sexta-feira, 13 de dezembro
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Como um pastor pode servir um casal que sofreu um aborto?

Há um pouco mais de onze anos, minha esposa sofreu um aborto espontâneo do nosso segundo filho. Desde então, Deus, em sua terna providência, forneceu oportunidade após oportunidade para a minha esposa e eu ministrarmos a outros casais que experimentaram esta perda incomparável. Tão comum quanto este tipo de perda, é o impressionante número de pessoas bem-intencionadas, mas que não têm ideia alguma de como melhor ajudar aqueles que perderam um bebê. Aqui estão algumas dicas para aqueles que se interessam ??em conhecer maneiras úteis de cuidar de um casal que experimentou recentemente essa perda e ser sensível à dor que eles sentem.

1. Compreenda a gravidade desta perda.

O instinto natural de muitos é tentar diminuir o impacto da perda. A abordagem mais comum de fazer isso é dizer coisas como: “Bem, você sabe que isso é muito comum” ou “Pelo menos você ainda era muito jovem quando engravidou”. Estes comentários têm o propósito de ajudar, mas infelizmente, o que costumam fazer é diminuir a gravidade de uma perda como essa. A melhor maneira de cuidar de uma mulher que sofreu um aborto é reconhecer a gravidade da perda e a tristeza legítima que ela pode estar sentindo.

2. Incentive tanto o marido quanto a mulher a lamentarem.

Momentos depois que minha esposa e eu descobrimos que tínhamos perdido o bebê, meu pai (um médico de família) sentou conosco e nos explicou como era importante que nós sofrêssemos com essa perda. Isso soou estranho para mim, porque a criança não tinha nascido ainda. Nós não conhecíamos a criança como o nosso primogênito. Mas meu pai explicou como era importante que nós ainda falássemos sobre como a criança agiria e com quem o bebê seria parecido. Ele nos indicou que poderíamos estar tristes com a perda e que deveríamos sofrer com a falta dessa criança como qualquer outra grande perda em nossa vida. Foi libertador que alguém nos dissesse que estaria bem, e que seria bom ter tempo para lamentar. Isso foi essencial para que lidássemos com a perda e seguíssemos em frente.

3. Instrua o marido a como cuidar da sua esposa.

Maridos podem carecer de discernimento em saber como cuidar de suas esposas. Há dois papéis importantes que um marido deve exercer. Em primeiro lugar, instrua o marido a ser paciente em relação à adaptação de sua esposa a esta perda. Uma mulher não tem somente a perda para lidar, mas ele também não pode escapar de todos os sintomas físicos desta perda. Muitas mulheres precisam realizar um procedimento médico que ajuda a remover partes do bebê que não foram expelidas. As mulheres também têm as mudanças hormonais que se iniciam com a gravidez, uma realidade que demora a ser revertida quando o corpo rejeita o feto. Em segundo lugar, solicite ao marido que permita que sua esposa o veja sofrer. Eu falhei nisso enquanto eu estava tentando ser forte diante de minha esposa, mas o que minha esposa realmente precisava era saber que eu também estava triste com a perda.

4. Reafirme a soberania de Deus nesta perda.

Nós raramente obtemos respostas para as perguntas envolvidas em uma perda como essa, mas devemos sempre conduzir os olhos de um casal cristão e fixá-los em Cristo, e lembrar-lhes que Deus é soberano e bom em meio a esta perda. Deus tem bons e sábios propósitos para os dois neste sofrimento e, como em qualquer perda, precisamos confiar no plano perfeito do nosso Deus soberano que consola o seu povo quando estamos aflitos. Leia trechos proveitosos das Escrituras que afirmam esta verdade (2Coríntios 1.3-7; Tiago 1.2-4; Salmo 46, Salmo 139).

5. Prepare-os para futuras oportunidades ministeriais.

Deus usa a singularidade desta perda para qualificar de modo único um casal para posteriormente serem aquela voz necessária e empática para outro casal que sofrerá dor semelhante. As melhores pessoas para cuidar de pessoas que tenham sofrido um aborto são aquelas que já passaram por isso. Deus frequentemente tem lembrado minha esposa e eu disso. Lembre ao casal sofredor que você busca ajudar, que Deus pode muito bem estar preparando-os para a mesma oportunidade um dia. Essa perda não está alheia à promessa de Deus, em que ele promete fazer com que todas as coisas cooperem para o bem de seu povo (Romanos 8.28).

Pastores, protejam-se de involuntariamente negligenciarem a gravidade desta perda. Ela é real, dolorosa e exigirá tempo específico para lamento e trabalho em meio à perda. Às vezes, a melhor coisa a fazer é se sentar com o casal, chorar com os que choram, compartilhar a sua tristeza, e afirmar que essa perda não mudou o bom e amável Deus que formou cada um de nós no ventre de nossa mãe e contou os nossos dias (e os de nossas crianças) quando nem ainda um deles existia (Salmo 139.13-16).

 

Tradução: Camila Rebeca Almeida
Revisão: William Teixeira
Original: How does a pastor minister to a couple who just experienced a miscarriage?


Autor: Brian Croft

Brian Croft é o pastor efetivo da Auburndale Baptist Church em Louisville, Kentucky. Ele também é autor de "Visit the Sick: Ministering God’s Grace in Times of Illness”, (Prefácio de Mark Dever) e "Test, Train, Affirm, and Send Into Ministry: Recovering the Local Church’s Responsibility to the External Call", (Prefácio de R. Albert Mohler Jr). Brian escreve regularmente no blog Practical Shepherding.

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