domingo, 24 de novembro
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Ouvindo o mundo

Os cristãos devem ouvir a Palavra de Deus, claro, no sentido de dar atenção a ela, segui-la e absorvê-la. Ouvir desta maneira as vozes do mundo que competem contra a Palavra pode nos causar problemas. Mas, em outro sentido, precisamos ouvir o que o mundo está dizendo. Prestar atenção pode nos ajudar a evitar os erros do mundo e nos tornar testemunhas e evangelistas mais eficazes.

A Bíblia elogia os aliados do Rei Davi da tribo de Issacar, como sendo “homens que tinham a inteligência dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer” (1 Crônicas 12:32). Estes homens não defendiam a atitude de acompanhar os tempos, como fizeram mais tarde os falsos profetas da apostasia de Israel. Antes, os homens de Issacar entendiam os tempos-incluindo, sem dúvidas, o fascínio da idolatria cananéia naqueles dias-um entendimento que ajudou Israel a se manter fiel.

Um motivo importante para ouvir o mundo é reconhecer as falsas filosofias e visões de mundo, a fim de que a nossa fé cristã não se contamine. Por exemplo, um dos pressupostos que regem o mundo hoje é o progressismo. Essa visão pressupõe que o que é “novo” é sempre melhor do que o que é “velho”. Portanto, os educadores progressistas tendem a cortar ou atacar nossa herança de livros antigos e ideias antigas em favor de “novas ideias”, “últimos desenvolvimentos” e “pensamento de última geração”.

Tal linguagem apela para muitos de nós, visto que somos, quer queira ou não, habitantes de nossa cultura. Mas entre as ideias antigas, o progressismo não tem utilidade para o cristianismo, e a crença no progresso – que as coisas estão melhorando cada vez mais em comparação à “escuridão” do passado – é um dos principais veículos para extirpar o cristianismo da sociedade.

Se ouvirmos cuidadosamente aos progressistas, observaremos a síndrome que o apóstolo Paulo enfrentou no centro intelectual de Atenas: “Todos os atenienses e estrangeiros que ali viviam não cuidavam de outra coisa senão falar ou ouvir as últimas novidades”. (Atos 17:21). Veremos também as marcas do darwinismo, a noção de que estamos sempre evoluindo para a um nível maior.

Crentes, tendo considerado a fonte, em seguida, observem as falácias. O progresso na ciência e na tecnologia é real, mas é algo construído sobre as verdades do passado e não pela rejeição delas. Os computadores não precisam ser reinventados para continuarem melhorando; as inovações expandem aquilo que já têm feito. O conhecimento se acumula, portanto pode ser aumentado. Os cientistas e engenheiros sabem disso, mas os artistas, autores e filósofos continuam tentando começar tudo do zero nas áreas humanas. Assim sendo, eles não progridem verdadeiramente – eles se tornam primitivos.

O ponto é : Os cristãos – que não têm paciência alguma com o materialismo darwinista – geralmente parecem mais progressivos do que o evolucionista mais fervoroso. Eles buscam por “novas” teologias, “novas” formas de adoração e “novas” músicas, bem dispostos a jogar fora toda uma herança cristã “antiquada”. Tal forma de pensar é o resultado de deixarmos de “entender os tempos” nos quais vivemos.

O pragmatismo é outra filosofia não cristã que encontrou espaço na igreja. Do ponto de vista que não conseguimos saber o que é verdadeiro e bom, segundo os filósofos pragmatistas, devemos simplesmente fazer “o que funciona” em termos materiais. Essa é uma vertente importante da filosofia americana, desde o modernista John Dewey, com seu ateísmo e socialismo, ao pós-modernista Richard Rorty, com seu relativismo e política esquerdista. Poucos cristãos concordariam com esses filósofos se os escutassem, no entanto, o pragmatismo simplificado pode ser ouvido constantemente em assembleias da igreja, seminários sobre crescimento da igreja e livros para pastores. “O que funciona” – para aumentar a frequência na igreja, atrair não cristãos, arrecadar mais dinheiro ou alcançar uma nova meta-pode passar por cima de todas as considerações teológicas, históricas e bíblicas.

A Escritura nos dá mais um motivo para ouvir o mundo com atenção: “Quem responde antes de ouvir”, diz Salomão, “comete insensatez e passa vergonha” (Provérbios 18:13). Ao evangelizarmos não crentes, precisamos “ouvi-los” para que as respostas que damos como cristãos resolvam suas questões e respondam as indagações com as quais estão lutando.

Em muitas conversas, os cristãos e não cristãos seguem em um diálogo de surdos. O cristão pode estar de conversa fiada evangelística memorizada, enquanto a pessoa que ouve o testemunho está tentando entender porque Deus permitiu que sua mãe morresse de câncer. O não cristão talvez comece uma discussão política, enquanto o cristão está levantando questões de cunho espiritual. Na apologética, geralmente damos um argumento racional sobre o cristianismo para os pós-modernistas que rejeitam a razão. Geralmente, a igreja aborda questões apenas depois que a cultura já seguiu em frente. As igrejas que tentam alcançar os jovens se voltam para a música folk e pop quando os seus jovens menosprezam esses estilos em favor do rock e do rap.

Se em primeiro lugar ouvíssemos aqueles que estamos tentando alcançar, evitaríamos as respostas superficiais, pré-prontas e impessoais. Ao invés disso, podemos abordá-los de forma pessoal, autêntica e de alma para alma. Se eles sentirem que estão sendo verdadeiramente ouvidos, talvez eles nos deem ouvidos. Sentirão que nós ganhamos o direito de sermos ouvidos.

Podemos ouvir superficialmente-ouvir sua música vil e violenta só para condená-la e julgá-los-ou podemos escutar profundamente e perceber porque essa música é tão agressiva. Conforme Mary Eberstadt elucidou, muitas delas têm a ver com ser abandonado, especialmente por um pai. Pela mesma razão, a pessoa que sofre pela morte de sua mãe não está pedindo apenas uma dissertação abstrata em teodiceia (uma defesa sobre a bondade e poder de Deus em vista da existência do mal); antes, essa pode ser a ocasião de familiarizá-lo com o próprio Jesus que morre, levando sobre si toda a morte-inclusive a de sua mãe-e derrotando-a por meio de Sua ressurreição. Os pragmatistas que são impacientes com a abstração podem ser indicados ao Deus que encarnou. Podemos concordar com os relativistas de que só o mundo não nos dá base para a verdade universal, porém, em seguida, apresentá-los o Caminho, a Verdade e a Vida.

Se ouvirmos com atenção o mundo e aqueles que estão presos no mundo, com sua futilidade e pecado, podemos ouvir o clamor dos perdidos por trás da cacofonia de falsas ideias e visões de mundo distorcidas. Isso é capaz de despertar nossa empatia e compaixão de tal forma que poderemos fazer, de forma eficaz, aquilo que o apóstolo nos chama a fazer: “Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês”. (1 Pedro 3:15).


Autor: Gene Edward Veith

Gene Edward Veith é um autor, acadêmico e professor de literatura emérito no Patrick Henry College.

Parceiro: Ministério Ligonier

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Ministério do pastor R.C. Sproul que procura apresentar a verdade das Escrituras, através diversos recursos multimídia.

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Ministério Fiel: Apoiando a Igreja de Deus.

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