quinta-feira, 2 de maio
Se cristãos frequentes fiéis à igreja não sabem responder essa questão, não surpreende que muitas igrejas não saibam porque pagar seu pastor.

O Salário do Pastor

Muitas vezes os pastores negligenciam discipular os santos sobre como pensar a respeito do dinheiro dentro de uma perspectiva bíblica. Acredito que essa seja uma declaração indiscutível.

Pastor, seu povo sabe responder a perguntas difíceis como estas?

  • Como os cristãos devem pensar em ganhar dinheiro?
  • Eles deveriam abordar a economia de dinheiro de maneira diferente dos não cristãos?
  • Que princípios entram em jogo quando eles gastam e investem dinheiro?
  • Como eles podem receber o dinheiro como uma bênção? Como eles podem tomar cuidado para que o dinheiro não se torne uma maldição?
  • Como os crentes podem adorar a Deus por meio da abnegação financeira? Como eles podem adorar a Deus desfrutando do que Deus lhes deu?

Se os cristãos fiéis que frequentam a igreja, semana após semana, e permanecem no escuro sobre as respostas para perguntas como essas, não deve nos surpreender que muitas igrejas não saibam como e por que devem pagar seu pastor. Neste breve artigo, farei três perguntas para discutir três abordagens antibíblicas que observei sobre assalariar os pastores.

1. E se eu quiser servir vocacionalmente no ministério sem receber salário?

Como ministro pago da Palavra de Deus, sinto algum nível de constrangimento em torno deste tópico. Afinal, há pelo menos um lugar nas Escrituras onde Paulo explica por que ele e Barnabé não recebiam salário de seu trabalho. Mas o constrangimento não estava em sua lista de razões.

É possível que haja uma boa razão para se recusar a receber um salário de uma igreja que possa pagá-lo. Mas é improvável que sua situação se qualifique como regra. Quando você está ignorando mandamentos claros como o que se encontra em 1 Timóteo 5.18 e se apega a exceções, como o fato de Paulo não receber o salário por seu trabalho ministerial em Corinto, você precisa ter uma razão convincente.

Se os deveres atribuídos a um pastor não o fazem deixar sua vocação atual, então é permitido não pagar um salário. O princípio aqui é simples: quanto tempo leva para fazer bem o seu trabalho? No entanto, quando fazemos da “fabricação de tendas” o modelo de como todos os pastores devem prover para si e suas famílias, negamos à igreja o privilégio de ter um pastor totalmente separado para o trabalho do ministério. Ele terá uma mente e um calendário divididos, apesar de suas melhores intenções.

Entendo o motivo pelo qual o modelo de “fabricação de tendas” parece atraente, e alguns motivos são mais nobres e persuasivos do que outros. Por exemplo, em alguns casos, “fazer tendas” pode permitir que o evangelho avance em lugares hostis. Mas em outros casos, suspeito que essa manobra seja uma maneira de o inimigo manter nossas igrejas enfraquecidas.

Devemos buscar em nossos corações aquele impulso que nos leva a escolher o caminho que nos impede de perder nossa identidade no mercado de trabalho. Devemos identificar nossos desejos pecaminosos que valorizam excessivamente o respeito vindo do mundo. Se a igreja, especialmente na área de pregação, precisa que um pastor desista de sua vocação pelo bem da igreja, então que assim seja. Que muitos homens qualificados possam ter uma oportunidade tão nobre! Não devemos nos esconder atrás de “fazer tendas” como o modelo bíblico para todo pastor. Somos pecaminosos demais para não suspeitar dos motivos impuros escondidos em nosso desejo de quebrar as normas das Escrituras.

A Bíblia ensina que a tarefa de um pastor é um trabalho nobre (1Co 9.7), e, quando feito vocacionalmente, merece remuneração (1Tm 5.17) ― assim como todo trabalho honesto. Esses versículos, especialmente 1 Coríntios 9.14, nos mostram que é correto e bíblico pensar em tal remuneração como um salário, não apenas algum tipo de apoio benevolente. Afinal, Paulo compara o trabalho pastoral a várias vocações “seculares” que seriam familiares ao seu público. E então ele conclui: “Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho” (1Co 9.14).

Então, estou dizendo que não se pode ter um emprego no mercado de trabalho e servir a igreja como um pastor que prega regularmente? Não necessariamente. Mas estou pedindo que você seja sensível ao perigo de nutrir uma cultura doentia de não pagar seu pastor. Essa cultura, tanto no futuro imediato quanto no longo prazo, prejudicará a igreja e sua missão. Mesmo que você não precise do salário por causa da riqueza herdada ou do dinheiro ganho em outro lugar, considere o exemplo que você está dando de como a igreja deve se relacionar com seu sucessor. Vocês dois estão enfraquecendo seus músculos de generosidade agora e você está tentando a igreja a menosprezar seu sucessor quando ele pedir uma renda. É melhor que você receba uma renda agora e desfrute do privilégio de doá-la silenciosamente.

2. E quanto à necessidade de diferenciar entre o evangelho da prosperidade e o verdadeiro evangelho?

Paulo e Pedro advertem sobre o amor ao dinheiro no pastorado, referindo-se a isso na linguagem da versão King James como um desejo da “ganância do lucro” (Tt 1.11; 1Pe 5.2). Nossas versões contemporâneas usam “torpe ganância” (ARA) ou “vergonhosa ganância” (NAA) para traduzir a expressão. O aviso para os pastores aqui é que eles devem fugir e lutar contra o amor ao dinheiro. A pobreza nunca desqualificou um homem de seu cargo.

Existem falsos mestres que têm “coração exercitado na avareza” (2Pe 2.14). Esses são os pregadores da prosperidade que não deram atenção ao aviso das Escrituras. Eles amam o dinheiro e, por isso, tornaram a relação entre um pastor e seu salário confusa para alguns.

Assim, um ministro da Palavra de Deus é livre para recusar um salário caso essa remuneração prejudicar o trabalho do evangelho em seu contexto específico de ministério. Esta foi a motivação de Paulo para recusar o pagamento entre os coríntios (1Co 9.12-18).

Dito isto, os lugares onde o evangelho da prosperidade corre desenfreado precisam tanto de ensino bíblico adequado quanto de exemplos saudáveis ​​de como as igrejas podem cuidar financeiramente de seus pastores. Os cristãos precisam ver que o dinheiro pode capacitar o pastor a servir a sua igreja, e não meramente elevar seu estilo de vida acima do da congregação ― ou, pior, afastar a igreja de Cristo e em direção aos falsos deuses do mundanismo, materialismo e Mamom.

3. E os missionários que trabalham de graça?

Missionários, que são apoiados por igrejas no exterior, às vezes oferecem aconselhamento, pregação, ensino e liderança “gratuitos” às igrejas. Em muitos contextos globais, esse trabalho gratuito fomenta a complacência nas igrejas indígenas. Isso torna mais plausível que os cristãos não paguem seus pastores. Nos casos mais extremos, os missionários promovem uma visão hiperespiritual do dinheiro que resulta em pastores locais sendo muito mal pagos ou não remunerados ― mesmo aqueles que trabalham em tempo integral.

Infelizmente, não é raro ver pastores nacionais trabalhando no ministério com pouco ou nenhum pagamento enquanto suas esposas e filhos definham na miséria. Durante todo o tempo, eles são elevados como “modelos de fé” por missionários viajantes que desfrutam de amplo apoio de seu país de origem. Estes pastores podem ser modelos de fé, mas não por mérito das igrejas que eles servem ou dos missionários que os lideram.

Conclusão

A questão de pagar seu pastor não é uma questão cultural, é um mandato bíblico. E deve ser tratado como tal.

A Grande Comissão tem sido em muitos casos prejudicada por nossa negligência neste tópico. A Palavra de Deus definha no púlpito porque as igrejas foram ensinadas a investir em edifícios e projetos, não em homens que se entregaram ao ministério da Palavra. Temos chamado, de maneira errada e até mesmo pecaminosa, homens a escolherem entre desobedecer ao chamado para prover suas próprias famílias (1Tm 6.8) e o chamado para ir por causa do nome dele. Embora Deus possa chamar pastores e missionários para suportar dificuldades financeiras por causa do avanço do Evangelho, nenhuma igreja é solicitada a fazer disso sua política oficial.


Autor: Ken Mbugua

Parceiro: 9Marks

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O ministério 9Marks tem como objetivo equipar a igreja e seus líderes com conteúdo bíblico que apoie seu ministério.

Ministério: Ministério Fiel

Ministério Fiel
Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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