sexta-feira, 29 de março

A revolução das redes sociais

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Em fevereiro de 2009, o jornal Daily Telegraph noticiou que Kimberly Swann, de 16 anos, proveniente de Clacton, postou uma mensagem em seu Facebook, dizendo que achava o seu emprego chato. Ela foi chamada à sala da gerência e recebeu uma carta em mãos, mencionando que os comentários que ela havia feito no Facebook eram o motivo de sua demissão:

“Após seus comentários feitos no Facebook, em relação ao seu cargo e a esta companhia, julgamos por bem encerrar suas funções imediatamente, visto que a senhora não está satisfeita com seu trabalho e não se agrada dele”.

Comportamento Inadequado

Stacy Snyder queria ser professora. Durante a primavera de 2006, essa mãe solteira de 25 anos havia terminado seu curso e estava aguardando para ingressar na futura profissão, mas seu sonho desvaneceu. Convocada pelas autoridades da universidade, ela foi informada que não poderia ser professora porque havia postado uma foto na Internet, na qual estava usando uma fantasia com chapéu de pirata e bebendo num copo plástico. Isso foi considerado um comportamento inadequado para uma professora.[i] Stacy cogitou retirar a foto da rede, mas o estrago já estava feito. Sua página na web havia sido catalogada por mecanismos de busca, e sua foto havia sido arquivada por indexadores automáticos. A Internet relembrava aquilo que Stacy gostaria de ter esquecido.

Uma Advertência Presidencial

Até mesmo o presidente Obama, em setembro de 2009, num programa de televisão dirigido às escolas americanas, aconselhou os estudantes, dizendo: “Cuidado com aquilo que você posta no Facebook. Tudo quanto você fizer virá à tona em sua vida mais tarde”.[ii]

No entanto, as redes sociais surgiram como o fenômeno recente mais popular da web. A rede social mais conhecida é o Facebook, embora haja muitas outras, incluindo a MySpace e redes especializadas para usuários com interesse em assuntos empresariais, como a Linkedin, ou até mesmo a GovLoop, para funcionários públicos do governo americano.

A “palavra do ano” conforme o dicionário Oxford

Para muitas pessoas que começaram a conversar com outras pela Internet, usando mensageiros instantâneos (MSN), as redes sociais oferecem a mais valiosa série de possibilidades. Você não só pode falar com seus amigos online, mas também ver mensagens postadas por eles sobre o que estão fazendo, fotos, eventos, aniversários ou até jogar algum jogo juntos. Uma rede é feita para pessoas que foram “adicionadas” por você e se tornaram suas “amigas”. É possível configurar uma rede de modo que somente os seus “amigos” possam ver suas fotos, o que você escreveu em seu “mural” e etc. Se você desejar, poderá remover pessoas de sua rede social a qualquer momento. Remover alguém é “indelicado”, palavra essa que, conforme o jornal Independent, foi considerada a palavra do ano pelo dicionário Oxford em 2009.

As redes sociais são úteis para nos comunicarmos com pessoas com as quais perdemos o contato, como colegas de escola e universidade.  Elas ajudam a manter familiares e amigos a par do que o outro está fazendo, sem a necessidade de uma carta, um e-mail ou um telefonema.

Perigos

Contudo, também existem perigos nas redes sociais. Nem sempre é esclarecido que pessoas que estão de fora de nossa rede de amigos aprovados poderão ver o que é postado, caso os níveis de segurança não estejam configurados corretamente. De qualquer modo, as mensagens postadas em redes sociais podem facilmente ser repassadas a outros, como numa brincadeira de “telefone sem fio” eletrônico. As redes sociais também podem viciar.

As redes sociais não só podem viciar, como também levar a relacionamentos prejudiciais (o que veremos detalhadamente no próximo artigo), à projeção de uma personalidade irreal e ao sentimento de que possuímos relacionamentos, os quais, de fato, não existem na vida real.

“Criando Igrejas” online

O problema vem à tona principalmente ao olharmos para um tipo especial de rede social, a “igreja online”. Esse tipo de igreja não é simplesmente um web site; um modo de baixar sermões, quer sejam em áudio ou vídeo; ou até mesmo uma pregação ao vivo na Internet. É muito mais do que isso, e o propósito desse tipo de igreja é substituir as igrejas convencionais por igrejas equivalentes online. Os web sites das igrejas online oferecem redes sociais de modo que, por meio de seus próprios computadores, os ouvintes e expectadores possam conversar um com o outro durante o culto, compartilhar pensamentos e opiniões ou receber apoio de um assistente pastoral a qualquer momento.

John Stanley é um psicólogo cristão com interesse particular no uso da Internet para missões estrangeiras e obras assistenciais. John dá o seu parecer, muito útil, sobre a forma como as pessoas se relacionam nas redes sociais: “O que me vem à mente é a idéia de ‘poder e vulnerabilidade’. As reuniões sociais tornam as pessoas vulneráveis, porque elas podem ser rejeitadas. As situações online não expõem as pessoas ao mesmo nível de risco. Elas se sentem seguras ao se comunicar”.

John continua explicando que, quando estão online, as pessoas projetam uma personalidade diferente daquela que realmente têm. “As pessoas podem ter uma fantasia sobre quem elas gostariam de ser. Não há como saber realmente com quem você está lidando. Não há como avaliá-las, de fato”.

John concluiu, dizendo: “Se você realmente quiser conhecer uma pessoa, uma possibilidade para isso é fazer uma viagem missionária com ela. Você a verá sob pressão, cedo de manhã, tarde da noite e lidando com adolescentes difíceis”. Nenhuma dessas coisas, é lógico, são possíveis numa rede social…

www.interhealth.org.uk

Tudo o que você precisa está na Internet

No blog da revista Christianity Today,[iii] Bob Hyatt, um pastor que lidera a igreja Evergreen Community, com templo em Portland, Oregon, escreveu que chamar uma igreja online de igreja virtual “transmite para as pessoas a idéia de que tudo quanto elas precisam está disponível ali”.

Isso é exatamente o que Craig Groeschel, pastor principal da LifeChurch.tv, uma igreja online, afirmou numa entrevista para a CNN: “Fico impressionado como as pessoas poderiam, de fato, adorar a Deus online“. “A família toda se reunirá em frente ao computador, cantando e adorando junto. Em vez de ficarmos tentando trazer as pessoas para a igreja, sentimos que podemos levar a igreja até elas”.[iv]

No livro intitulado SimChurch, recém-publicado pela Zondervan, o autor, Douglas Estes, disse que “hoje em dia, uma nova comunidade do povo de Deus tem surgido… Uma mudança está acontecendo na igreja cristã, a qual jamais ocorreu em séculos… Esse tipo de igreja se distingue de todas as igrejas que o mundo já teve. Ela tem o poder de romper as barreiras sociais, unir crentes de toda parte do mundo e edificar o reino de Deus com um custo semelhante ao da oferta da viúva pobre. É uma igreja completamente diferente de qualquer outra já vista”.

O que a Bíblia diz?

Podemos imaginar os benefícios desse sistema para alguns, como por exemplo, os cristãos de um país islâmico ou um missionário isolado de outros crentes. Entretanto, há perigos significativos para aqueles que, por outro lado, poderiam freqüentar uma igreja que crê na Bíblia. Da mesma forma que em outras mídias sociais, os relacionamentos não são reais, mas baseados nos comentários e na personalidade que cada usuário online projeta. Como um presbítero poderia “pastorear o rebanho de Deus”,[v] se, com efeito, não sabe coisa alguma sobre essas pessoas e nunca pôde se encontrar com elas?

De que modo a disciplina bíblica poderia ser aplicada ou como uma palavra de encorajamento poderia ser dada? Somente após os tessalonicenses terem gastado tempo com Paulo, Silas e Timóteo é que eles puderam ser “imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo”, bem como se tornar “modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia”.[vi]

Um Conselho Prático

Os perigos das redes sociais são o vício e a falta de domínio próprio. Para essas questões, há princípios cristãos claros, os quais incluem o domínio próprio e a abstinência, caso seja necessário. Existem medidas simples, que qualquer um poderia tomar, como se assegurar de que as configurações dos sites das redes sociais sejam aquelas que permitam o acesso de informações somente aos amigos. Semelhantemente, você sempre deve “pensar antes de digitar”. De modo geral, se você não puder dizer a alguém, cara-a-cara, aquilo que deseja postar, então, você não deveria postá-lo. Lembre-se de que a Internet nunca esquece!

Em se tratando das igrejas online, é difícil perceber como a substituição da igreja local pela igreja online poderia ser justificável. Talvez precisemos examinar a nós mesmos para ver a que tipo de igreja local pertencemos. É possível que tenhamos, em nossa igreja local, os mesmos problemas de uma igreja online, como mal conhecer uns aos outros, mesmo nos encontrando toda semana. Mas em vez disso, a igreja local deve continuar sendo, em primeiro lugar, um local onde Cristo é centralizado e adorado, bem como um lugar onde o evangelho é comunicado de forma clara e de modo compreensível. A igreja também deve reconhecer que o mundo está mudando. Conforme os reformadores do século XVI expressaram, “Ecclesia reformata, semper reformanda” (“igreja reformada, sempre se reformando”). A reforma era a estratégia deles, sempre de acordo com o prumo da infalível palavra de Deus, para a glória do Deus triúno.

Notas:

[i] Citado em SCHÖNBERGER, Viktor Mayer. Delete: The Virtue of Forgetting in The Digital Age.

[ii] Citado no jornal Washington Times, Sep 8, 2009.

[iii] Veja bobhyatt.typepad.com

[iv] Veja www.cnn.com/2009/TECH/11/13/online.church.services

[v] 1Pedro 5:2

[vi] 1 Tessalonicenses 1:6-7

 

Traduzido por: Waléria Coicev

Do original em inglês: Part 3 – The Social Network revolution Por David Clark. Extraído do blog:parentsandtheinternet.blogspot.com


Autor: David Clark

Ministério: Ministério Fiel

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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