quarta-feira, 18 de dezembro
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Glória e magnificência do ser e caráter de Deus

Glória para ele, benção para nós

Este artigo fala acerca da glória e magnificência do ser de Deus e de seu caráter.  Trata-se de uma adaptação de um trecho do livro À mesa com Jesus, de Sinclair Ferguson, Editora Fiel (disponível em breve, clique aqui).


 

Na Escritura, a glória de Deus é a expressão ou manifestação externa de seu ser, de seus atributos e perfeições invisíveis. Ela é revelada nos lampejos caleidoscópicos da eterna magnificência do ser e caráter de Deus, expressos na ordem criada (Sl 19.1-6; 29.1-11; Rm 1.19-23). É como se, por meio dessa glória, Deus “falasse”: “Você não pode me ver, pois sou o Deus invisível. Mas eu me visto desses trajes magníficos, a fim de lhe dar uma noção de quão majestoso e glorioso eu sou de verdade”.

O Salmo 29 ilustra isso de forma vívida. Ele descreve o povo de Deus — aparentemente reunido para um culto de adoração — assistindo a uma tempestade: relâmpagos cruzam o céu, trovões explodem no ar; é um espetáculo sobrenatural de fogos de artifício, mostrando a majestade e o poder de Deus. O povo de Deus reage instintivamente: “No seu templo tudo diz: Glória!” (Sl 29.9).

João já tinha visto a glória de Cristo no casamento em Caná (Jo 2.11). Os Evangelhos Sinópticos nos contam que ele a viu novamente no Monte da Transfiguração (Lc 9.32) e na ilha de Patmos, em uma visão. Contudo, na encarnação, o Filho não somente se “esvaziou”, como também “colocou um véu” sobre sua glória. Porém, agora sua “hora” era chegada. Era a “hora” de sua vergonha, mas também era a hora de ele voltar para seu Pai. Seu desejo mais profundo era que o véu fosse removido, a fim de ficar evidente que ele era “o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1.3).

Diante da pergunta: “O Novo Testamento ensina que Jesus era Deus?”, costumamos citar textos como João 1.1 e Romanos 9.5. Mas, aqui em João 17, vemos Jesus expressando seu próprio senso de divindade. A glória era sua, bem como a “autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste” (v. 2). Somente o próprio Deus poderia reivindicar glória para si, pois ninguém além de Deus tem autoridade para dar vida eterna a pecadores!

Esta consciência de sua divindade é ainda mais ressaltada pela definição de Jesus acerca da vida eterna que somente ele tem autoridade para dar: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (v. 3). Se o Filho não fosse “Deus com Deus”, não teria o direito de colocar “conhecer a ele” e “conhecer a Deus” na mesma frase!

No entanto, as palavras de Jesus também destacam que o fato de ele ser glorificado e o fato de nós sermos abençoados andam juntos. O fato de virmos a conhecê-lo com seu Pai e experimentarmos a vida eterna é uma das formas como o Pai glorificaria a seu Filho!

Glória para ele, benção para nós

É comum as pessoas pensarem que a glória de Deus seja o oposto de bênçãos para nós. Talvez elas até mesmo pensem que se trata de um plano de Deus para negá-las a nós. É como se elas acreditassem — e, de fato, acreditam — que cada grama de glória que Deus recebe diminui proporcionalmente nossa felicidade e prazer. Nessas circunstâncias, quem, em sã consciência, desejaria glorificar a Deus?

Esse é o problema. Quando se trata de realidades espirituais, a Escritura nos diz que, por natureza, não estamos em sã consciência: “Tornaram-se nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus in- corruptível em semelhança da imagem de homem corruptível” (Rm 1.21-23).

O resultado disso é que até mesmo crianças sabiam, em regiões remotas da Escócia do século XVIII e em muitos locais no início da formação dos Estados Unidos, que “o fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”. Hoje, porém, isso é um completo mistério para a maioria dos descrentes sofisticados e academicamente qualificados.

Cristo abre o coração

A glória de Deus e a nossa felicidade andam lado a lado! Contudo, em forte contraste, “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). Quebramos a lei de Deus, e nisso está nossa rebeldia. Mas o que as palavras de Paulo destacam é a tragédia de nossa situação — ficamos sem a glória de Deus. Perdemo-nos e deixamos de lado o destino para o qual fomos criados. Isso, por sua vez, significa que também perdemos o prazer em Deus. Se não há prazer, não há glória.


Autor: Sinclair Ferguson

Dr. Sinclair B. Ferguson é professor de teologia sistemática no Seminário Redeemer em Dallas, TX, EUA. É reitor do curso de Doutorado em Ministério na Academia Ligonier, e professor no Ministério Ligonier.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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