domingo, 15 de dezembro
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O que Deus diz sobre o corpo das mulheres

O trecho abaixo foi retirado com permissão do livro O Que Deus Diz Sobre as Mulheres, de Kathleen Nielson, lançamento da Editora Fiel


Eu tenho uma grande amiga que é solteira e contente. Ambas, ela e eu, protestávamos contra nossos corpos ao percorrer o desafio imprevisível de emoções, sensações e aumento de peso que, com frequência, acompanha o encerramento do período fértil na meia-idade. Compartilhávamos muitos aspectos dessa experiência, mas eu aprendi bastante ao ouvi-la expressar o sentimento de que estava pagando o preço por bens que nunca teve o privilégio de levar para casa. Ela sentia o encerramento não apenas do sistema reprodutivo do corpo, como também de seus sonhos.

Tenho outra amiga, casada, que, junto com o marido, faz tratamento de fertilidade. Quando indaguei se ela estava disposta a falar em um evento que ocorreria no ano seguinte, sentiu-se frustrada ao responder. Ela deveria ou não incluir um filho em sua agenda do próximo ano?

Daí, vem à mente a minha amiga que tem seis filhos — e tem de lidar, ao seu jeito, com o funcionamento de seu sistema reprodutor.

Se você estiver lendo isso e for mulher, imagino que já tenha expressado ou ouvido alguém expressar o sentimento de que “simplesmente não é justo termos recebido o corpo que recebemos”. Por que Deus não colocou sobre os homens algumas das complicações físicas relacionadas a gerar e parir filhos? Por que as mulheres suportam o peso dolorido disso tudo?

Se você é mulher, mas não é mãe, espero que não pule este capítulo, porque minha meta é perguntar o que o corpo das mulheres, com todos os seus ciclos, sistemas e estágios distintamente femininos, revela a respeito do Criador e do mundo que ele criou.

Existe alguma conexão entre as altaneiras verdades da Palavra de Deus e as questões que todas nós abordamos com nossas ginecologistas em seu pequeno consultório? Afinal de contas, não é só a dor da gravidez, do trabalho de parto e do nascimento, mas também o desconforto mensal — às vezes apenas um incômodo; outras vezes, acompanhado de diversas formas de dor.

Você já pensou que todo o sistema reprodutivo feminino se assemelha a um processo desnecessariamente trabalhoso? Não poderia ser um sistema que pudéssemos pôr em prática e usar apenas quando precisássemos dele? Não poderia ser mais higiênico, limpo e descomplicado? Não poderia haver uma progressão mais suave da meia-idade para a idade mais avançada? E, sim, por que os homens, em comparação, parecem passar pela vida dançando, com corpos que simplesmente não lhes dão essa espécie de sofrimento regular? Qual mulher nunca invejou os homens em uma caminhada longa sem dispor de um lugar para descansar ou usar o banheiro?

Se houver alguma conexão de tudo isso à realidade espiritual, precisamos apreendê-la, principalmente para viver no amor de Deus de um modo mais compreensivo, em vez de erguer os punhos para o céu, irados, ou com desatenção ao papel do céu em nossa existência terrestre. Tenho observado que, como as mulheres, necessariamente, estão mais ligadas à existência corporal, isso significa pensar em quanto Deus se importa com nossos corpos femininos. Mas isso também é verdadeiro para os homens em geral; nossos corpos fazem parte da boa criação de Deus, com vistas não somente a este mundo caído, mas também aos novos céus e à terra no porvir. Mas o foco aqui são as mulheres e seu design singular. Eis a pergunta: Por que Deus desenhou o corpo feminino de um modo que continua nos aborrecendo, tantas vezes de uma maneira física ou emocionalmente dolorosa, com lembranças da procriação?

Este capítulo afirma que o corpo das mulheres é uma ilustração vívida da verdade de Deus: podemos dizer que nossos corpos pregam para nós.

Responder sem escutar

Ao ouvirmos a Palavra de Deus, começamos a entender os aspectos que nossos corpos destacam. Começamos a encontrar respostas verdadeiras às nossas perguntas — respostas imprescindíveis e necessárias em um mundo caído que, desde o Éden, ecoa vozes que não falam a verdade. Mas, antes de procurar ouvir as respostas verdadeiras, temos de reconhecer a existência de uma multidão de respostas não verdadeiras e que não nos ajudam.

O corpo feminino sempre foi um mistério a ser enfrentado. Quatro séculos antes de Cristo, o filósofo grego Aristóteles ofereceu algumas teorias bastante influentes sobre a reprodução. A afirmativa geral de Aristóteles era que a fêmea é criada quando o curso da natureza que produziria o macho de alguma forma falha e, em vez disso, nasce a mulher, uma espécie de homem que não chegou a alcançar o que planejado — ou, conforme muitas vezes se afirma, “como se fosse um homem defeituoso”. Variações dessa visão dominaram o mundo ocidental por séculos.

Sem a luz da Palavra de Deus, as mulheres e seus corpos são frequentemente menos valorizados do que era a intenção de Deus. Porém, também podem ser valorizados acima do que Deus projetou. Em muitas religiões ao longo da história, encontramos deusas femininas cujo poder de fertilidade é engrandecido e adorado — como a deusa romana Vênus (com sua contrapartida grega, Afrodite). A versão moderna desse culto aparece na literatura e em movimentos que estimulam a espiritualidade mediante a conexão feminina à vida primitiva, à fertilidade e até mesmo à divindade. Procure, por exemplo, alguma combinação como “o feminino e a espiritualidade” no site da Amazon e você encontrará evidências pujantes de que, hoje em dia, ainda não deixamos para trás a adoração dessa deusa. A capacidade de conceber e carregar em si uma nova vida é um mistério inegável; como um poder separado da adoração ao nosso Criador, pode tornar-se um meio de levantar a si mesmo para tomar o lugar que pertence somente a ele.

Para muitos de nós, a valorização exagerada mais difundida (portanto, frequentemente não notada) do corpo feminino está presente nos diversos meios de comunicação, os quais, constantemente, enchem nossos olhos de corpos femininos e partes femininas. Passear em um shopping ou folhear uma revista são convites para adorar as formas femininas — não apenas qualquer forma feminina, mas uma versão valorizada por sua beleza e atração sexual, tal como nossa cultura a define. É incrível como essas imagens flutuam na realidade virtual de uma forma tão perfeita, livre de saliências, rugas, manchas ou imperfeições de qualquer espécie — como esses corpos são desejáveis e distantes, como qualquer deusa.

Assim, a valorização do corpo feminino pode facilmente tornar-se muito abaixo ou muito acima do que Deus intentou. Está claro que valorizar exageradamente o poder ou a beleza do corpo das mulheres acaba por desvalorizar as mulheres como seres inteiros, criados à imagem de Deus. Usar o corpo das mulheres para vender as coisas barateia esses corpos mais do que podemos imaginar. A prostituição e a pornografia oferecem os exemplos mais extremos e devastadores. Sem escutar a revelação divina, perdemos rapidamente o correto valor e a glória do corpo feminino, projetado, da mesma forma que o corpo masculino, para refletir a imagem de nosso Deus Criador. E, ao considerarmos o corpo à luz da Palavra de Deus, o que vemos?


Autor: Kathleen Nielson

Kathleen Nielson serve como diretora de Assuntos Femininos do ministério The Gospel Coalition. Ela é uma conferencista conhecida, autora e coautora de vários livros, incluindo Here is Our God.

Ministério: Editora Fiel

Editora Fiel
A Editora Fiel tem como missão publicar livros comprometidos com a sã doutrina bíblica, visando a edificação da igreja de fala portuguesa ao redor do mundo. Atualmente, o catálogo da Fiel possui títulos de autores clássicos da literatura reformada, como João Calvino, Charles Spurgeon, Martyn Lloyd-Jones, bem como escritores contemporâneos, como John MacArthur, R.C. Sproul e John Piper.

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