sexta-feira, 29 de março

O solteiro na cultura moderna

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De todas as muitas mudanças culturais que a igreja não percebeu “entrando em cena” – e possivelmente no topo da lista – pode ser o crescimento dos “solteiros”. Muitas igrejas e cristãos lidam com os solteiros com graça, outros não. Veja se reconhece uma dessas situações:

Mulheres mais velhas bem-intencionadas perguntando às mulheres mais jovens porque elas ainda são solteiras.

Solteiros saindo com um “grupo de amigos”, para descobrir somente na 3ª, 5ª, 7ª ou 9ª rodada, que, involuntariamente, eles são as única pessoas solteiras em meio a um mar de casais.

O pastor está pregando sobre casamento “aos montes”, enquanto aparentemente esquece que cerca de 30% de sua congregação é, na verdade, solteira.

A lista continua. Começamos dessa forma não para oferecer um “abraço em grupo” para ninguém, mas para enfrentar uma dura realidade: a igreja nem sempre tratou de homens e mulheres solteiros. É importante que o façamos, porque, de acordo com o The Atlantic, a idade média do primeiro casamento nos Estados Unidos é de 27 anos para mulheres e 29 para homens. Essas estatísticas dispararam em pouco tempo: em 1990, a idade média do primeiro casamento era 23 anos para mulheres e 26 para homens; em 1960, era 20 para mulheres e 22 para homens. Essa é uma mudança “sísmica”, e que ocorreu em um curto espaço de tempo.

As razões para essa mudança cultural são numerosas. A revolução sexual, sem dúvida, teve um efeito na maneira como os jovens veem seu futuro. O sexo está agora dissociado do casamento aos olhos de muitas pessoas não evangélicas. O horripilante livro American Hookup de Lisa Wade documentou essa mudança. A juventude da sociedade americana também desempenhou um papel nessa tendência. Como notou a famosa socióloga Jean Twenge, essa é a era da “Geração Eu”. Além disso, a urbanização abriu oportunidades para a mudança de vida, o avanço na carreira e a exploração pessoal que confundiriam a mente das gerações passadas.

Poderíamos continuar, mas o ponto parece bastante claro: nossa cultura mudou e isso afetou muitos homens e mulheres piedosos. Os pastores da igreja de Cristo podem condenar essas mudanças, mas eles têm uma tarefa maior: acolher os solteiros.

Eu tenho três sugestões rápidas para esse fim.

Em primeiro lugar, os pastores podem despertar o interesse dos solteiros desafiando tanto os homens como as mulheres a buscarem o casamento com sabedoria.

Muitos dos homens e mulheres que estão atualmente solteiros serão casados ​​em um futuro não muito distante. O número exato é difícil de definir, mas cerca de 80% das pessoas atualmente solteiras vão se casar em algum momento.

No entanto, aqui está a pergunta: como você chega lá? Para os cristãos que amam as Escrituras, a resposta deve envolver o retorno ao roteiro bíblico. O roteiro para a maioria dos homens e mulheres é tão claro quanto antigo. De acordo com Gênesis 2.24, um menino se torna um homem; enquanto homem, ele mostra que é maduro, em parte, deixando pai e mãe; Quando ele sai, ele procura uma mulher para se casar. Isso não é realmente tão complexo, embora viver esse plano possa ser, com certeza. Os pastores não podem casar instantaneamente todos os homens e mulheres solteiros que são chamados para o casamento. Eles podem, no entanto, celebrar o casamento no púlpito e, de forma séria e direta, desafiar os jovens a abraçar a masculinidade. Para muitos homens, isso envolverá procurar uma mulher piedosa, tomar providências para sustentar uma família e desenvolver-se pela graça de Deus como líder espiritual.

Em nosso mundo de “tenho autonomia, faço o que quiser”, os pastores não devem assumir um lado sarcástico ou um comentário vazio ao realizar o trabalho. Eu acho que os pastores estariam servindo melhor ensinando sobre este assunto em uma série de sessões de treinamento. O objetivo não é discursar a homens solteiros. O objetivo é ajudá-los com amor e firmeza. Pastor, a cultura está vendendo a eles uma visão de que estar solteiro é viver com autonomia e autossuficiência. Você tem algo muito melhor para oferecer: a visão encantadora do florescimento humano fundamentada no plano bíblico de Deus para homens e mulheres. Ofereça isso a eles.

Acompanhando os homens, a propósito, prestará importante ajuda às jovens piedosas que estão sob seus cuidados. Muitas delas querem se casar, mas sabem, porque são estudiosas da Palavra, que os homens, como marca de seu chamado conjugal ao longo da vida, devem liderar a formação de um relacionamento.

Se você quer que as mulheres prosperem na alegria profunda do casamento, desafie os homens, ainda que também deva ajudar as mulheres a verem que a cultura está feliz em vender-lhes uma mentira. O feminismo ensinou muitas mulheres que elas não precisam de um homem, quando muitas delas foram feitas por Deus para se casar. As mulheres parecem geralmente menos suscetíveis a uma vida de irresponsabilidade e falta de objetivos do que os homens, mas as mulheres solteiras piedosas também se beneficiarão ricamente do ensino sobre a bondade do casamento.

Em segundo lugar, os pastores podem envolver os solteiros celebrando a vida vivida sozinhos.

Contudo, nosso trabalho não é completo em termos eclesiais, se pararmos por aqui. Nós temos que ir mais longe. Temos que deixar claro que Paulo vê a vida consagrada a Deus, sem os cuidados e complicações do casamento, como uma opção realmente boa, e talvez até melhor, (1Co 7.25-35). Ele vê muito do serviço do reino emanando de uma vida estabelecida de um solteiro. Devemos ter o cuidado de distinguir essa forma de vida “não casada” da versão cultural hedonista, a menos é claro, que queiramos ser mal-entendidos nessa era onde se vive uma interminável existência na idade do ensino médio.

Parte de como fazemos isso é celebrar do púlpito o exemplo de Jesus. Jesus vivia pautado na vontade de Deus. Ele foi enviado à terra por seu pai e viveu para fazer a vontade de seu pai. Ele, na verdade, chamou a vontade do Pai de sua “comida” (João 4.34). Um homem solteiro ou uma mulher solteira que ama a Cristo não pode obedecer ao Pai perfeitamente, mas ele ou ela pode realizar muitas coisas boas pelo poder da graça do evangelho. Solteiros piedosos podem ter profundo prazer em servir ao Senhor. Eles podem conhecer o homem mais feliz e mais santo que já viveu, o Homem-Deus, nunca despenteou o cabelo de um filho, nunca participou de um chá com uma filhinha, ou riu de uma piada particular com uma esposa. Jesus foi solteiro todos os seus dias terrestres e ele estava extraordinariamente satisfeito em Deus.

Devemos celebrar a vida que Jesus levou, e deixar claro que o seu caminho é um caminho viável e até exemplar para homens e mulheres solteiros.

Terceiro, os pastores podem engajar os solteiros pregando a rica doutrina da vocação e serviço.

Quer os solteiros sejam chamados para o casamento ou para o celibato ao longo da vida, eles têm trabalho a fazer. Para um bom número de membros da igreja, pode haver um período – talvez demorado – quando eles não sabem qual é precisamente o seu chamado. Para esses indivíduos, como para toda a igreja, os pastores devem aprofundar a rica doutrina de vocação, ajudando os a ver que é uma honra dada por Deus trabalhar para o Senhor em uma miríade de profissões e chamados (1Co 10.31; Col. 3.23–24). Se os solteiros não sabem exatamente o que fazer, eles podem ouvir de seus líderes que o trabalho deles é importante para Deus e dá a eles um ótimo canal para usar seus dons e interesses.

Os pastores também podem ajudar os solteiros a descobrir a beleza de servir à igreja. A vida de todo crente não é sobre nós; é sobre Deus, e a vida em direção à Deus envolve necessariamente a filiação à igreja. (Acho que alguém escreveu algo sobre isso.) O serviço à igreja pode não significar nada particularmente espetacular; pode implicar servir no berçário, ministrar uma aula da Escola Dominical, limpar a calçada antes do culto matinal e coisas do gênero. Mas todo esse serviço, realizado em união com Cristo, importa. Ele glorifica a Deus, ajusta-se à forma cruciforme da vida cristã e nos torna mais plenamente humanos.

Vocação e serviço: duas grandes áreas da vida que são frequentemente negligenciadas no púlpito, mas que ajudam o povo de Deus a encontrar propósito e esperança neste mundo caído, muitas vezes solitário.

Conclusão

Em uma cultura da igreja, quando os solteiros podem ser tratados como portadores uma doença contagiosa ou serem completamente ignorados, os pastores podem dar grande força a homens e mulheres solteiros simplesmente envolvendo-os como indivíduos. Os meios de engajamento que propus não são fantasiosos ou complexos. Envolvem atenção básica à realidade dos solteiros, à natureza atual generalizada do estado de solteiro e às alças bíblicas para uma vida que glorifica a Deus.

Talvez nunca sejamos capazes de impedir completamente os queridos idosos de julgar os membros solteiros da igreja e perguntar-lhes o que está errado em suas vidas. O que podemos fazer em nossa cultura da igreja, no entanto, é envolver homens e mulheres solteiros como pessoas, não como problemas. Podemos oferecer-lhes verdade bíblica, sabedoria e esperança. Nós podemos ser a igreja para e por eles – pois não importa o que essa vida terrena reserve, como membros do povo de Deus eles são e sempre serão casados com Cristo, que entregou sua vida por sua noiva.

Tradução: Paulo Reiss Junior.
Revisão: Filipe Castelo Branco.
Fonte: Singleness in Modern Culture.


Autor: Owen Strachan

Owen Strachan é professor assistente de Teologia Cristã e História da Igreja na Boyce College, uma faculdade parte do Southern Baptist Theological Seminary, nos EUA. Dr. Strachan também é diretor executivo do The Council on Biblical Manhood & Womanhood.

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