sábado, 4 de maio
soberania

10 versículos-chave da Bíblia sobre a soberania de Deus

Este artigo faz parte da série Versículos-chave

Todas as seções de comentários foram adaptadas da Bíblia de Estudo da Fé Reformada com Concordância, Editora Fiel.

1. Efésios 1.11

Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, a predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade. 

Uma afirmação abrangente sobre a ampla dimensão da vontade de Deus e de seu soberano poder para decretar todo o seu propósito e todo o seu plano. Os crentes foram “predestinados” para receber uma “herança”.

2. Romanos 8.28

Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles

que são chamados segundo o seu propósito.

Os cristãos avaliam o presente à luz de sua segurança sobre o futuro. Os crentes são “aqueles que amam a Deus” — o amor é o fruto necessário de uma fé viva, Gálatas 5.6. Nosso amor a Deus é produzido pelo conhecimento de seu amor por nós (5.5-8).

Aqueles que receberam vida espiritual e foram trazidos à fé (v. 30; cf. 1.6; 9.11; 1Co 1.9, 24, 

O propósito de Deus garante o “bem” para seu povo. Para eles, isso não significa, necessariamente, facilidade e tranquilidade, mas, sim, ser como Cristo (vv. 17-23, 29). A providência de Deus governa de modo a garantir que tudo que nos acontece coopera para nosso bem supremo, que Paulo identifica imediatamente como sermos conformados à imagem de Cristo (v. 29; cf. Ef 1.3-14).

 

3. Mateus 10.29-31

Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados. Não temais, pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais.

Deus ordena todas as coisas, desde a queda de um pardal até o número de fios de cabelo na cabeça.

 

4. Colossenses 1.16-17

Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.

Cristo é tanto o agente como o alvo da Criação, ele é o Senhor de tudo que existe, até mesmo da hierarquia angelical que os colossenses estavam sendo tentados a aplacar ou reverenciar (2.18, nota).

Uma reafirmação forte da prioridade temporal e da importância universal de Cristo, este versículo torna explícito o que estava implícito no v. 16. Cristo existia desde antes de toda a Criação. Ele mesmo é, portanto, não criado. Não se pode dizer, como disseram posteriormente os seguidores de Ário (c. 250–336 d.C.), que “houve um tempo em que Cristo não existia”. O pensamento de que Jesus é, a cada momento, o Sustentador do universo, cujo poder unificador faz a ordem criada se manter coesa, é ecoado em Hebreus 1.2, 3.

 

5. Isaías 45.7-9

Eu formo a luz e crio as trevas;

faço a paz e crio o mal;

eu, o Senhor, faço todas estas coisas.

Destilai, ó céus, dessas alturas,

e as nuvens chovam justiça;

abra-se a terra

e produza a salvação, e juntamente com ela brote a justiça;

eu, o Senhor, as criei.

Ai daquele que contende com o seu Criador!

E não passa de um caco de barro entre outros cacos.

e Acaso, dirá o barro ao que lhe dá forma: Que fazes?

Ou: A tua obra não tem alça.

Uma designação frequente de Deus como criador, governante e redentor de seu povo é o verbo “formo”. O verbo denota planejamento (“propósito” — 46.11); autoridade, como a de um artesão sobre seus materiais (41.25); criação e providência (45.18); e a formação de um novo povo (43.1, 21; 44.2, 21; 49.5; 64.8).

O Senhor afirma seu poder sobre dois polos de realidade fundamentais, luz e trevas, cuja separação foi o primeiro passo no processo de criar o mundo (Gn 1.3, 4). Os termos opostos “paz” e “mal” incluem realidades políticas que Ciro distribuirá ao cumprir o propósito de Deus.

A criação deve preparar-se para o ato de redenção do Senhor, descrito por dois sinônimos: “justiça” e “salvação” (12.2; 26.17, 18 e notas). Em Provérbios 3.20, as chuvas estão

associadas à criação, mas, embora a terra tenha brotado plantas verdes no princípio, agora brotará salvação e justiça.

A figura de oleiro e barro é comum para representar a soberania do Senhor sobre seu povo. Ele é seu criador e, como tal, tem o direito de designar lhes propósito e determinar se estão cumprindo-o. De fato, como um oleiro, o Senhor formou literalmente o primeiro homem, Adão, do pó da terra (Gn 2.7; cf. v. 12). Os seres humanos não têm quaisquer direitos independentes dos que lhe foram designados por aquele que os criou; e buscar essa autonomia é colocar-se sob um julgamento de maldição (“ai”). Cf. Jeremias 18.6; Romanos 9.20, 21.

 

6. Provérbios 16.33

A sorte se lança no regaço,

mas do Senhor procede toda decisão.

Lançar sortes era uma forma comum de adivinhação no mundo antigo,

um recurso empregado para se descobrir a vontade dos deuses. Esse método de discernir a vontade do Deus verdadeiro não era proibido no Israel antigo, porque o Senhor governa até mesmo sobre as sortes (Lv 16.8-10; Nm 26.55; Js 18.6-10; Jz 20.9; 1Sm 10.19-21; Ne 10.34; 11.1; Pv 16.33; 18.18; At 1.24-26).

A resposta não era uma questão de chance; ela veio de Deus (At 1.26), porque do Senhor procede toda decisão. Sob o governo soberano de Deus, aquilo que talvez pareça acaso para nós é ordenado por aquele que faz todas as coisas de acordo com o conselho de sua vontade (Ef 1.11).

 

7. Jó 42.2

Bem sei que tudo podes,

e nenhum dos teus planos pode ser frustrado.

Apropriadamente, agora Jó se sente mais que humilhado: ele deve arrepender-se de suas

palavras temerárias, as quais põem em dúvida a justiça de Deus durante seu mais profundo sofrimento e sua audácia de pensar que seria capaz de instituir procedimentos contra Deus. Em razão de sua experiência, seu arrependimento é espontâneo e sincero quando reconhece as dimensões plenas da soberania de Deus e confessa sua loucura em questionar a bondade e a justiça de Deus.

 

8. Lamentações 3.37–39

Quem é aquele que diz, e assim acontece,

quando o Senhor o não mande?

Acaso, não procede do Altíssimo

tanto o mal como o bem?

Por que, pois, se queixa o homem vivente?

Queixe-se cada um dos seus próprios pecados.

Tudo que acontece é pela palavra de Deus (Gn 1.3), tanto o bem como a calamidade (Am 3.6).

Uma vez que todas as coisas acontecem pela palavra do Senhor, ninguém pode queixar-se quando Deus traz calamidade como punição para o pecado.

O pecado do povo é uma parte importante da resposta do poeta ao problema de julgamento e

aflição (por mais horrível que seja o julgamento de Deus; cf. 2.20-22). A expressão em hebraico significa que o pecado e a consequente punição caminham sempre juntos.

 

9. Atos 4.27–28

Porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram.

No batismo de Jesus, a voz do Pai uniu a filiação real de Jesus como o Cristo (Ungido — Sl 2.7) à sua identidade como o Servo sofredor e aprazível (Is 42.1; cf. Lc 3.22). Por isso, agora a Igreja reconhece Jesus como o Rei ungido e santo Servo.

Os crentes entendem corretamente que tanto judeus (Pôncio Pilatos)  como gentios (gente de Israel), com seus governantes, são responsáveis pela crucificação de Jesus e reconhecem que o Salmo 2 prefigurava essa conspiração multiétnica contra o Ungido do Senhor, Jesus.

Os governantes eram Herodes Antipas, um filho de Herodes, o Grande, e tetrarca (ou seja, um governante subordinado a Roma) da Galileia e da Pereia (Lc 3.1; 23.6, 7), e Pôncio Pilatos, que foi o governante romano da Palestina de 26 a 36 d.C. (Lc 3.1; 23.1-24).

Nada, nem mesmo a morte injusta do Filho de Deus, acontece à parte da vontade e do controle soberano de Deus (ver 2.23). A certeza do plano de Deus para o mundo é estabelecida por seu “propósito” soberano e garantido por sua “mão” todo poderosa. Os primeiros capítulos de Atos ensinam a compatibilidade da soberania divina com a responsabilidade humana. Embora os assassinos de Jesus tenham agido em consonância com o que Deus havia determinado, eles eram agentes moralmente responsáveis e culpáveis por sua impiedade (3.15). Cf. Gn 50.20.

 

10. Efésios 1.4

Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor

Paulo se regozija no fato de que Deus escolhe pessoas para se relacionar com ele (Rm 8.29-33; 9.6-26; 11.5, 7, 28; 16.13; Cl 3.12; 1Ts 1.4; 2Ts 2.13; Tt 1.1). Alguns sugerem que “nele” significa que Deus previu aqueles que teriam fé em Cristo e, com base nisso, os escolheu.

Essa sugestão acrescenta um pensamento que não está no texto; além disso, Paulo ensina, em outra passagem, que o próprio estar “em Cristo” é algo para o qual alguém é escolhido (1Co 1.26-31). Paulo diz explicitamente que o único fundamento do amor predestinador de Deus é seu próprio beneplácito (vv. 5, 10; cf. Dt 7.7, 8), e não alguma coisa que os eleitos fizeram ou farão (Rm 9.11, 16). “Nele” significa que a escolha de Deus sempre teve em vista um povo caído em união com seu Redentor (2Tm 1.9). Cf. 1 Pedro 1.18-21; Apocalipse 13.8. 

Deus tenciona levar seus eleitos da morte espiritual no pecado (2.1-5) para o perdão dos pecados em Cristo (1.7) e, por fim, à eliminação de todo pecado na experiência deles (Rm 8.29, 20). Portanto, é falso dizer que a eleição leva a um viver leviano e pecaminoso (cf. 2.10; 4.1-3, 17-24; 5.25-27). Cf. 5.27; Colossenses 1.22. 

Se “em amor” pertence à expressão anterior, ajuda a explicar as naturezas da santidade e da irrepreensibilidade às quais os crentes são chamados; isso é coerente com o uso da expressão em outras passagens (3.17; 4.2, 15, 16; 5.2). Se pertence ao v. 5, a frase explica a predestinação não simplesmente como uma questão de decisão de Deus, mas também como um ato de seu amor (Os 11.1). Esse entendimento talvez seja o melhor, sendo também coerente com 2.4, 5.


 

Selecionamos algumas literaturas nas quais você poderá se aprofundar no tema:

Providência, de John Piper, Editora Fiel

Deus é Soberano, de A. W. Pink, Editora Fiel


Autor: Editorial online do Ministério Fiel

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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