quinta-feira, 26 de dezembro
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10 versículos-chave da Bíblia sobre Providência

O que Deus cria, ele também sustenta

Jonathan Edwards escreveu: “Cada átomo no universo é governado por Cristo, de modo que contribua para o bem do cristão, cada partícula de ar e cada raio do sol; para que, no outro mundo, quando ele vier para vê-lo, possa sentar-se e desfrutar toda essa vasta herança com alegria extasiante e admirável.”

Separamos alguns versículos sobre esse importante tema que permeia toda a Escritura para trazermos à memória a grandeza da providência de Deus na história.Este artigo faz parte da série Versículos-chave. Todas as seções de comentários são adaptadas da Bíblia de Estudo da Fé Reformada com Concordância, Editora Fiel.

1. Isaías 46.8–10

“Lembrai-vos disto e tende ânimo; tomai-o a sério, ó prevaricadores. Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade.”

O termo “coisas… da antiguidade” – inclui os atos passados de livramento do povo do Senhor e de julgamento sobre seus inimigos, nos quais ele demonstrou poder real para dirigir o curso dos eventos.

2. Atos 17.26–27

“De um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós.”

Toda a raça humana descende de Adão, seu representante pactual original, cuja decisão afetou todos os seus descendentes concebidos de maneira natural (Rm 5.12-21; 1Co 15.21, 22). Ver nota teológica “Pecado Original”, na p. 17.

Em outra passagem, Paulo (ecoando Sl 14.1-3) diagnostica francamente a rebelião inata de toda a raça humana sem a graça renovadora de Deus. “Não há quem busque a Deus; todos se extraviaram” (Rm 3.11-12). Para os filósofos atenienses, o argumento de Paulo é que a revelação geral de Deus torna os gentios indesculpáveis, por adorarem falsos deuses. O dom de Deus de “vida, respiração e tudo mais” (v. 25) para toda a humanidade deve levar toda a raça humana a desejar conhecer seu Criador. Eles não podem justificar sua idolatria alegando que a revelação de Deus no universo criado é insuficiente, porque ele não está realmente “longe de cada um de nós” nessa revelação geral, como os poetas pagãos reconheceram (v. 28).

3. Efésios 1.11–12

“Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo.”

“Todas as coisas… sua vontade” é uma afirmação abrangente sobre a ampla dimensão da vontade de Deus e de seu soberano poder para decretar todo o seu propósito e todo o seu plano. Os crentes foram “predestinados” para receber uma “herança”.

4. Gênesis 50.18–20

“Depois, vieram também seus irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Eis-nos aqui por teus servos. Respondeu-lhes José: Não temais; acaso, estou eu em lugar de Deus? Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida.”

José reconhece que seu cativeiro foi parte do gracioso plano de Deus para salvar a família pactual (45.5-8); seu papel não é questionar a sabedoria de Deus.

“Intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem” é uma clássica afirmação do soberano domínio de Deus sobre a história humana na concretização de seus graciosos propósitos (24.27; 45.5, 7, 8 e notas). Ver “Providência”, em Provérbios 16.33.

“que se conserve muita gente em vida” tanto no Egito, como em Canaã e em outros lugares (41.57). Visto à luz da primeira promessa de Deus a Abraão, de que todas as nações seriam abençoadas por meio de seus descendentes (22.18), as ações de José prefiguram as de Jesus Cristo. No entanto, a salvação que Cristo provê estende-se para muito além de alimentar as pessoas nos tempos de fome.

5. Salmo 103.19

“Nos céus, estabeleceu o Senhor o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo.”

Ver nota teológica “Providência”, na p. 1045.

PROVIDÊNCIA

O significado original de providência é “ver de antemão ou por antecipação” ou “prover”. Como tal, a palavra não comunica o profundo significado da doutrina da providência. A doutrina significa muito mais do que Deus ser um espectador dos acontecimentos humanos.

Contém muito mais do que uma simples referência ao seu conhecimento antecipado.

No século XVII, os teólogos de Westminster definiram a providência nos seguintes termos: Deus, o Criador de todas as coisas, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as criaturas, ações e coisas, desde a maior até a menor, por meio de sua sábia e santa providência, de acordo com sua presciência infalível e o conselho imutável de sua própria vontade, para o louvor da glória de sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia (CFW 5.1).

O que Deus cria, ele também sustenta. O universo é dependente de Deus não somente em relação à sua origem, mas também para continuar a existir. O universo não pode existir nem funcionar por seu próprio poder. Deus sustenta todas as coisas por seu poder. É nele que vivemos, nos movemos e existimos.

O ponto central da doutrina da providência é a ênfase no governo de Deus sobre o universo. Ele governa sua criação com soberania e autoridade absolutas. Governa tudo que vem a acontecer, dos maiores aos menores eventos.

Nada acontece além do escopo do governo providencial de Deus. Ele faz a chuva cair e o sol brilhar. Levanta reinos e os destrói. Deus sabe o número dos fios de cabelo em nossa cabeça e dos dias de nossa vida.

Há uma diferença crucial entre a providência de Deus e destino, sina e sorte. A chave para essa diferença reside no caráter pessoal de Deus. O destino é cego, enquanto Deus vê todas as coisas. A sina é impessoal, enquanto Deus é Pai. A sorte é muda, enquanto Deus pode falar. Não há forças cegas ou impessoais em operação na história da humanidade. Tudo chega a acontecer pela mão invisível da Providência.

Em um universo governado por Deus, não existem eventos fortuitos. Na verdade, não existe algo como o acaso. O acaso não existe. Trata-se apenas de uma palavra usada para descrever possibilidade matemática. Mas o próprio acaso não tem poder algum, porque não tem existência. O acaso não é uma entidade que possa influenciar a realidade.

O acaso não é uma coisa. O acaso é nada. Outro aspecto da providência é chamado concomitância. A concomitância se refere às ações contíguas de Deus e dos seres humanos. Somos criaturas que têm vontade. Fazemos as coisas acontecerem. Mas o poder causal é secundário. A soberana providência de Deus está sobre e acima de nossas ações. Deus realiza sua vontade por meio das ações de vontades humanas, sem violar a liberdade dessas vontades humanas. O exemplo mais claro de concomitância que encontramos nas Escrituras está no caso de José e seus irmãos. Embora os irmãos de José fossem verdadeiramente culpados pela traição contra ele, a providência de Deus estava agindo até mesmo por meio dos pecados deles. José disse a seus irmãos: “Vós, na verdade, intentaste o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida” (Gn 50.20).

A providência redentora de Deus pode agir por meio das ações mais perversas. A pior ofensa já cometida por um ser humano foi a traição de Cristo por Judas. No entanto, a morte de Cristo não foi um acidente da história. Aconteceu de acordo com o conselho de Deus. O ato ímpio de Judas contribuiu para a realização da melhor coisa que já se deu na história, a expiação. Não é por acaso que nos referimos àquele dia como “Sexta-feira Santa”.

6. Mateus 10.29–31

“Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados. Não temais, pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais.”

Essa imposição de temer a Deus, e não às pessoas, pode ser um desenvolvimento de Isaías 8.12, 13 (cf. 1Pe 3.14, 15). É corroborada por quatro argumentos: (1) os atos dos perversos serão expostos pelo que são; (2) embora uma pessoa possa matar o corpo, Deus pode punir alma e corpo; (3) Deus ordena todas as coisas, desde a queda de um pardal até o número de fios de cabelo na cabeça; e (4) os que negam Jesus quando ocorre ameaça pelos humanos serão negados por Jesus na presença de seu Pai celestial. A Bíblia ensina, de modo consistente, que o temor e a reverência são respostas apropriadas a Deus.

Sobre o inferno, veja nota em 5.22.

7. Romanos 8.28

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.”

Os cristãos avaliam o presente à luz de sua segurança sobre o futuro. Os crentes são “aqueles que amam a Deus” — o amor é o fruto necessário de uma fé viva, Gálatas 5.6. Nosso amor a Deus é produzido pelo conhecimento de seu amor por nós (5.5-8).

Os chamados são queles que receberam vida espiritual e foram trazidos à fé (v. 30; cf. 1.6; 9.11; 1Co 1.9, 24, 26-29).

O propósito de Deus garante o “bem” para seu povo. Para eles, isso não significa, necessariamente, facilidade e tranquilidade, mas, sim, ser como Cristo (vv. 17-23, 29).

A providência de Deus governa de modo a garantir que tudo que nos acontece coopera para nosso bem supremo, que Paulo identifica imediatamente como sermos conformados à imagem de Cristo (v. 29; cf. Ef 1.3-14).

8. Jeremias 1.5

“Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações.”

A criação e a eleição de Jeremias por parte de Deus caminham juntas (quanto ao verbo “conhecer” no sentido de “escolher”, ver Gn 18.19; Am 3.2). Essa separação feita antes do nascimento é a base da função profética de Jeremias. Compare também Moisés, cuja narrativa de nascimento (Êx 2) tem o mesmo significado, e Paulo (Gl 1.15). Não é possível recusar o comissionamento soberano de Deus.

A mensagem de Jeremias é principalmente para Judá, mas ele também tem palavras de julgamento para outras nações (25.8-37; 46–51).

Esses oráculos de julgamento contra as nações visam encorajar o povo de Deus em relação ao fato de que a aliança de Deus com Abraão, em Gênesis 12.1-3, ainda está intacta, pois essa aliança promete julgamento sobre aqueles que fizeram mal a Israel.

9. Provérbios 16.33

“A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda decisão.”

Sobre a sorte, ver nota em Jonas 1.7.

A resposta não era uma questão de chance; ela veio de Deus (At 1.26). Sob o governo soberano de Deus, aquilo que talvez pareça acaso para nós é ordenado por aquele que faz todas as coisas de acordo com o conselho de sua vontade (Ef 1.11).

10. Salmo 104.27–30

“Todos esperam de ti que lhes dês de comer a seu tempo. Se lhes dás, eles o recolhem; se abres a mão, eles se fartam de bens. Se ocultas o rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem e voltam ao seu pó. Envias o teu Espírito, eles são criados, e, assim, renovas a face da terra.”


Este artigo faz parte da série Versículos-chave.

Todas as seções de comentários adaptadas da Bíblia de Estudo da Fé Reformada com Concordância, Editora Fiel.


Autor: Editorial online do Ministério Fiel

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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