sexta-feira, 22 de novembro
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A natureza contraintuitiva da autoridade

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Ao considerarmos a autoridade, é preciso que enxerguemos como algo complexo. Nós tendemos aos extremos, certo? Creio que, como cristãos, devemos pensar em termos de criação, queda e redenção; autoridade criada, caída e redimida. Consideremos a autoridade caída. Em que consiste? Significa que usamos em nosso próprio favor a autoridade que Deus nos deu; exploramos e usamos outras pessoas pensando em nós mesmos. Agimos como deuses; Caim fez dele mesmo um deus e, portanto, deu a si mesmo o direito de matar Abel, seu irmão. O faraó fez de si mesmo um deus e disse: “Quem é o Senhor para que eu o obedeça?”. Assim deu a si mesmo o direito de explorar o trabalho e a vida dos judeus que estavam no Egito.

O abuso de autoridade sempre começa com esse tipo de idolatria; Deus é removido do trono, eu me torno Deus em certo sentido, e, portanto, uso outros para meu louvor e minha glória. Todo tipo de exploração, opressão e dominação, além de todo racismo; enfim, todos os “ismos” possíveis começam com a exclusão de Deus, idolatria e uso dos outros para meus propósitos. Inclusive os famosos exemplos históricos de autoridade abusiva. Por exemplo, a Alemanha nazista e expressões semelhantes. Em que consistem? Elas desumanizam um grupo de pessoas, de modo que possam ser dominadas. Eu faço de mim um deus, e deles, não-humanos. Os judeus foram desumanizados. O aborto é a mesma coisa. A criança é desumanizada no útero, assim eu obterei o que eu quero.

É a autoridade caída, mas devemos seguir a história e entender a autoridade criacional e a autoridade redimida, nas quais a finalidade é servir aos outros. Se Deus me colocou em um escritório, ele está acima de mim. Ele me deu uma jurisdição limitada e um propósito no uso da autoridade, mas esse propósito não é minha satisfação porque sou um deus; mas é oferecer algo e servir, edificar e fortalecer pessoas. Em geral, muito se fala sobre o aspecto vertical da autoridade, e ele existe. Às vezes olhamos de cima, fornecemos leis, ensinamos aos filhos.

Mas também devemos olhar de baixo. Deus é uma rocha, um abrigo inabalável. Lembro quantas vezes me sacrifiquei por minhas filhas quando elas tentam ter um momento comigo. Penso que estou servindo-as com minha autoridade ao levá-las à Disney, andando pelo parque, esgotando a mim mesmo para termos um bom momento. Esse exemplo, em que faço o possível para diverti-las, é o que sempre faço como pai. Sou a plataforma em que elas constroem suas vidas. É meu papel servir de apoio e dar a minhas filhas um lugar para crescerem e florescerem.

Qualquer pessoa, em qualquer posição de autoridade, na igreja, em casa, no trabalho, tem por papel ser a plataforma na qual outros se apoiam. Use sua autoridade superior para ir a uma posição inferior. A autoridade é mais perigosa do que se pode imaginar, pois ela mata; mas também é uma bênção muito melhor do que se pode imaginar. Mas é preciso entendê-la.

Vídeo do livro A regra do amor, de Jonathan Leeman, publicado pela Editora Fiel.


Autor: Jonathan Leeman

Jonathan Leeman é graduado em Jornalismo, possui mestrado em Divindade pelo Southern Baptist Seminary (EUA) e Ph.D. em Eclesiologia. É diretor de comunicação do Ministério 9Marks.

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A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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