sexta-feira, 13 de dezembro
Home / Artigos / Aplicando o sermão ao coração das mulheres

Aplicando o sermão ao coração das mulheres

Nos últimos 37 anos, como uma crente, esquentei muitas vezes o banco da igreja com minha alma ansiosa para que a verdade da Palavra de Deus viesse ao meu encontro – eu, uma mulher, uma pessoa feita a imagem de Deus. Como muitas das minhas companheiras, experimentei as diversas estações da vida. Fui uma jovem menina que se posicionou por Cristo sozinha na escola; uma adolescente que se esforçou para compreender minha identidade em Cristo num mundo hostil; uma estudante universitária e jovem profissional que lutou para dar sentido a minha identidade fora da minha criação cristã; uma jovem recém-casada que se sentiu solitária e confusa; uma mãe novata que se esforçou para ficar acordada. Hoje, eu sou mãe de jovens – e ainda estou desesperada para que as Escrituras sejam abertas e explicadas. Como Maria em Lucas 10.39, eu me assento todos os domingos aos pés de Jesus e ouço.

Como todos os cristãos, eu preciso de munição do evangelho para mais uma semana de batalhas neste mundo hostil. Então, pastores, expositores da Palavra de Deus, lembrem-se de nós! Lembrem-se das mulheres, criadas à imagem de Deus, a medida que se esforçam para aplicar as palavras das Escrituras à sua congregação. Afinal, macho ou fêmea, todos nós precisamos do evangelho. A cruz é central para tudo. Todos nós precisamos da Palavra pregada, e precisamos de teologia para nossas vidas cotidianas. No âmago, todos os nossos problemas são os mesmos: somos pecadores que precisam de um Salvador, que precisam da cruz. Se você é um pastor lendo isto, você sabe que é verdade. Você sabe que há uma carência da Palavra de Deus em púlpitos ao redor do mundo nos dias atuais.

Então, quando você for para o púlpito neste domingo, há grande chance de que você pregará predominantemente para mulheres. Mas você as está alcançando? A vida delas está mudando para parecer mais com Cristo? Como mulheres, elas lhe diriam que têm se sentido alimentadas por sua pregação? A primeira regra para falar em público é: conheça seu público. Então, você conhece? Como pregadores, vocês precisam tirar um tempo para perguntar, ouvir e responder às mulheres a quem prega.

Perguntar

Primeiro, comece perguntando. Conheça as mulheres de sua congregação e de sua comunidade. Sua esposa, caso você tenha uma, é sempre um bom lugar pra começar (e comece neste ponto, pois ela é um presente singular dado a você por Deus). Ela pode lhe dar algumas percepções valiososas sobre as mulheres que ela estiver discipulando, ministrando e tendo contato com mais regularidade.

Contudo, ela é somente uma mulher com um conjunto de valores, experiências e amigos. Então não pare nela, mas obtenha informação de um amplo espectro de mulheres. Elas podem ser mulheres que trabalham na igreja, senhoras as quais sua família ministra ou moças que buscam aconselhamento. Elas devem ser jovens e idosas, profissionais e donas de casa, casadas e solteiras. Tente conhecê-las de forma segura e apropriada e constantemente lhes faça perguntas.

Pergunte com o que elas têm lutado, como se sentem valorizadas, quais dilemas estão enfrentando no ambiente de trabalho ou da escola, quais atributos de Deus são peculiares ao momento de vida no qual se encontram. Faça perguntas claras, diretas e específicas para que possa entender melhor o que essas mulheres desejam lhe comunicar. Como é a vida para elas como fêmeas que carregam a imagem nos dias? Procure entender melhor o mundo delas. Foi exatamente isso que Jesus fez na encarnação. Ele entrou em nosso mundo. Entre no mundo delas. Que a igreja seja um lugar onde elas encontram  refúgio das lutas e mentiras do mundo no qual vivemos.

Ouça

De nada adiantará se você somente perguntar e nunca ouvir. Simpatia vem por meio de ouvir e aprender e, depois de um tempo, você começará a ouvir temas corriqueiros e ver padrões. Nossa cultura molda nossas ideias, saberes, valores e sentimentos. Como disse a historiadora Anne Firor Scott, nossa cultura gera as lentes através das quais vemos a realidade. Como essas lentes das mulheres as quais você prega se parecem? Qual é a realidade delas?

Esteja atento para a atual onda de lutas culturais enfrentadas pelas mulheres dos dias atuais. O empurrão cultural na direção de igualdade funcional total está desbotando as linhas de gênero e colocando o modelo de mulher de Tito 2 em oposição a tudo o que é tido atualmente como sagrado. É-nos dito todos os dias por meio de comerciais e pela mídia que somos traidoras da causa se escolhemos ficar em casa ou se escolhermos não subir a escada corporativa pelo bem do lar. Contudo, uma palavra de alerta é válida aqui: enquanto você estiver ouvindo, cuidado com o estereótipo de gênero. Nós somos todas mulheres, mas não somos todas iguais. Praticar a arte de ouvir bem vai lhe ajudar a ver variações e lhe ajudará a responder melhor aos diversos tipos de mulheres sob seus cuidados pastorais, especialmente por meio da pregação.

Responda

A verdade da Palavra de Deus atinge tudo em nossas vidas. Como ministro da Palavra, você tem um privilégio e uma responsabilidade singulares em ajudar seu povo a enxergar isso quando prega, toda semana, a Palavra de Deus. Enquanto você pensa em ilustrações e aplicações, pare e pergunte a si mesmo: “Esta é uma ideia dominada por homens?”, “A maior parte das mulheres que conheço vai entender o que estou tentando dizer?” Não há nada de errado em usar uma ilustração do futebol ou da cozinha, mas se essa é toda a amplitude do seu escopo, então é hora de voltar ao rascunho e orar a Deus pedindo que lhe dê uma visão renovada em como ilustrar e aplicar as verdades de sua Palavra a ouvintes machos e fêmeas. Novamente, tenha cuidado com estereótipos. Alguns homens odeiam futebol e algumas mulheres odeiam cozinhar.

À medida que você prepara o texto para pregar nesta próxima semana, gaste tempo orando pelas pessoas no rol de membros da igreja. Se você não tem um organizado, ache uma maneira sistemática de orar pelos membros de sua igreja. Enquanto passa pelos nomes de mulheres diferentes em diversos estágios da vida, pare e pergunte a si mesmo, “Por que ________ precisa ouvir essa passagem?” Se estiver ouvindo bem, você estará apto para melhor responder essa pergunta e capaz de melhro aplicar o contexto da passagem ao coração de suas ouvintes. Pergunte a si mesmo: Como eu posso admoestar a preguiçosa “Clara”, encorajar a tímida “Roberta”, ajudar a sobrecarregada “Lucia”, e ser paciente com mulheres confiadas aos meus cuidados? (1 Tessalonicenses 5.14).

Nós queremos ser lembradas

Enquanto mulheres, nós não queremos exclusividade em sua mensagem. Só queremos ser lembradas. Nós precisamos de alguém que nos aponte para o céu toda semana e nos lembre do que nos espera adiante. Precisamos de alguém que nos ajude a tirar nossos olhos de nós mesmas e colocá-los no nosso Salvador. Precisamos de alguém que nos encoraje em nossas necessidades, lembrando-nos de que mesmo quando alguém que nos lidera aqui nesta terra falha conosco, há um que nunca falhará, nos deixará, ou nos desamparará. Como mulheres, fomos criadas para sermos auxiliadoras e seguidoras, mas nós precisamos de alguém que valha a pena seguir. Então, se nos chegarmos ao banco domingo como uma Maria ou uma Marta, precisamos de pregadores fiéis da Palavra que nos perguntem e ouçam e, então, nos respondam através de sua pregação por meio de aplicações atenciosas, específicas e que exaltem a Cristo.

 

Tradução: Fábio Luciano
Revisão: Vinícius Musselman Pimentel


Autor: Erin Wheeler

Erin Wheeler mora em Washington, D.C., com seu marido Brad e seus quatro filhos. Ela frequenta a Capitol Hill Baptist Church, onde Brad serve como pastor auxiliar.

Parceiro: 9Marks

9Marks
O ministério 9Marks tem como objetivo equipar a igreja e seus líderes com conteúdo bíblico que apoie seu ministério.

Ministério: Ministério Fiel

Ministério Fiel
Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

Veja Também

pregação expositiva

A idolatria à pregação expositiva e a falta de oração

Veja neste trecho do Episódio #023 do Ensino Fiel os perigos da frieza espiritual e idolatria a conceitos, como por exemplo, à pregação expositiva.