quinta-feira, 12 de dezembro
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O significado do batismo na grande comissão

Eu penso que, quando as pessoas olham para o batismo, elas têm um entendimento superficial de por que Jesus ordenou que batizássemos os seus discípulos. A maioria das pessoas provavelmente associa a água à purificação, o que é uma conexão apropriada, dada a mensagem do profeta Ezequiel de que Deus iria aspergir água sobre o seu povo (Ezequiel 36.25). Purificação do pecado, contudo, é apenas um elemento no significado e importância do batismo.

Em vez de estar centrado no indivíduo, Deus usa a água em conexão com o contexto mais amplo da história da redenção. Ao longo de toda a Escritura, água e Espírito aparecem em contextos que desvelam o cenário da nova criação. O Espírito Santo pairava sobre a criação (Gênesis 1.2). Noé enviou uma pomba (a imagem do Novo Testamento para o Espírito) sobre as águas minguantes do dilúvio (Gênesis 8.8-12; Mateus 3.16). Quando Israel foi batizado no Mar Vermelho, Deus pôs o seu Espírito, o qual ele assemelhou a uma águia pairando, no meio de Israel (Êxodo 14.21-22; Deuteronômio 32.10-12; Isaías 63.11-14; 1Coríntios 10.1-4). Quando Jesus foi batizado, o Espírito desceu sobre ele na forma de uma pomba (Mateus 3.16). Deus utilizou água, juntamente com a obra do Espírito, para efetuar novas criações, seja a primeira criação, a terra recriada após o dilúvio, a criação de Israel como nação ou a pedra angular da nova criação por meio de Jesus, o último Adão (1Coríntios 15.45).

Deus estava enviando uma mensagem de que ele tornaria os novos céus e a nova terra, em última instância, uma obra do Deus trino por meio da obra do seu Filho pela água e pela obra do Espírito Santo. Essa promessa aparece, por exemplo, no profeta Joel: “E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne” (2.28). Essa era a promessa que João tinha em mente ao afirmar às multidões no deserto: “Eu vos tenho batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo” (Marcos 1.8). E essa é a promessa que Cristo cumpriu no Pentecostes.

Há dois elementos notáveis que ligam os eventos no Pentecostes à ordem de batizar na sua Grande Comissão (Mateus 28.18-20). Primeiro, o cumprimento dessa profecia do Antigo Testamento, como já observamos. Pedro disse às multidões que os eventos que elas estavam testemunhando eram um cumprimento da profecia de Joel de que Deus derramaria seu Espírito sobre toda a carne (Atos 2.18-21). Esse é também o batismo do Espírito Santo prometido por João. O sermão de Pedro no Pentecostes confirma isso: “Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis” (Atos 2.33-34). Cristo batizou a igreja no Espírito Santo – ele começou o derramar do Espírito sobre toda a carne.

Segundo, em consonância com essa ordem de batizar as nações, observe que pessoas de muitas nações – judeus e gentios – estavam ajuntadas no Pentecostes (Atos 2.9-11). Jesus estava batizando toda a carne – ele estava batizando as nações com o Espírito – e, ao fazer isso, ele as estava trazendo para a nova criação. Assim, quando a igreja batiza os discípulos de Cristo, isso diz ao mundo e ao povo de Deus, por meio da pregação do evangelho, tanto em palavra como em água, que Cristo está hoje derramando o Espírito, purificando pessoas de seus pecados, unindo-as a si mesmo e trazendo-as para os novos céus e a nova terra.

A ordem de Cristo de batizar, portanto, em última instância repousa sobre suas próprias ações – o seu derramar do Espírito sobre as nações, com o objetivo de unir um povo para si mesmo – ao purificar a sua noiva de toda mácula e ruga, para apresentá-la santa e sem defeito (Efésios 5.25-27). Foi isso que Paulo chamou de o lavar da nova criação ou regeneração (Tito 3.5; ver Mateus 19.28).

Assim, o batismo prega uma mensagem por meio da água, embora essa mensagem apenas possa ser eficazmente ouvida quando unida à pregação da Palavra. A água somente não tem poder para salvar ou purificar. Em vez disso, em conjunção com a pregação da Palavra, Deus, por meio do Espírito, salva e santifica. Na linguagem técnica da teologia, o batismo é um meio de graça.

É por isso que nós devemos batizar os discípulos de Cristo – é o meio escolhido por Deus pelo qual ele salva e santifica o seu povo. Nós batizamos porque, nas palavras do Breve Catecismo de Westminster, este é “um sacramento, no qual o lavar com água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo significa e sela a nossa união com Cristo, a participação nos benefícios do pacto da graça, e a promessa de pertencermos ao Senhor” (Pergunta 94). Nós batizamos, portanto, no nome trino de Deus, porque Deus enviou o seu Filho, o qual derramou o seu Espírito, e ele está criando os novos céus e a nova terra, está nos purificando do nosso pecado e porque nos uniu a Jesus, o último Adão, o qual está introduzindo a nova criação, os novos céus e a nova terra.

Este é um entendimento robusto do batismo, ao qual todos nós deveríamos nos apegar, quer estejamos pessoalmente recebendo o batismo ou observando-o ser administrado a outros.


Autor: J. V. Fesko

Dr. J. V. Fesko é reitor acadêmico e professor de Teologia Sistemática e Teologia Histórica no Westminster Seminary California. Ele é autor do livro Word, Water and Spirit: A Reformed Perspective on Baptism.

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