domingo, 15 de dezembro
Home / Artigos / Como saber se meu filho é convertido?

Como saber se meu filho é convertido?

Como pais, todos nós lutamos com a forma de responder a esta pergunta, e eu encontrei geralmente que há dois extremos que precisam ser evitados. O primeiro é agravado pela falta de discernimento mostrado em muitas igrejas quando rotineiramente estendem apelos ao altar para crianças de 4 ou 5 anos, lhes pedem que levantem as mãos se amam Jesus, e então os batizam como convertidos seguidores de Cristo.

O segundo é muitas vezes uma reação contra o descuido do primeiro. Este extremo impede que pais e também pastores estejam dispostos a afirmar a conversão de uma criança até que seja adulto e independente da autoridade e cuidados dos pais. Enquanto a relutância em ambos os casos é um pouco justificada, eu creio que um meio termo deve ser buscado, a fim de discernir a clara evidência bíblica que uma criança, adolescente ou adulto jovem foi feito uma nova criatura em Cristo.

Cinco evidências

Admitindo o óbvio — que não somos Deus e não podemos ver o coração — eu afirmo que certas evidências podem nos ajudar a discernir a legitimidade da profissão de fé da criança ou do jovem. De acordo com os cinco sinais da verdadeira conversão, propostos por Jonathan Edwards, aqui estão cinco evidências que costumo usar como padrão quando estou lidando com esta difícil questão.

1. Crescente afeição por e necessidade de Jesus e do evangelho.

2. Intensificação da compreensão das verdades da Escritura.

3. Aumento da bondade e abnegação para com os irmãos.

4. Maior compreensão do e aversão ao pecado.

5. Evidente desejo de obedecer aos pais.

Na minha experiência como pai e pastor, eu percebi que a idade não é o indicador mais importante para determinar a verdadeira conversão. Em vez disso, é geralmente aconselhável procurar essas evidências de uma maneira adequada à idade. Por exemplo, um jovem de 16 anos articulará a sua compreensão do evangelho de forma diferente — e mais completa — do que uma criança de 10 anos. O mesmo pode ser dito sobre o desejo de uma criança por obedecer aos pais ou manifestar um espírito altruísta para com os seus irmãos. À medida que as crianças crescem, essas evidencias passarão por mudanças, e as nossas expectativas devem ser ajustadas a isso.

Mesmo assim, o fruto visível deve estar presente de alguma forma, e eu fortemente desencorajo alguém a afirmar a conversão de uma criança sem algum tipo de evidência tangível para além de uma profissão verbal. Por outro lado, todavia, gostaria de acautelar pais e pastores de caírem na armadilha de exigir mais de uma criança do que pode ser razoavelmente esperado e observado.

Cinco perguntas

Aqui estão cinco questões a considerar quando buscarmos pelas evidências acima e avaliarmos a condição espiritual de uma criança.

1. O meu filho parece amar Jesus verdadeiramente, ou ele ou ela está simplesmente me dizendo que ama porque eu falei assim?

As crianças, muitas vezes, fazem o que lhes dizemos para fazer, acreditam no que lhes dizemos para acreditarem, e dizem o que lhes dizemos que devem digam. Quando se trata de dizer: “Eu creio em Jesus”, os pais podem manipular uma resposta, mesmo com a melhor das intenções. Mas, em vez de persuadirmos para que digam as palavras certas, devemos buscar por genuína afeição por Jesus em criança e, da melhor forma possível, verificar se essa afeição encontra a sua raiz no que ele fez para salvá-la dos seus pecados através da sua morte e ressurreição.

2. O meu filho busca conhecer a Palavra de Deus por iniciativa própria?

Eu li a Palavra de Deus com os meus filhos antes que eles pudessem ler por si mesmos. O que chamou a minha atenção, porém, foi quando a minha filha mais velha começou a ler e procurar entender a verdade da Palavra de Deus mesmo em momentos que eu não insistia para que ela fizesse isso. Ela lia as Escrituras por si mesma, e depois me fazia perguntas. Esses comportamentos revelavam o que minha esposa e eu identificamos como um verdadeiro desejo de conhecer melhor a Palavra de Deus, independentemente de qualquer um de nós.

3. O meu filho demonstra maior compreensão das verdades espirituais profundas?

A confirmação útil que o meu filho mais velho tinha sido convertido aconteceu cerca de um ano após o fato. Ao refletir sobre a conclusão do livro de Tiago em nosso estudo bíblico de quarta-feira, meu filho compartilhou que ele estava triste em perder a última semana, uma vez que seria uma visão geral do livro. Perguntei por que ele estava triste, uma vez que ele tinha participado do estudo de todo o livro, e ele respondeu: “Eu sinto que eu lembro bem dos três últimos capítulos de Tiago, mas eu não me lembro muito dos dois primeiros”. Então, eu percebi que tínhamos começado Tiago 3 logo após sentirmos que o nosso filho foi convertido.

A palavra “despertamento” é uma maneira útil de compreender a conversão não apenas em adultos, mas em crianças também. Considere se o seu filho parece entender as verdades sobre Deus, o evangelho e a Bíblia melhor do que antes. Você já observou um despertamento espiritual?

4. O meu filho está demonstrando fruto espiritual contrário à sua personalidade?

É comum confundir fruto espiritual com os aspectos positivos da personalidade de uma criança. Então, nós devemos conhecer os diferentes traços de personalidade em cada criança antes que possamos discernir o verdadeiro fruto espiritual. Por exemplo, o meu filho é uma pessoa extrovertida, ama as pessoas e sempre amou os membros de nossa igreja. Portanto, o amor pela igreja local, embora seja um fruto da conversão, não era a melhor base para discernir a conversão do meu filho, visto que ele já era, de algum modo, naturalmente inclinado a amar as pessoas. Porém, minha filha mais velha não amava as pessoas da mesma maneira naturalmente; algo que mudou visivelmente após a sua conversão. Em suma, é importante avaliar honestamente a personalidade do seu filho e procurar por evidências de frutos sobrenaturais que parecem ser contrários à personalidade natural.

5. Existe arrependimento pessoal por pecados diários?

Minha esposa e eu achamos útil observar o fardo do nosso filho em relação ao seu pecado à parte de qualquer disciplina, correção ou punição. Um pai pode fazer uma criança se sentir “convicta” de seus pecados, mas isso não significa necessariamente que Deus pelo seu Espírito operou a convicção. Observe os momentos em que o seu filho machuca um irmão com suas palavras e vai se desculpar por conta própria. Observe o seu filho vir e confessar uma mentira para você antes que você a descubra, e isso sem nenhuma outra razão (aparente) além do seu próprio coração e consciência terem sido convencidos pelo Espírito.

Sei que este é um terreno complicado. Como um pai e pastor, tudo acima deve ser aplicado numa base de “caso-a-caso”. Embora muitos de nós podemos estar em diferentes lugares do espectro, devemos empreender esforços para evitar os extremos de ambos os lados. Como um ponto de partida, encontre um lugar agradável no meio, e a partir daí seja sábio, avalie honestamente e ore para que o Deus misericordioso, que regenera adultos, jovens e crianças lhe conceda muito discernimento, paciência e graça.

 

Tradução: Camila Rebeca Almeida
Revisão: William Teixeira
Original: Is Your Child a Christian?


Autor: Brian Croft

Brian Croft é o pastor efetivo da Auburndale Baptist Church em Louisville, Kentucky. Ele também é autor de "Visit the Sick: Ministering God’s Grace in Times of Illness”, (Prefácio de Mark Dever) e "Test, Train, Affirm, and Send Into Ministry: Recovering the Local Church’s Responsibility to the External Call", (Prefácio de R. Albert Mohler Jr). Brian escreve regularmente no blog Practical Shepherding.

Parceiro: Practical Shepherding

Practical Shepherding
O ministério Practical Shepherding visa equipar pastores e líderes de igrejas nas questões práticas do ministério.

Ministério: Ministério Fiel

Ministério Fiel
Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

Veja Também

pregação expositiva

A idolatria à pregação expositiva e a falta de oração

Veja neste trecho do Episódio #023 do Ensino Fiel os perigos da frieza espiritual e idolatria a conceitos, como por exemplo, à pregação expositiva.