quinta-feira, 18 de abril

A igreja e a guerra às drogas (Parte 1/2)

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Eu vivo em uma comunidade arruinada pelas drogas, crianças a partir dos sete ou oito anos já fumam maconha regularmente (eu fumei meu primeiro baseado aos doze anos). A heroína é tão fácil de se obter como um litro de leite da loja local. Crack, Cocaína, Ecstasy, LSD, você pede e ela pode ser entregue à sua porta em poucos minutos, e isso em relação apenas às substâncias ilegais, os medicamentos prescritos são ainda mais problemáticos. Valium é praticamente a moeda corrente nesses locais, estimulantes, calmantes, antidepressivos, antipsicóticos, analgésicos, Morfina, Metadona – você escolhe, existe um mercado para tudo isso. Estamos nas garras de uma epidemia de drogas prescritas em Niddrie (na verdade em todo o nosso país) e pouquíssimas pessoas parecem notar, ou importar-se.

Os resultados estão aí para todos verem. Jovens, homens e mulheres, vendendo seus corpos por sexo, roubando seus pais, avós e vizinhos para conseguir uma solução rápida para seus vícios. Crianças a partir dos cinco anos usadas como mulas, crimes violentos e intimidação fazem parte da rotina, assaltos, suicídio, depressão crônica e toda uma série de problemas de saúde mental e, não menos importante, o assassinato. Para muitos, a guerra contra as drogas está perdida e a política do governo deveria atuar na “prevenção”. A maconha agora é, aparentemente, “medicinal” – um argumento que eu ouço ser ridiculamente usado por todos os usuários que conheço aqui na comunidade. Aparentemente, de acordo com alguns “especialistas”, há pouca ou nenhuma evidência no sentido de que a maconha seja uma “porta de entrada”, um caminho para drogas mais pesadas, ainda que, cada usuário que eu conheço, sem exceção, começou seu vício nas drogas experimentando a maconha. Eu não tenho certeza de quem seja o responsável por todas as, assim chamadas, estatísticas sobre isso, mas deixe-me dizer que essas pessoas nunca passaram mais de cinco minutos em uma comunidade de moradia social para pessoas carentes!

A fórmula atual do governo para lidar com o vício em heroína é tratá-lo com alguma forma de combinação de Valium, metadona, pílulas para dormir, antipsicóticos e antidepressivos. Deixe-me ser claro: a metadona não é medicinal, na minha opinião, tanto a Metadona quanto o Valium são muito mais viciantes e trazem mais problemas de saúde a longo prazo do que muitas drogas ditas ilícitas. Então, por que as pessoas fazem isso? Aqui estão algumas razões:

  1. Pressão social;
  2. Tédio;
  3. Curiosidade;
  4. Desejo por uma nova experiência;
  5. Uma melhor vida sexual;
  6. Para ganhar sabedoria e inteligência (sério!);
  7. Para fugir da dor, preocupação, responsabilidade, tensão etc.
  8. Porque eles são irremediavelmente viciados.

As táticas de intimidação do passado (“Apenas diga” NÃO”!) não exerce qualquer influência sobre a geração atual. O consumo de drogas, especialmente nos primeiros anos, é geralmente muito agradável (e devemos parar de fingir que não é) e pode ter algum proveito prazeroso, incluindo:

  1. A sensação de possuir grande “insight”, intuição e conhecimento;
  2. Uma percepção monista ou panteísta do universo;
  3. A experiência da divindade por sentir que é alguém infinito, onisciente, todo poderoso, indestrutível e eterno;
  4. A sensação de estar possuído, dominado ou sendo levado por alguma força maior do que a si mesmo;
  5. Uma percepção aumentada de sons, visões e cores;
  6. Uma experiência sensual aumentada de sexo, toque e sabores;
  7. A possibilidade de viver no presente sem qualquer cuidado ou preocupação com o passado ou o futuro;
  8. A capacidade de ser liberado de toda responsabilidade e restrição e poder fazer tudo o que desejar;
  9. Uma experiência mística ou religiosa.

Os problemas aparecem com o tempo, com abuso a longo prazo, e podem levar aos mais variados tipos de problemas, incluindo:

  1. A perda da capacidade de entender racionalmente as coisas;
  2. A perda de contato com o mundo normal e da percepção sensorial;
  3. A perda de qualquer percepção precisa do tamanho, forma ou cor dos objetos;
  4. A incapacidade de perceber diferenças entre objetos;
  5. A perda do senso de si mesmo e sua identidade;
  6. A perda da consciência do tempo;
  7. A perda da consciência do passado e sua importância;
  8. A perda de consciência do futuro e seus objetivos;
  9. A incapacidade de manter a atenção prolongada;
  10. A incapacidade de se comunicar de forma inteligente.

As consequências sociais podem ser massivamente devastadoras, incluindo:

  1. A morte de familiares e amigos;
  2. Cometer crimes para pagar pelo vício;
  3. Roubar de familiares e amigos;
  4. A perda de filhos retirados pelos Serviços Sociais;
  5. Falta de responsabilidade como pais;
  6. Doenças sexualmente transmissíveis;
  7. Doenças adquiridas através do compartilhamento de agulhas;
  8. Passar a ser evitado por familiares, amigos e vizinhos.

Claro, há muito mais consequências do que apenas essas. Como regra, os viciados em drogas são mentirosos inveterados, manipuladores e trapaceiros, isso é um fato quase sem exceção. Os cristãos da classe média, particularmente, odeiam quando digo isso, mas eles estão vulneráveis a todos os tipos de abusos por parte de alguns dos personagens que tratei aqui, que “derramam lágrimas” assim que percebem que podem conseguir algum ganho rápido. Igrejas e cristãos são “alvos fáceis” para usuários de drogas pois eles rapidamente aprendem como lidar com a “linguagem dos crentes”, o que dizer e quando dizê-lo, e muitos cristãos, em seu anseio ingênuo de “ministério”, muitas vezes ignorando tudo isso acabam sendo envolvidos em uma jornada gigantesca.

Então, o que podemos fazer com os viciados crônicos e mentirosos? O que a Bíblia tem a dizer sobre esses assuntos? Como lidamos com uma pessoa que está “injetando” há quinze anos, roubou todos os membros de sua família, está na lista negra de todas as lojas da cidade e aparece à nossa porta em meio a lágrimas?

Descubra, em breve, na parte 2.

Nota: Esse artigo foi originalmente postado em 28/02/2013.

 

Tradução: Paulo Reiss Junior.

Revisão: Filipe Castelo Branco.

Fonte: The Church & The War On Drugs (1).


Autor: Mez McConnell

É pastor sênior da Niddrie Community Church, Edimburgo, Escócia. É fundador do 20schemes, um ministério voltado para plantação de igrejas nos lugares mais difíceis da Escócia. Desde 1999, McConnell tem se envolvido com o ministério pastoral, tanto em plantação quanto revitalização.

Parceiro: 20schemes

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20schemes existe para edificar igrejas saudáveis centradas no evangelho para as comunidades mais pobres da Escócia.

Ministério: Ministério Fiel

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