segunda-feira, 18 de novembro
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A ênfase educacional da reforma

A Reforma tem sido uma força extraordinária para a educação global. A Idade Média deu origem às primeiras universidades europeias que formaram um seleto grupo de estudiosos. Mas na Reforma Protestante foi desencadeada a busca pela educação universal. Martinho Lutero, professor da Universidade de Wittenberg, logo solicitou aos magistrados que estabelecessem escolas para que as crianças pudessem aprender a ler as Escrituras recentemente traduzidas e se beneficiassem do aprendizado dos antigos. Mais tarde, João Calvino, no contexto francês, estabeleceu a Academia de Genebra, que se tornou o centro da teologia reformada.

Os métodos educativos dos reformadores refletiam a sua teologia. O objetivo da alfabetização geral manifestou o princípio da Reforma do sacerdócio de todos os crentes — todos os cristãos têm o privilégio espiritual de ler e estudar as Escrituras por si mesmos. Sola Scriptura — as Escrituras como a única fonte infalível de conhecimento salvífico e de verdadeira sabedoria — foi apoiada pela pedagogia consistente com a Escritura. Para os leigos, isso foi efetivado pela alfabetização bíblica e pelos catecismos. Para os adultos e líderes da igreja, as confissões de fé serviam como resumos e padrões de doutrina e prática bíblicas.

Os reformadores trabalharam cuidadosamente para fornecer excelente conteúdo teológico para a educação do seu povo. Os Catecismos Menor e Maior de Lutero e o Catecismo de Augsburgo foram os primeiros recursos educacionais do luteranismo. Calvino desenvolveu catecismos e confissões para Genebra.

Heinrich Bullinger de Zurique escreveu a Segunda Confissão Helvética, que tem sido estimada em toda a tradição reformada. O presbiterianismo inicial foi definido pela Confissão Escocesa de John Knox, que foi substituída pelos Catecismos Menor e Maior de Westminster, bem como pela Confissão de Westminster. A tradição reformada continental adotou as Três Formas de Unidade — a Confissão Belga, o Catecismo de Heidelberg e os Cânones de Dort, o último dos quais define os cinco pontos clássicos do calvinismo. O valor educacional dos catecismos e dos credos também tem sido reconhecido por anglicanos, congregacionais e batistas reformados.

As reformas educacionais da Reforma também afetaram os estudos universitários. O especulativo escolasticismo medieval foi substituído por uma teologia sistemática bíblica. Uma visão de mundo moldada por uma crença em um Criador soberano que governa um universo ordenado encorajou a investigação das ciências empíricas. Os estudos linguísticos foram acelerados. O latim foi destronado como a única língua acadêmica, uma vez que as línguas comuns da Europa se tornaram capazes de discussão acadêmica devido à elevação dessas línguas pela tradução da Bíblia. No entanto, o estudo das línguas de erudição bíblica — latim, grego e hebraico — aumentou à medida que um clero treinado se tornou uma realidade. O impacto educacional da Reforma estimulou a indústria gráfica, produzindo bibliotecas e estudos avançados em várias disciplinas. Alguns dos renomados centros acadêmicos fortemente moldados pela Reforma são as universidades de Wittenberg, Genebra, Zurique, Heidelberg, Oxford, Cambridge e Edimburgo.

Quando os puritanos iniciaram a sua “missão no deserto” na Nova Inglaterra, levaram consigo um profundo compromisso com as ênfases educacionais da Reforma. Por exemplo, a declaração de fundação de Harvard, de 1640, diz:

Depois que Deus nos trouxe a salvo para a Nova Inglaterra, e construímos nossas casas, providenciamos o que era necessário para nosso sustento, edificamos lugares convenientes para o culto a Deus e lideramos o governo civil, uma das próximas coisas que desejamos e cuidamos foi promover o aprendizado e perpetuá-lo para a posteridade, temendo deixar um ministério iletrado para as igrejas, quando nossos atuais ministros retornarem ao pó.

O compromisso educacional da Reforma moldou o ensino básico e superior em toda a América ao longo da história americana e mundial através das missões globais. Centros acadêmicos americanos, como Yale e Princeton, são frutos do espírito da Reforma, além de incontáveis ??escolas, faculdades e seminários, como o Westminster Theological Seminary [Seminário Teológico Westminster], na Filadélfia, e a recém-criada Reformation Bible College [Faculdade Bíblica da Reforma], na Flórida. As missões cristãs internacionais continuam a traduzir as Escrituras, a promover a alfabetização e a estabelecer escolas de todos os níveis em nações ao redor do mundo.

Finalmente, a ênfase educacional da Reforma resulta da obediência bíblica à Grande Comissão do Senhor: “Fazei discípulos [ou seja, aprendizes]… ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mateus 28.19-20).


Autor: Peter Lillback

Dr. Peter A. Lillback é presidente e professor de teologia histórica e história da igreja no Westminster Theological Seminary, na Filadélfia. Ele é autor de The Binding of God.

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