Necessitamos de um avivamento espiritual saturado do evangelho. O último verdadeiro avivamento evangélico, do qual ainda recebemos benefícios, foi no século XVIII. Mas a realidade é esta: não haverá avivamento evangélico sem um autêntico avivamento na igreja. Por quê? Porque o instrumento que Deus usa para trazer um avivamento evangélico é a sua igreja.
Aí está o problema. A razão fundamental por que não há um avivamento evangélico é que a igreja contemporânea definha em letargia ministerial, falta de poder espiritual, ignorância bíblica e fascinações das últimas tendências. Um avivamento dado por Deus, enviado do céu, é desesperadamente necessário. Mas estamos anelantes pela graça soberana de Deus, que perscruta a alma e muda a vida, para avançarmos?
Uma avaliação honesta da igreja contemporânea revela que não estamos nem anelantes nem desejosos por um avivamento enviado do céu. Por várias razões, estamos satisfeitos com os substitutos enviados pelo homem que são inadequados e contraprodutivos e contribuem para a ineficácia da igreja contemporânea. Há um indicador infalível que demonstra se um avivamento é enviado do céu ou enviado do homem. Avivamentos enviados do homem (que não são avivamentos, e sim manipulações religiosas voltadas para o próprio homem) são caracterizados por uma preocupação com experiências pessoais momentâneas recebidas, de preferência, instantaneamente. Em contraste, um avivamento enviado do céu produz efeitos duradouros por meio de um compromisso prolongado com os meios que Deus designou para trazer avivamentos genuínos. As Escrituras e a história da igreja revelam que o que parece ser avivamento instantâneo é precedido por liderança fiel, que traz consistentemente a Palavra de Deus ao seu povo, enquanto buscam insistentemente o trono da graça em reuniões de adoração centradas em Deus.
Vemos frequentemente notáveis realizações atléticas no campo de competição, mas não vemos as horas de compromisso dedicado e disciplinado no campo prático precedendo o momento de glória. De modo semelhante, quando vemos avivamento na história e nas Escrituras, não vemos os dias, meses, anos e até décadas de liderança fiel, pregação evangélica, oração de intercessão e adoração centrada em Deus antes de irromper o glorioso avivamento. Mais profundamente, não vemos os corações desesperados do povo de Deus que compreenderam que não tinham nenhuma esperança, exceto em Cristo.
Avivamentos enviados do céu não são explosões de adoração momentâneas focalizadas em “estrelas de rock”, nem são experiências efêmeras, manipuladas e sem sentido. Avivamentos enviados do céu vêm por meio de pessoas comuns que, compelidas pelo amor de Cristo, rendem tudo a Ele. O avivamento vem quando os crentes compreendem: “Sem ele, nada posso fazer”, mas também: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13).
Avivamentos autênticos são caracterizados por confissão de pecado compelida pelo evangelho, quando pecadores culpados concordam com Deus quanto ao disparate, à insanidade e à afronta de seu pecado. Crendo que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23), eles também creem que a realidade não é simplesmente que “todos” pecaram, mas que “eu mesmo sou o pecador”. Com profunda convicção e plena consciência, sua confissão reconhece suas tentativas de assassinar a glória de Deus. Por isso, confessam sua traição contra Deus e se regozijam em que, pela graça de Deus, eles podem confessar o pecado e render-se a Cristo como Senhor e Salvador.
O avivamento autêntico não somente traz confissão de pecado “não fingida”, mas também arrependimento sincero que revela um desejo intenso de mortificar intencionalmente o pecado e seguir com zelo a santidade. Além disso, o avivamento traz a manifestação desinibida do quebrantamento e a exultação ousada da vitória em Cristo sobre o pecado, que conduz a uma nova vida de erradicar o pecado, para seguir a obediência focalizada em Cristo.
O avivamento nos leva para as alturas do monte Sinai, onde Deus revela graciosamente o nosso pecado e nos convence da necessidade de um Salvador. Contudo, a maior de todas as maravilhas é que a obra vivificadora da graça de Deus nos leva para as alturas do monte Calvário para que vejamos, pela fé, Cristo crucificado. Ali, no Calvário, vemos o Filho de Deus suspenso entre o céu e a terra para salvar-nos de nossos pecados. Ali, no Calvário, o amor de Deus em Cristo satisfez a santidade de Deus para salvar pecadores para a glória de Deus.
Portanto, eis me aqui, Senhor. “Nada em minhas mãos eu trago, somente à cruz eu me apego.” Falsos avivamentos enviados do homem, fascinados com experiências pessoais momentâneas, produzidos por capricho e manipulação, perderam seu apelo. Avivamentos enviados do céu, com seus efeitos duradouros de expandir o domínio da graça de Cristo em minha vida, em meu coração e no mundo, se tornaram meu desejo. “Aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos” (Hc 3.2). Ó Senhor, aviva a tua obra.
Tradução: Francisco Wellington Ferreira