simples homem. Não, eles criam inequivocamente que Jesus era o Deus-homem — verdadeiramente homem e, ainda assim, verdadeiramente Deus.

Claramente, se o Criador invadiu a sua própria criação, não podemos nos esconder de suas reivindicações sobre nós. Não podemos ser neutros em relação a Jesus. Ele convoca todas as pessoas, em todos os lugares, a se arrependerem, crerem e dobrarem os seus joelhos perante ele. Ele é verdadeiramente digno de nosso louvor e fidelidade.

 

Tradução: William Teixeira.

Revisão: Camila Rebeca Teixeira.

Original: Is Jesus Really God?


Autor: James White

Dr. James White é Diretor do Ministério Alfa e Ômega, uma organização apologética cristã sediada em Phoenix, Estado do Arizona, nos Estados Unidos. Ele é professor de grego, hebraico e apologética. Escreveu diversos livros, incluindo: The Forgotten Trinity (A Trindade Esquecida), The Potter’s Freedom (A Liberdade do Oleiro) e The God Who Justifies (O Deus que Justifica). Ele é um apologista talentoso, que já envolveu importantes proponentes do catolicismo romano, do islamismo e do mormonismo em debatews públicos equilibrados. É um dos pastores da Igreja Batista Reformada de Phoenix, casado há vinte anos com Kelli; eles têm dois filhos: Joshua e Summer. A maior prioridade do Dr. James é honrar a verdade de Deus através do ensino e da proclamação dessa verdade. O desejo do Dr. James é que os crentes estejam “preparados para responder” sobre o que creem, e que sejam consistentes em como apresentar sua resposta.

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