É fácil dizer a uma mulher que ela se submeta, ou dizer a um marido que ele ame sua mulher como Cristo ama a igreja, mas na prática isso pode ser angustiante. É fácil atirar versículos bíblicos por aí como a pedra do estilingue de Davi, esperando derrubar aquele gigante Golias chamado “O Meu Jeito”.
Em um casamento, deve existir tanta submissão e tanto amor! No entanto, quem quer servir, quem quer se sacrificar, quem quer entregar sua vida pelo outro? Quem quer se humilhar para o bem de outro ser humano?
A resposta: Jesus Cristo.
Lembro a primeira vez que me apresentaram a submissão como algo que eu devia praticar a fim de ser obediente e piedosa. Eu lutei com isso, pois não me ensinaram através do evangelho. Tudo o que eu via era uma sujeição. Eu tinha todos os tipos de argumentos para rebater esse assunto; simplesmente ninguém conseguia conversar comigo sobre submissão.
Como conversar sobre submissão com uma pessoa que não entende direito a Trindade e tem uma ideia confusa sobre quem Deus é?
Quem Deus é
Não podemos compreender totalmente a beleza da liderança e da submissão até que tenhamos um entendimento sóbrio de quem Deus é: o verdadeiro Deus, o Deus Triuno… Pai, Filho e Espírito Santo.
Não é sábio iniciar por aquilo que é exigido do homem. Devemos começar por quem Deus é, em seguida o que Ele fez e, então, podemos falar com coerência sobre o que é exigido de nós. São nesses pontos que descobrimos quão importante é que todos nós entendamos a doutrina da trindade.
Não foi um livro sobre “como ser uma esposa melhor” que me levou a praticar uma fiel submissão ao meu marido. Foi o entendimento sobre a pessoa de Cristo e sua obra na cruz. Foi o evangelho moldando cada parte do meu ser.
Romanos 8:29 diz, “Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho”. Se devo ser conforme à imagem de Cristo, eu preciso saber quais são suas características para que, ao permanecer nele e andar no Espírito, eu possa ser o mais próximo da imagem de Cristo nesta vida. Conforme eu me relaciono com outras pessoas, eu preciso saber como Cristo se relaciona dentro da trindade e com os homens.
Uma das coisas que Cristo diz sobre ele mesmo é, “Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração” (Mateus 11:29). Paulo escreve em Filipenses 2:5–8:
“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!”.
Quem é Cristo? Ele é o Deus Filho.
Como ele é? Manso, humilde de coração, igual a Deus, em forma humana.
O que ele fez? Não se apegou à sua igualdade, antes, humilhou-se para ser obediente até à morte de cruz.
A quem ele obedeceu? Deus Pai, a quem ele era e é igual.
Na Prática
Como isso pode me instruir na busca por viver uma vida como a de Cristo?
Kathy Keller diz em The Meaning of Marriage [‘O Sentido do Casamento’]: “Tanto a mulher como o homem têm no casamento a oportunidade de ‘desempenhar o papel de Jesus’— Jesus em sua autoridade sacrificial, Jesus em sua submissão sacrificial”.
Como esposa, vejo nas palavras do apóstolo Paulo o meu papel em relação a Cristo: “Quero, porém, que entendam que o cabeça de todo homem é Cristo, e o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus“. (1 Coríntios 11:3).
Como mulher, eu já tenho um dos papéis de Jesus — o dom sacrificial da submissão ao meu marido. Será que devo “me apegar” ao “papel de Jesus” que é dele? Será que devo tentar trocar o meu papel pelo dele? Com qual finalidade? Se Jesus, sendo igual a Deus, não se apegou à sua igualdade, antes, se submeteu ao plano e vontade do Pai, será que eu, sendo igual ao meu marido, devo “apegar-me” à minha igualdade? Como é possível que assim eu seja transformada à imagem de Cristo?
Para entender o nosso papel, primeiro temos que entender a Trindade. Somente assim, tudo isso fará sentido. Somente assim, veremos que esses papéis não são culturais ou construídos pela sociedade, mas são partes intrínsecas e inerentes à realidade objetiva.