domingo, 17 de novembro
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O perigo do desejo pelo crescimento numérico da igreja

Muitos pastores ao redor do mundo estão sobrecarregados com o pesado fardo de ter de ver crescimento numérico em suas igrejas. Quer você pastoreie no Ocidente, quer no Oriente, você pode sentir essa pressão.

Às vezes, o desejo por crescimento numérico é bem-intencionado. Um pastor quer alcançar mais perdidos e fornece ensino fiel para mais pessoas. Por vezes, o desejo se dá por razões pragmáticas – “mais pessoas tornarão a igreja mais viável financeiramente”, pensa um pastor pragmático. Além disso, um orçamento maior pode realizar mais obras ministeriais. E, às vezes, o desejo por crescimento numérico está comprometido. Um homem cobiça uma influência pessoal maior, ou quer impressionar seus doadores e levantar mais apoio, ou se vangloriar por dirigir uma igreja grande.

O desejo por crescimento numérico, assim, leva muitos pastores a procurar constantemente estratégias de crescimento.

O CAMINHO ERRADO

O problema é que essa preocupação com números nos coloca, como pastores, na trajetória errada. Ela nos seduz para longe do nosso principal chamado, que é pastorear fielmente o rebanho que Deus nos confiou.

Permita-me assumir, por um momento, que você deseja esse crescimento. O que acontece quando você não vê uma multidão de pessoas se espremendo para passar pela porta da igreja? Quando os seus sonhos não correspondem à realidade, você é tentado a pensar que está fazendo algo errado ou, talvez, que esteja falhando em fazer algo que devia fazer?

Quando tais pensamentos sobrevêm, você, idealmente, deveria se voltar para as Escrituras. Porém, tristemente, é fácil demais que nós olhemos para outra direção. Podemos nos voltar para outras igrejas que parecem desfrutar do crescimento que desejamos. Lemos livros e comparecemos em conferências que celebram todos os tipos de estratégias. Talvez comecemos a nos concentrar no entendimento da cultura que nos cerca. Fazemos enquetes e pesquisas para descobrir aquilo com que os nossos vizinhos poderiam se conectar. Assumimos que as respostas à pesquisa nos ajudarão a saber o que as pessoas estão realmente buscando e como podemos conectar a nossa igreja com essas necessidades.

Gastei alguns anos no Ocidente. Testemunhei pastores sendo tentados a pensar que simplesmente o tipo certo de música, os tipos certos de programas ou o tipo certo de aplicação nas pregações fariam a mágica acontecer. Pastoreando no Oriente, como faço, vi pastores sentirem a tentação de oferecer promessas de cura, exorcismo e prosperidade. Mas, não obstante onde você esteja ou quais pacotes de promessas nos tentem, essas filosofias ministeriais dizem respeito a necessidades sentidas. Elas apelam para a carne, abrandam a ofensa do evangelho e maquiam suas demandas.

No entanto, eis o que nos escapa quando construímos igrejas baseadas nesses tipos de estratégias atrativas: nós nos arriscamos a construir sobre um fundamento diferente da cruz de Cristo e do evangelho. Também falhamos para com as pessoas que pastoreamos quando não as advertimos de que elas pagarão um preço por seguir a Cristo.

Ainda pior, você pode, lisonjeiramente, persuadir pessoas a tomarem decisões baseadas em promessas falsas de avanço, de propósito de vida renovado, de comunidade perfeitamente amorosa, de prosperidade, de ausência de feridas, até mesmo de utopia! Às vezes, as mentiras são flagrantes; mais frequentemente, porém, são sutis e estão disfarçadas.

Neste processo, você oferece um Cristo diferente para as pessoas, um Cristo que apela para seus desejos naturais e, muitas vezes, egoístas, mas que não confronta o pecado delas nem demanda arrependimento, tampouco ordena total submissão em todas as áreas de suas vidas. Talvez essas pessoas até se filiem à sua igreja, mas não por desejarem um Cristo crucificado. Elas não querem, por certo, negar a si mesmas e carregar sua cruz para segui-lo.

Irmão pastor, se você consegue se enxergar nessa situação, apelo para você, pelo amor de Deus: tome cuidado. Meu palpite é que talvez você esteja assumindo que, se muitas pessoas estão aparecendo, isso deve ser obra do Espírito. Você diz para si mesmo que, contanto que os perdidos sejam alcançados, não importa qual estratégia esteja sendo empregada. Porém, isso não é verdade. O Espírito não é o único que pode arrastar uma multidão.

Consigo entender o impulso de desarmar as pessoas amorosamente, ajudá-las a estar confortáveis, encontrá-las onde estão e ser relevante. Entendo como você pode dizer a si mesmo: “Vamos apenas fazer o primeiro contato e oferecer uma introdução fácil à jornada espiritual. Uma vez que os que estão em busca de Deus derem os primeiros e poucos passos iniciais, vamos apresentar as exigências de Cristo”. Entretanto, pergunte a si mesmo: Jesus adotava esse método? Não há o risco de isso ser uma fraude?

Quando você começa prometendo às pessoas o que elas querem, é difícil seguir com as exigências de Cristo. Se você, de fato, as pregar para a igreja, as pessoas responderão com desilusão e desapontamento e irão embora. Os que permanecem o fazem somente enquanto conseguem aquilo atrás do que vieram no início: cura, riqueza, prosperidade, programas infantis, comunidade, música e assim por diante.

Creio que você já ouviu a frase: “aquilo com que você os ganha é aquilo para o que os ganha”. Esse é um problema real. Quando construímos as nossas igrejas tentando atrair pessoas com o que sabemos que gostam, continuamente nos arriscamos a incentivá-las a continuar centradas em si mesmas e a ser consumistas. Algumas pessoas se tornarão cristãs, mas não crescerão, permanecendo anãs espirituais. Além disso, a multidão, de forma geral, demonstrará não ter lealdade ou comprometimento. Ela se mostrará inconstante, difícil de ser agradada, facilmente desapontada. O dia em que outra igreja oferecer a essas pessoas algo mais animador, mais estimulante, elas sairão da sua igreja.

Nesse meio-tempo, sua equipe pastoral praticamente se matará testando todos os truques possíveis para permanecer relevante no mercado e manter-se à frente daqueles que competem com você. E, irmão pastor, não quero nada disso para você.

A MARAVILHOSA PANACEIA

Considere, em vez disso, a estratégia de Paulo. Pode ser que você descubra que ela é alentadora, e simples. Ele escreve:

Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus. (1Co 2.1-5)

Paulo não queria arrastar pessoas com a sabedoria humana. Ele queria que a fé de seus ouvintes repousasse no poder de Deus, e em nada mais. É por isso que ele simplesmente pregava o evangelho do Cristo crucificado.

Isso é exatamente o que devemos fazer. Quando pregamos esse evangelho, as ovelhas de Cristo ouvem a sua voz e vão até ele – não até nós, mas até ele! Elas não precisam ser ludibriadas, mimadas ou coagidas. Elas vão porque vêem a glória de Cristo e permanecem porque amam a glória de Cristo. Enquanto ouvirem a sua voz na pregação do evangelho, elas permanecerão.

Lembro-me do que Simão Pedro disse a Jesus: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6.68). É tão simples quanto isso. Uma vez que as pessoas veem Jesus, então, Jesus e as suas palavras são suficientes. Suficientes para atraí-las, suficientes para mantê-las, suficientes para sustê-las, suficientes para levá-las para casa!

 

Por: Hershit Singh. © 9marks. Website: 9marks.org. Traduzido com permissão. Fonte: How A Good Desire for Church Growth Can Lead to Bad Ministry Practices
© Ministério Fiel. Website: ministeriofiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradutor: André Soares. Editor e Revisor: Vinicius Lima.


Autor: Harshit Singh

Harshit Singh é o pastor da Satya Vachan Church, em Lucknow, Índia.

Parceiro: 9Marks

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O ministério 9Marks tem como objetivo equipar a igreja e seus líderes com conteúdo bíblico que apoie seu ministério.

Ministério: Ministério Fiel

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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