quinta-feira, 26 de dezembro
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Prepare seus filhos contra os perigos do mundo

Princípios fundamentais

Há uma base tríplice para tudo o que está escrito neste livro. Primeiro, vivemos em um mundo corrompido, caído. Há perigos e males, doenças e enfermidades, corrupção, engano e tentação. Não podemos viver neste mundo sem ver os efeitos disso em nossa vida e na vida de nossos filhos.

Considere estas passagens das Escrituras:

Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno. (1Jo 5.19)

Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. (2Tm 3.13)

O homem de Belial, o homem vil, é o que anda com a perversidade na boca, acena com os olhos, arranha com os pés e faz sinais com os dedos. No seu coração há perversidade; todo o tempo maquina o mal; anda semeando contendas. (Pv 6.12-14)

O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. ( Jo 3.19)

Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. (Rm 5.12)

Pessoas perigosas rondam os fracos e ingênuos. O mal é astuto; ele engana e seduz. Promete prazer, mas entrega destruição. O mal é feito contra nós, mas também nos seduz por dentro. Aceitar essa realidade significa que devemos criar filhos que possam lidar com potenciais perigos e responder a esses.

As Escrituras estão cheias de sabedoria sobre como responder a isso. Mateus 10.16 nos diz: “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas”. Provérbios 27.12 aconselha: “O prudente vê o mal e esconde-se; mas os simples passam adiante e sofrem a pena”. Provérbios ainda reitera: 

“O sábio é cauteloso e desvia-se do mal, mas o insensato encoleriza-se e dá-se por seguro” (Pv 14.16).

A Bíblia nos ensina que o sábio vê o potencial de perigo e toma medidas para se proteger. Os sábios têm cautela e discernimento; desviam-se do mal. Aqueles que não agem com tal sabedoria são chamados de ingênuos, simples e tolos, e sofrem por isso. Claramente, não há nenhum benefício em estar alheio ao perigo que existe em nosso mundo. Muitas vezes, os pais não estão dispostos a enfrentar a realidade dos riscos que existem no mundo ao nosso redor e, assim, escondem essa realidade de seus filhos. Porém, se apenas protegermos nossos filhos e não os prepararmos para agir com sabedoria, inadvertidamente criaremos filhos ingênuos e simples, que não sabem como perceber o mal e lidar com ele com sabedoria.

Em segundo lugar, ensinamos nossos filhos a lidarem com este mundo dando-lhes a capacidade de discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado. Nossa cultura pressiona nossos filhos, doutrinando-os com visões falsas sobre romance e amor, moralidade e verdade, sexualidade e identidade. Nosso mundo chama de intolerante aquilo que é bom e santo, e chama de bom aquilo que Deus chama de perverso. Isaías 5.20 diz: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!”.

Manter nossos filhos seguros significa ensinar-lhes os caminhos de Deus — o fato de que ele nos criou para viver seguindo-o. A segurança é construída sobre o fundamento do discernimento entre o certo e o errado. Nossos filhos não podem lidar com este mundo de forma segura sem a capacidade de distinguir entre o bem e o mal. Como pai ou mãe, meu objetivo final para meus filhos não é mantê-los seguros (embora esse seja um objetivo); antes, é que meus filhos conheçam o caminho de Deus e andem na verdade. Andar pela fé e distinguir o bem do mal será um escudo para eles, e acredito que as habilidades de segurança serão o fruto de ensinar os caminhos do Senhor aos nossos filhos. Ensinar aos nossos filhos o bem e o mal produzirá neles sabedoria e discernimento. Como espero que você veja ao longo deste livro, sabedoria e discernimento são a substância do que desejo que você aprenda neste recurso (e seus filhos também). Considere este versículo: “Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal” (Hb 5.14). Observe que os adultos têm suas faculdades exercitadas pela prática, para discernir não somente o bem, mas também o mal.

Discutir os perigos que nossos filhos podem encontrar nos ajuda a entender como podemos começar o processo de preparar a nós mesmos e a eles para estabelecer medidas protetivas adequadas. Este livro é sobre chamar a escuridão existente neste mundo pelo nome e preparar nossos filhos para saberem como evitá-la e como responder a ela, se ela os encontrar. Ao fazer isso, também protegemos nossos jovens das tentações ao seu redor e das armadilhas de escolhas destrutivas.

Ao longo do livro, enfatizo a interpretação de papéis e a discussão para praticar o discernimento, avaliando o certo e o errado. Às vezes, quando falo sobre habilidades de segurança, os objetivos de discernimento e sabedoria estarão explícitos, e outras vezes, implícitos; mas sempre serão a substância do que espero alcançar.

Filipenses 1.9-10 afirma este objetivo: “E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo”. Devemos nos comprometer a treinar, discipular, educar e preparar nossos filhos para que eles recebam a variedade de ferramentas de que precisam para navegar sabiamente neste mundo, caminhando em comunhão com o Senhor.

Distinguir entre o bem e o mal, o certo e o errado é fundamental; as habilidades de segurança são secundárias. Elas são fruto da maneira como cuidamos de nossos filhos. É importante enfatizar isso; pois, se criarmos filhos que de alguma forma foram protegidos dos piores perigos deste mundo, mas não andam com o Senhor, não sabem o que é certo e o que é errado ou não estão atentos aos perigos que vêm de dentro, teremos falhado miseravelmente com eles.

O terceiro fundamento para este livro é a compreensão de que nossa segurança, em última análise, está nas mãos de nosso Deus. O Salmo 37.39-40 nos lembra: “Vem do Senhor  a salvação dos justos; ele é a sua fortaleza no dia da tribulação. O Senhor  os ajuda e os livra; livra-os dos ímpios e os salva, porque nele buscam refúgio”. Nossa esperança final está em um Deus soberano que é nossa torre forte, nosso socorro bem presente nas tribulações (Sl 46.1; Pv 18.10). Considere as passagens a seguir:

Se ando em meio à tribulação, tu me refazes a vida; estendes a mão contra a ira dos meus inimigos; a tua destra me salva. (Sl 138.7)

Todavia, o Senhor é fiel; ele vos confirmará e guardará do Maligno. (2Ts 3.3)

Quem teme ao homem arma ciladas, mas o que confia no SenHOR está seguro. (Pv 29.25)

O Salmo 23 é um lembrete profundo de que andaremos por vales escuros, enfrentaremos inimigos, ficaremos cara a cara com o mal, e o Senhor será nosso pastor, guiando-nos e andando conosco nos lugares difíceis. Sua presença é nosso conforto, nossa esperança e nosso socorro bem presente.

Escrevi um livro inteiro sobre como ensinar nossos filhos a estarem seguros, mas, no fim das contas, Deus é quem cuida de nós. Em última análise, este é um livro sobre ensinar nossos filhos a viverem na luz e lidar com as trevas deste mundo enquanto nutrem um relacionamento de confiança com seu amoroso Pai celestial. À medida que explorarmos as Escrituras, entenderemos mais profundamente o chamado para sermos sábios, ver o perigo e fugir dele (Pv 27.12), ter coragem (2Cr 32.7-9; Pv 28.1) e defender os indefesos (Pv 31.8-9; Is 1.17). Não devemos ser passivos em nosso envolvimento com a injustiça, o perigo, os maus-tratos e o mal. Devemos responder a eles e, ao mesmo tempo, descansar em nosso Protetor supremo.

Por que “proteger”?

O que quero dizer quando uso o termo “proteger”? Significa trabalhar com você para estabelecer um lar e uma cosmovisão que preservem seus filhos. Os pais são a primeira linha de defesa. Somos responsáveis por cuidar, proteger e discipular nossos filhos. Devemos discernir perigos imediatos e futuros, e ter um plano de como combatê-los. Somos os principais educadores de nossos filhos. Nosso trabalho é dar a eles o conhecimento e as habilidades para navegar pelo mundo ao seu redor. No entanto, quando se trata de predadores sexuais, perigos online, bullying e outros perigos comuns, os pais muitas vezes ficam em silêncio porque não sabem o que fazer ou por onde começar.

Nossos filhos serão confrontados com riscos e perigos, e ensiná-los e prepará-los é nossa tarefa. Eles também se verão (como nós) tentados por coisas que ameaçam arruiná-los. Uma cosmovisão bíblica entende que não devemos apenas nos proteger contra os perigos e ameaças ao nosso redor; devemos proteger nosso próprio coração da corrupção.

Para alguns de vocês, este livro será um recurso muito bem-vindo. Você já está ciente há muito tempo dos perigos que existem. Você está plenamente ciente da necessidade tanto de proteger como de preparar os jovens. Talvez você tenha experimentado alguns desses perigos em sua própria vida e deseje salvar seus filhos de um sofrimento semelhante. Talvez tenha visto em primeira mão, na vida de seu filho, parente ou amigo, como essas coisas prejudiciais podem acontecer. Você está ciente e na ativa. Agora pode fazer parte da prevenção, preparando-se e ajudando a preparar as pessoas ao seu redor.

Para alguns outros, isso pode parecer um choque em seu sistema. Talvez você pense: “Certamente não é tão ruim assim”, ou “Ela está exagerando e semeando medo em nós”. Garanto que não estou. Como mãe e conselheira, vi e ouvi mais histórias do que conseguiria contar. Histórias de crianças e adolescentes, de famílias como a minha e a sua, sendo expostos aos males deste mundo e vendo o rastro de destruição deiXado. Aceitar isso nos ajuda a nos tornarmos mais sábios em nossa resposta.

Posso garantir que não desejo que você viva com medo ou ansiedade. A porta do perigo não se abriu de repente diante de você; ela sempre esteve aberta. Seus filhos são vulneráveis. A dificuldade é que muitos pais acreditam que a ignorância é uma bênção. Os pais me dizem: “Quanto menos eu souber, melhor. Acho que não quero saber o que meus filhos estão fazendo nas redes sociais”. Realmente acreditamos que é melhor não estarmos cientes, enquanto nossos filhos abrem a porta e enfrentam ameaças com frequência? Devemos escolher viver com os olhos bem abertos.

Meu objetivo é preparar você e seus filhos. Este livro trata da segurança como fruto da distinção entre o bem e o mal, do desenvolvimento do discernimento e da sabedoria. O Senhor diz que ele a dá generosamente àqueles que pedem (Tg 1.5). Somos alertados a não sermos pegos desprevenidos pelas armadilhas e perigos deste mundo. Devemos ter sabedoria e discernimento. Devemos proteger nossos lares, preparar nossos filhos e confiar naquele que é nosso refúgio. Quando o fazemos, somos capazes de repousar a cabeça à noite, porque o Senhor é e será nossa segurança. Quando tivermos feito tudo o que pudermos para proteger nossos lares, então poderemos ser como Davi e, mesmo diante do perigo, dizer: “Em paz me deito e logo pego no sono, porque, SenHOR, só tu me fazes repousar seguro” (Sl 4.8). Nosso Pai celestial é nossa verdadeira proteção e podemos confiar nele.

Este artigo é um trecho adaptado e retirado com permissão do livro: Prepare seus filhos contra os perigos do mundo, de Julie Lowe, Editora Fiel (em breve).


Autor: Julie Lowe

Julie Lowe, MA, é membro do corpo docente do CCEF e conselheira profissional licenciada com quase duas décadas de experiência em aconselhamento. Julie também é ludoterapeuta registrada e desenvolveu um consultório nessa área no CCEF para melhor atender famílias, adolescentes e crianças. Julie é autora de vários livros na área de aconselhamento.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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