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Como seres humanos caídos, achamos que o amor de Deus é como o nosso. É claro que há semelhanças, por causa da graça comum de Deus para com seres caídos. Amar é ter afeição pelo que é amado, certo? Amar envolve emoções, afeições, e até um anseio, um desejo pelo bem do outro, certo? Não é preciso ser um cristão nem ter ouvido falar de Deus, seja para ter afeição por outro ser humano, seja para desejar seu bem.
Mas o amor de Deus é essencialmente diferente do amor de seres humanos caídos porque o amor dele é santo. Ou seja, ele se concentra totalmente em si mesmo e em sua própria glória. Isaías 6: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória”. Em outras palavras, o Pai contempla o Filho e o ama, pois ele deseja a glória do Filho em tudo, e seu amor pelo Filho se baseia na perfeição, na beleza e na justiça do Filho, de todas essas formas. E ele diz: “Este é o meu Filho amado”. E o Filho contempla o Pai e dá toda a glória a ele. Ao mesmo tempo, o Filho olha para o Pai e decide falar e fazer apenas o que ele ordenar. Ele admite que não vive de pão apenas, mas de toda palavra que vem do Pai. O Pai merece louvor e glória. Quando Jesus ascende aos céus, dá toda a glória a ele, com todas as nações sob seus pés.
Então, qual é a diferença entre o amor de Deus e o amor do mundo? É esse comprometimento da Trindade com sua própria glória, e essa é a santidade de Deus. Podemos defini-la de outras formas, mas um elemento crucial é o desejo e a concentração na glória de Deus por parte da Trindade. Pecadores caídos não fazem isso. Precisamos de novos corações. Ao ouvir o Evangelho, nos arrependemos do pecado e admitimos: “Sim, meu amor era idolatria. Meu amor se concentrava em mim mesmo. Mas sou chamado a te amar”. “Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor.” Conforme nosso amor caído é redimido, mais ele se parece com o amor de Deus.
O que ocorre? Ele se concentra em Deus, de modo que amamos o próximo para a glória de Deus. Amo meus filhos, minha esposa e meu amigo incrédulo para a glória de Deus. Eu até amo tomar sorvete para a glória de Deus. Naquela casquinha, eu aprecio a glória dele na Criação. É para a glória dele, não por glutonaria, nem para minha própria satisfação e gratificação.
Nessa perspectiva, permita-me fazer uma analogia. O amor de Deus é como um universo em expansão: fica cada vez maior, pois cada vez mais vejo a glória dele, e ela tudo abrange. Mas o amor humano caído é um buraco negro: tudo tem que se curvar perante mim, e eu amo pessoas pensando em mim, ou amo tomar sorvete pensando em mim. Tudo é para mim, como um buraco negro puxa tudo para si. Mas o amor de Deus é por sua glória. Assim, amo as pessoas para a glória dele, e novas galáxias e sistemas solares se formam, e o universo fica cada vez maior, enquanto somos santificados e nos concentramos na glória do Senhor.
Vídeo do livro A regra do amor, de Jonathan Leeman, publicado pela Editora Fiel.