segunda-feira, 18 de novembro
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Em casa com seu povo na terra

Templos vivos nos quais Deus habita pelo seu Espírito

O trecho abaixo foi retirado com permissão do livro Ainda melhor que o Éden, de Nancy Guthrie, Editora Fiel.


Antes da morte de Jesus, os discípulos ficaram perturbados quando Jesus começou a lhes falar sobre sua partida. Mas Jesus lhes disse que, na verdade, seria melhor para eles que ele fosse, pois, assim, a presença de Deus habitaria não apenas entre eles, mas neles. Imagine como deve ter sido para esses discípulos, cuja vida inteira estava centrada no templo, ouvir que eles não mais precisariam que a presença visível de Deus descesse outra vez sobre o tempo em Jerusalém. Em vez disso, Deus desceria sobre eles, individual e corporativamente, e ali permaneceria por toda a sua vida.

Foi exatamente isso que ocorreu no dia de Pentecostes. Cerca de cento e vinte daqueles que haviam posto sua fé em Cristo estavam reunidos quando pensaram ter ouvido o som de um vento impetuoso. Na verdade, era Deus soprando brando sobre eles. Então, eles viram fogo, o qual reconheceram como um símbolo da presença de Deus, mas esse fogo não desceu sobre uma sarça, um monte ou uma tenda, como nos dias de Moisés, tampouco sobre o templo, como nos dias de Salomão. Esse fogo desceu sobre o povo. Deus estava demonstrando, de forma visível, a realidade de sua presença vindo habitar neles. Eles estavam só começando a entender que se haviam tornado templos vivos, ambulantes e falantes nos quais Deus habita pelo seu Espírito.

Se você está unida a Cristo pela fé, também é parte desse templo vivo, ambulante e falante no qual Deus habita pelo seu Espírito. Pedro escreve que somos pedras vivas que estão sendo edificadas como uma casa espiritual (1Pe 2.5). E Paulo escreve que estamos “sendo edificados para habitação de Deus no Espírito” (Ef 2.19-22). Deus, de fato, está executando seu plano de habitar com seu povo.

Águas vivas estão fluindo do templo à medida que o evangelho é proclamado e abraçado, e vidas estão sendo curadas e saradas, exatamente como Ezequiel observou em sua visão do novo templo. Agora mesmo, Deus está edificando seu novo templo, a igreja, não com pedras talhadas em pedreiras no Oriente Médio, mas com pedras vivas, a vida de crentes ordinários como você e eu.

Apesar de Deus habitar em nós por seu Espírito, continuamos a anelar pelo dia em que nos relacionaremos com Deus face a face. “Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13.12). Às vezes, a solidão e as dificuldades da vida neste mundo são avassaladoras, e nossa vontade é simplesmente ir para casa. Gostaríamos de deixar o corpo e habitar com o Senhor (2Co 5.8). Estamos procurando uma pátria (Hb 11.14). Nós ouvimos a promessa: “Vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14.2-3). E estamos prontas para ir.

Contudo, temos de confessar que há momentos em que nosso coração ainda não está de fato naquele lar. Às vezes estamos tão apegadas a este mundo, tão enamoradas por ele, tão envolvidas com ele, que bocejamos diante da promessa de estar em casa com Deus.

A boa notícia do evangelho é que Jesus mostrou pela casa de Deus o verdadeiro zelo que muitas vezes nos falta. Seu zelo foi creditado em nossa conta espiritual. Na cruz, Jesus tomou sobre si a punição que nós merecemos por nosso foco egocêntrico em nossa própria casa — edificando-a, decorando-a, mobiliando-a, limpando-a, morando nela —, em contraste com nosso parco entusiasmo pela casa de seu Pai. A boa notícia do evangelho é que Deus será fiel ao seu compromisso de vir e habitar conosco, seu povo, muito embora nosso desejo de habitar com ele seja muitas vezes fraco e hesitante.

Aproxima-se o dia em que todas nós ouviremos uma grande voz vinda do trono, dizendo: “Eis o tabernáculo de Deus com os seres humanos. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles e será o Deus deles” (Ap 21.3, NAA). Enfim, estaremos em casa, juntos — não mais relacionando-nos com Deus a distância, não mais separadas dele por causa do nosso pecado. Sentiremos e conheceremos a intimidade com Deus como nunca. Não haverá a menor chance de sermos despejadas. Viveremos com aquele que nos conhece intimamente e nos ama perfeitamente. Seu desejo de habitar conosco será satisfeito, e tudo o que falta em nosso desejo de habitar com ele será suprido. Nosso coração será arrebatado pelo coração dele, de modo que nos sentiremos plenamente em casa na sua presença.

Até lá, continuamos buscando direcionar nosso coração para o lar, usando as palavras divinamente inspiradas dos salmos. Sempre que nos sentirmos tentadas a pensar que os prazeres deste mundo vão nos satisfazer, diremos:

Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente. (Sl 16.11)

Sempre que a culpa do pecado for tão pesada que começarmos a duvidar se há mesmo um lugar para nós no lar que Deus está preparando, diremos:

Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre. (Sl 23.6)

Sempre que nos pegarmos correndo atrás de coisas que nos deixam vazias, disciplinaremos nossos desejos dizendo:

Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo. (Sl 27.4)

Quando encontrarmos nosso coração frio para com as coisas de Deus e o lugar onde habitaremos com ele para sempre, atiçaremos as chamas do desejo em nosso coração, dizendo:

Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo! (Sl 84.1-2)

E continuaremos cantando sobre o lar que partilharemos com nosso Deus pela eternidade:

 

Nosso Deus, no passado, nosso alento, Esperança em anos vindouros,

Nosso abrigo do temporal violento, E nosso lar imorredouro.

Sob a sombra do trono onde te assentas Teus santos encontram guarida;

Suficiente nos é teu braço apenas, Nossa defesa é garantida.

Antes que os montes fossem ordenados, Ou a terra adisse sua moldura,

Tu és sempre Deus desde os tempos passados, E até a eternidade futura.

Aos teus olhos, nosso Deus, eras mil São iguais noite que logo passa;

Curtas qual vigília que se concluiu Antes ainda que o sol nasça.

Tempo, como um riacho que sempre corre, Leva embora toda sua cria;

Voa esquecida, como um sonho que morre Logo na abertura do dia.

Nosso Deus, no passado, nosso alento, Esperança em anos vindouros,

Nosso abrigo do temporal violento, E nosso lar imorredouro. (1)


(1) Isaac Watts, “O God, Our Help in Ages Past”, 1719 [Tradução de Ingrid Rosane de Andrade Fonseca em Douglas Bond, O encanto poético de Isaac Watts (São José dos Campos: Fiel, 2014) (N.T.)].


Autor: Nancy Guthrie

Nancy Guthrie ensina na Christ Presbyterian Church, em Nashville, TN, EUA. É palestrante ativa em conferências teológicas e autora de diversos livros.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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