sábado, 14 de dezembro
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A perfeita compatibilidade entre a bíblia e a ciência

Muitos dos que rejeitam a fé cristã o fazem porque acreditam que a Bíblia contradiz a ciência. Mas, se existe conflito e contradição reais, depende de como se define a Bíblia e a ciência. Se a Bíblia é definida como “um livro de contos de fadas e superstições” e a ciência é definida como “fatos comprovados”, bem, obviamente, vamos ter conflito e os dois serão incompatíveis como fontes de verdade. Se a Bíblia é entendida como a Palavra de Deus e a ciência é entendida como uma metodologia necessariamente materialista que exclui a própria possibilidade de Deus, então sim, haverá um conflito. Eu proponho, entretanto, que essas não são as melhores definições iniciais e que, se pensarmos mais cuidadosamente sobre a Bíblia e a ciência, veremos que elas não estão necessariamente em conflito.

Os cristãos entendem que Deus é o Criador de todas as coisas no céu e na terra. Os cristãos também acreditam que Deus revelou certas verdades sobre si mesmo através de suas obras criadas (Rm 1.20). Teólogos o chamam de revelação geral. Deus também se revelou em sua Palavra. Nós falamos disso como revelação especial. Um ponto importante a se ter em mente é que, tanto em relação à revelação geral quanto em relação à revelação especial, Deus é o Revelador. Porque Deus é infalível, não há possibilidade de conflito ou contradição entre sua revelação geral e sua revelação especial. Deus é a única fonte infalível de ambos.

Também não há conflito entre o que ele revelou na Bíblia (revelação especial) e o que é realmente verdadeiro em relação às suas obras criadas. Se Deus criou algo de uma certa maneira, e se Deus é autoconsistente e sempre verdadeiro, sua revelação especial não dirá nada que contradiga a verdade real sobre as suas obras criadas. Se é verdade, por exemplo, que Deus criou a terra como uma esfera, então a sua revelação especial não irá e não poderá contradizer isso. Portanto, se há uma linguagem na Bíblia que parece descrever a terra como um disco achatado, o problema está em nossa interpretação.

Quando um conflito surge, é sempre o resultado da má interpretação humana sobre as obras criadas por Deus, daquilo que ele revelou através de suas obras criadas, daquilo que ele revelou através de sua Palavra, ou alguma combinação delas. Em outras palavras, um conflito pode ser o resultado de uma teoria científica incorreta sobre algum aspecto das obras criadas por Deus. Um conflito também pode ser o resultado de uma interpretação incorreta da revelação especial de Deus. E um conflito pode ser o resultado de interpretações errôneas de ambas. O problema sempre recai sobre os intérpretes humanos caídos e falíveis (cientistas e teólogos), não sobre Deus.

Os seres humanos são falíveis. Vários fatores, incluindo a ignorância e o pecado, significam que podemos e cometemos erros. Aqueles que observam e tentam entender o mundo criado podem e cometeram erros. Hipóteses e teorias científicas são falíveis. Eles podem estar enganados. Aqueles que estudam e buscam entender a Bíblia também podem e cometeram erros. Existem interpretações conflitantes de muitos textos bíblicos e sistemas teológicos conflitantes, porque os intérpretes das Escrituras são falíveis. Interpretações e teorias exegéticas e teológicas podem ser confundidas.

Ciência e Escritura são completamente compatíveis, desde que se entenda que a ciência é o estudo cuidadoso das obras de criação de Deus. A ciência corre o risco de ser incompatível com a Escritura apenas quando as filosofias metafísicas naturalistas e materialistas são importadas para a definição de ciência. O conflito que parece existir hoje é em grande parte devido a tais suposições filosóficas por parte de muitos incrédulos. Ironicamente, essas suposições filosóficas não podem ser provadas por meio de qualquer observação empírica.

Porque o mundo criado é do jeito que Deus criou, tanto os crentes como os incrédulos podem e fizeram observações verdadeiras sobre ele. É claro que os incrédulos sempre escondem quaisquer observações verdadeiras que fazem dentro de uma estrutura filosófica antibíblica, mas as observações, até onde vão, podem ser verdadeiras. Como João Calvino notou, os incrédulos podem conhecer as verdades sobre as “coisas terrenas”, embora no que diz respeito às “coisas celestiais”, eles são “cegos como as toupeiras” (Institutas 2.2.12-21). Os crentes não têm nada a temer em relação à ciência, entendida como o estudo das obras criadas por Deus. As obras das mãos de Deus são surpreendentes e maravilhosas, e os cristãos podem se alegrar e louvar ao seu Criador toda vez que algo verdadeiro sobre essas obras é descoberto, independentemente de quem fez a descoberta. O problema não é a ciência em si; o problema são as falsas filosofias disfarçadas de ciência que devem ser rejeitadas.

 

Tradução: William Teixeira.

Revisão: Camila Rebeca Teixeira.

Original: Are the Bible and Science Compatible?


Autor: Keith Mathison

Dr. Keith Mathison é editor associado da Tabletalk magazine, deão e professor de Teologia Reformada na Reformation Bible College em Sanford, Florida e autor do livro From Age to Age: The Unfolding of Biblical Eschatology.

Parceiro: Ministério Ligonier

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Ministério do pastor R.C. Sproul que procura apresentar a verdade das Escrituras, através diversos recursos multimídia.

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