segunda-feira, 23 de dezembro
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A providência sobre reis e nações

O Rei divino de Israel é Rei das nações

O trecho abaixo foi retirado com permissão do livro Providência, de John Piper, Editora Fiel.


A providência de Deus sobre reis e nações é proeminente no Antigo Testamento, principalmente porque o plano de Deus para a história, até a vinda do Messias, era que a nação de Israel fosse o foco da obra salvadora de Deus. Isso significava que o povo de Deus, como uma nação étnica, política e geográfica, estaria em relacionamento constante e, muitas vezes, em conflito com outras nações. A forma como Deus lidou com Israel e com aquelas nações é um fio da providência que perpassa todo o Antigo Testamento.

A nação de Israel e a igreja de Jesus Cristo

Antes de chamar Abraão o “pai da nação de Israel” e estabelecer sua aliança com ele, Deus dispersou todos os povos do mundo “pela superfície da terra” (Gn 11.7-8), criando, assim, um mundo de nações e línguas. De acordo com o apóstolo Paulo:

De um só [Deus] fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação (At 17.26).

Portanto, a preocupação de Deus com as nações não teve início com Abraão. Mas, com o chamado de Abraão para um relacionamento perpétuo de aliança com Deus, Israel tornou-se o foco do envolvimento de Deus com as nações. Israel se tornaria uma “grande nação” (Gn 12.2), que, inevitavelmente, teria interações territoriais, políticas e militares com outras nações.

De uma forma bastante misteriosa, Deus prometeu não somente que Abraão se tornaria uma grande nação, mas também que ele seria o “pai de numerosas nações” (Gn 17.4-5). De que forma Abraão se tornaria o pai de uma única nação e o pai de uma multidão de nações? No Novo Testamento, Paulo entendeu essa promessa como um indicativo da inclusão das nações não judaicas na aliança abraâmica pela fé no Messias (Rm 4.13-17). “Abraão é pai de todos nós [judeus e gentios crentes no Messias], como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí” (Rm 4.16-17).

De acordo com Paulo, a consumação final do interesse de Deus concernente às nações significaria que esse povo comprado viria de todos os povos do mundo, como João viu em sua visão:

Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes e reinarão sobre a terra (Ap 5.9-10).

Isso significa que o povo de Deus hoje, a Igreja cristã, constituída dos que creem no Messias, Jesus Cristo, não tem uma única identidade étnica, política ou nacional. “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20). Na Igreja cristã global, “não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos” (Cl 3.11).

Isso explica por que há tanta diferença de foco entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento em relação às nações. No Antigo Testamento, o povo visível de Deus (distinto dos que não eram verdadeiramente filhos de Deus) era uma nação étnica, política e geográfica (Rm 9.6-8). Deus havia prometido que eles teriam seus próprios reis (Gn 17.6; Dt 17.15) e sua própria terra (Gn 12.7).

Entretanto, no Novo Testamento, o povo visível de Deus inclui pessoas de milhares de grupos étnicos, políticos e geográficos. A Igreja não é um Estado político. Não tem nenhum rei, exceto Jesus (1Co 8.6), e nenhuma terra, exceto a promessa de herdar a terra (Mt 5.5; Rm 4.13; 1Co 3.21-23) na segunda vinda do Senhor Jesus (Mt 25.31-34). A Igreja não é uma nação e, por isso, não se relaciona com as nações da maneira como Israel se relacionava.

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Autor: John Piper

John Piper é um dos ministros e autores cristãos mais proeminentes e atuantes dos dias atuais, atingindo com suas publicações e mensagens milhões de pessoas em todo o mundo. Ele exerce seu ministério pastoral na Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis, MN, nos EUA desde 1980.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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